Dom Cipollini:
“Laicismo não leva
em conta que o Estado é laico, mas o povo religioso”
Comissão e
peritos preparam subsídio doutrinal sobre laicidade do Estado
A Comissão
Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) está reunida desde a noite desta segunda-feira, dia 23 de janeiro, em
Brasília (DF). O encontro, que segue até quinta-feira, dia 26, também tem a
participação dos peritos – especialistas nos assuntos correspondentes ao
trabalho do grupo de bispos – e deu início à elaboração de subsídios
doutrinais. Um deles aborda a questão da laicidade do Estado.
O bispo de Santo
André (SP) e presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro
Carlos Cipollini, considera a laicidade algo bom, positivo, mas chama atenção
para o chamado “laicismo”. “A diferença é que a laicidade é quando o Estado
assume as suas competências para garantir a liberdade religiosa de todos.
O laicismo é quando o Estado tira da vida pública Deus, quer dizer, não
se fala em Deus, não se fala de religião”, explica o bispo. Dom Cipollini
recorda que nas escolas, no mês de junho, os professores falam das festas
juninas e de seus elementos, mas não podem comentar sobre a figura dos santos
celebrados pela Igreja naquele mês e que dão origem às tradicionais festas tão
comuns no Brasil.
“O laicismo não
leva em conta que o Estado é laico, mas o povo religioso”, adverte o bispo.
Para dom Pedro, a preparação de um subsídio doutrinal sobre a temática deve
reforçar a defesa da presença de Deus na vida do homem.
Projetos
O trabalho da
Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB também envolve outros
projetos e, por conseguinte, a oferta de outros subsídios. Em colaboração com o
grupo de peritos especialistas em Bíblia, como o teólogo e biblista padre Johan
Konings, a Comissão trabalha com a atualização da Bíblia com a tradução da CNBB.
Outro grupo de
peritos atua com a elaboração de um texto chamado “Querigma e reino de Deus”. A
partir de temáticas indicadas pelo episcopado, a Comissão tem pautado suas
reflexões e o trabalho dos peritos. Dom Cipollini conta que o grupo dos bispos
está tratando do ensino da Filosofia e também de outra questão, a qual envolve
exorcismos e as missas de cura e libertação, “o que tudo isso implica, numa
reflexão teológica, que possamos oferecer aos bispos”.
Vivência da Fé
Os subsídios da
Comissão deverão de acordo com a orientação de dom Cipollini, ser acessíveis
tanto para os especialistas, quanto para padres, agentes de Pastoral e fiéis em
geral. “Hoje nós temos uma pluralidade muito grande de religiões, de crenças e
muitas vezes o fiel católico está cheio de interrogações e dúvidas sobre certos
temas da vida do dia-a-dia”, aponta o bispo.
Muitos fiéis,
por exemplo, não compreendem a questão dos exorcismos, do demônio e fatos que
envolvem o problema do mal. “Como diz São Paulo, o mysterium iniquitatis –
o mistério da iniquidade -, acontecem coisas horríveis no dia-a-dia e as
pessoas perguntam se só as ciências explicam isso que aconteceu ou se essa
maldade vai além de tudo isso”, comenta dom Cipollini. “A Comissão, a partir de
tudo isso, tenta lançar uma luz sobre toda essa dificuldade que os nossos fiéis
na nossa Igreja encontram para viver a sua fé, não são respostas prontas, mas
uma reflexão para ajudar a caminhada da fé da nossa Igreja”, resume.
.............................................................................................................................................
Fonte: cnbb.org.br arquidiocese-pa.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário