"Mãos e corações de todos para reconstruir"
Cidade do
Vaticano (RV) – Depois de visitar em outubro passado a localidade de Amatrice,
uma das áreas afetadas pelo sismo no centro de Itália, nesta quinta-feira, 5 de
janeiro, o Papa Francisco recebeu as vítimas e suas famílias no Vaticano.
Sala Paulo VI
lotada, clima de emoção
Participaram do
encontro na Sala Paulo VI cerca de 5.000 pessoas atingidas pelos terremotos
ocorridos de agosto de 2016 a janeiro, no centro da Itália. “A audiência – como
explica o arcebispo de Spoleto-Norcia, Dom Renato Boccardo – foi dedicada
especialmente aos que perderam parentes, casas, terras e segurança econômica:
pessoas que foram de certo modo feridas pelo sismo e carecem de consolo e
esperança”.
Os 800
participantes chegaram ao Vaticano em 14 ônibus, já de manhã cedo. O pároco de
Abbazia di S. Eutizio in Preci, Pe. Luciano Avenati, saudou o Pontífice em
nome de toda a delegação.
“Vítimas do
terremoto no corpo, mas não na alma”, disse o padre, apresentando o grupo. “Não
temos mais casas, mas tivemos muitas reconciliações nos últimos meses. Redescobrimos
ser uma grande família”.
Reconstruir,
mãos e ferida
O discurso
do Papa, feito espontaneamente, teve três palavras-chave: “reconstruir”, não só
as casas, mas também os corações; “mãos”, como as que removeram os escombros e
as que, como as de Deus, que reconstroem; e “feridas”, que se curam, mas que
deixam cicatrizes.
Moradores das áreas dos terremotos recebidos pelo Pontífice |
“Na situação de
vocês, o pior que eu poderia fazer é um sermão!”, começou Francisco, explicando
sua decisão de não proferir o discurso preparado para o encontro. Ao contrário,
preferiu comentar as palavras mencionadas nos testemunhos que acabara de ouvir,
detendo-se especialmente no termo “ferida”.
“Cada um sofreu
alguma coisa, alguns perderam tanto: casa, filhos, pais... O silêncio, o
carinho e a ternura do coração nos ajudam a não ferir e fazem milagres na hora
da dor!”, disse o Pontífice, lembrando o discurso feito pelo pároco.
“Houve
reconciliações, foram deixados de lado rancores e nos reencontramos juntos,
numa nova situação... com beijos, abraços e ajuda recíproca... e também com o pranto.
Chorar só faz bem; nos expressamos diante de nós e de Deus, mas chorar juntos é
melhor. E nós choramos juntos. Estas coisas me vieram no coração quando li e
ouvi os seus testemunhos”, revelou o Papa.
O agradecimento
e o reconhecimento pelo bom exemplo
Em seguida,
Francisco se dirigiu aos presentes afirmando: “Vocês sabem que eu lhes sou
próximo. Quando soube do que tinha acontecido naquela manhã, (24 de agosto) e
recém-acordado, encontrei um bilhete que me informava dos dois tremores, eu
senti duas coisas: a primeira foi ‘tenho que ir lá’ e a segunda foi ‘a dor’.
Senti dor, muita dor, e com este sentimento, fui celebrar a missa da manhã.
Obrigado por sua presença aqui hoje e em algumas audiências nos últimos meses.
Obrigado por tudo o que fizeram com o seu exemplo para construir, reconstruir
os corações, as casas e o tecido social
Papa batizará
bebês das áreas do terremoto
No próximo dia
14 de janeiro, o Papa Francisco batizará oito bebês nascidos em Amatrice e
Accumoli, cidades do centro da Itália devastadas pelo terremoto de 24 de
agosto.
O anúncio foi
feito por Dom Domenico Pompili, bispo de Rieti, diocese em que se encontram os
dois municípios. A cerimônia será à tarde, na Casa Santa Marta, residência do
Pontífice no Vaticano. A ideia amadureceu durante a visita do Papa a Amatrice,
em 4 de outubro passado. Enquanto cumprimentava a população, uma senhora lhe
apresentou o seu bebê para ser abençoado e disse que seu maior sonho era que o
Papa o batizasse. (cm)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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