Papa Francisco:
Quem serve exerce a verdadeira autoridade na Igreja
Cidade do
Vaticano (RV) - O serviço e o chamado a seguir Jesus pelo caminho da
humildade e da cruz foram o eixo sobre o qual o Papa Francisco desenvolveu sua
homilia na solene celebração na Praça São Pedro, que elevou à honra dos altares
quatro novos Santos, entre os quais, os pais de Santa Teresa de Lisieux.
Milhares de
fieis, religiosos e religiosas lotaram a Praça São Pedro no domingo em que se
celebra o Dia Mundial das Missões. Os participantes do Sínodo, em andamento no
Vaticano, tomaram parte na celebração. O governo espanhol enviou uma delegação
oficial pela canonização da espanhola Madre Maria da Imaculada Conceição.
A figura
apresentada pelo Profeta Isaías do Servo do Senhor que suporta a marginalização
e o sofrimento até à morte para resgatar e salvar multidões foi o ponto de
partida da reflexão do Santo Padre. Jesus – observou ele - é um
personagem “que não se gaba de genealogias ilustres; mas desprezado, evitado
por todos, sabe o que é sofrer. Não se lhe atribuem empreendimentos grandiosos
nem discursos célebres, mas realiza o plano de Deus através duma presença
humilde e silenciosa, através do seu sofrimento”. Este sofrimento – explicou o
Papa – que lhe permite “compreender os que sofrem, carregar o fardo das culpas
alheias e expiá-las”.
Santa Maria Azelia e Ludovico Martin |
Jesus, é o Servo
do Senhor, “a sua existência e a sua morte foram vividas inteiramente sob a
forma serviço”. Mas Tiago e João, citados na narração de Marcos, “reivindicam
lugares de honra de acordo com a própria visão hierárquica do reino”, ainda
estão inclinados por “sonhos de realização terrena”. E Jesus – disse o Papa –
recorda a eles que deverão beber o mesmo cálice que ele bebe:
“Com esta imagem
do cálice, Ele assegura aos dois discípulos a possibilidade de serem associados
plenamente ao seu destino de sofrimento, mas sem garantir os desejados lugares
de honra. A sua resposta é um convite a segui-Lo pelo caminho do amor e do
serviço, rejeitando a tentação mundana de querer sobressair e mandar nos
outros”.
Os discípulos –
recordou o Papa, referindo-se ao Evangelho do dia - são chamados a servir, a
exemplo de seu Mestre, afastando-se da luta para obter poder e sucesso. Jesus,
ao dizer “quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo”, indica “o
serviço como estilo da autoridade na comunidade cristã”:
“Quem serve os
outros e não goza efetivamente de prestígio, exerce a verdadeira autoridade na
Igreja. Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e passar da ambição do
poder à alegria de se ocultar e servir; desarraigar o instinto de domínio sobre
os outros e exercer a virtude da humildade”.
Após apresentar
aos discípulos o modelo a não ser imitado, Jesus oferece a si mesmo como ideal
de sofrimento: “Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. “Jesus enche de novo sentido
esta imagem – disse o Papa - especificando que Ele tem a soberania enquanto
servo, a glória enquanto capaz de abaixamento, a autoridade real enquanto
disponível ao dom total da vida”:
“Há
incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios
mundanos e o serviço humilde que deveria caracterizar a autoridade segundo o
ensinamento e o exemplo de Jesus; incompatibilidade entre ambições e
carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso,
fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado”.
E pelo contrário
– precisou o Santo Padre – “há compatibilidade entre Jesus, que sabe o que é
sofrer, e o nosso sofrimento”. Jesus, de fato, “exerce essencialmente um
sacerdócio de misericórdia e compaixão”. Por ter experimentado diretamente as
nossas dificuldades, “conhece a partir de dentro a nossa condição humana”. E o
fato de ele não ter experimentado o pecado – explica o Papa – “não o impede de
compreender os pecadores”:
“A sua glória
não é a da ambição ou da sede de domínio, mas a glória de amar os homens,
assumir e compartilhar a sua fraqueza e oferecer-lhes a graça que cura,
acompanhar, com ternura infinita, o seu caminho atribulado”.
Nós todos,
enquanto batizados – prosseguiu o Papa – participamos no sacerdócio de Cristo:
“os fieis leigos no sacerdócio comum, os sacerdotes no sacerdócio ministerial”,
de forma que todos “podemos receber a caridade que brota de seu coração
aberto”, tornando-nos “canais do seu amor, da sua compaixão, especialmente para
aqueles que vivem no sofrimento, na angústia, no desânimo e na solidão”.
O Santo Padre,
então, recorda que os novos Santos “serviram constantemente, com humildade e
caridade extraordinárias, imitando assim o Mestre divino”, citando São Vicente
Grossi, “pároco zeloso, sempre atento às necessidades do seu povo,
especialmente à fragilidade dos jovens” e tornando-se “um bom samaritano para
os mais necessitados”.
Também Santa
Maria da Imaculada Conceição, que “serviu pessoalmente, com grande humildade,
os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos doentes”, e
por fim, os Pais de Santa Teresa de Lisieux:
“Os Santos
esposos Ludovico Martin e Maria Azelia Guérin viveram o serviço cristão na
família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste
clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do
Menino Jesus”.
Que “o
testemunho luminoso destes novos Santos – concluiu o Papa - impele-nos a
perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos” e que “eles, do Céu, velem
sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão”. (JE)
Assista:
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Coragem para dizer não ao ódio e à vingança na Terra Santa
Ao final da celebração que elevou à honra dos altares quatro
novos santos, e antes de recitar a Oração mariana do Angelus, o Papa Francisco
fez um novo apelo pela paz na Terra Santa, pedindo que se diga “um não ao ódio
e à vingança” e se tenha a coragem de "dar passos concretos m
direção à paz”:
Rezemos pela paz |
“Sigo com grande
preocupação a situação de forte tensão e de violência que aflige a Terra Santa.
Neste momento existe a necessidade de muita coragem e muita força de vontade
para dizer não ao ódio e à vingança e realizar gestos de paz. Por isto rezemos,
para que Deus reforce em todos, governantes e cidadãos, a coragem de oporem-se
à violência e de dar passos concretos de distensão. No atual contexto
médio-oriental é mais do que nunca decisivo que se faça a paz na Terra Santa:
isto nos pede Deus e o bem da humanidade”.
Após Francisco
saudou aos fieis, os Cardeais, Bispos, Sacerdotes, consagrados, famílias e
leigos que participaram da celebração para homenagear os novos Santos, em
particular as Delegações oficiais da Itália, Espanha e França. O Papa também se
dirigiu aos fieis das diferentes dioceses de proveniência dos novos santos,
como Lodi e Cremona na Itália, Sevilha na Espanha e Bayeux, Lisieux e Sées, na
França. (JE)
Assista:
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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