Movemo-nos na chamada "sociedade líquida"
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu na tarde deste sábado, 21 de janeiro,
na Basílica São João de Latrão, a Solene Celebração Eucarística de conclusão do
Jubileu dos 800 anos de fundação da Ordem dos Pregadores (dominicanos). De
fato, em 21 de janeiro de 1217, São Domingos de Gusmão recebeu do Papa Honório
III a Bula Gratiarum Largitori Omnium, na qual, pela primeira vez, se fala
de “Ordem dos Pregadores”. Precisamente o aniversário deste documento papal foi
escolhido como data para a conclusão do Jubileu Dominicano.
Basílica de São João de Latrão |
É interessante
ver como, já então, dois mil anos atrás, os apóstolos do Evangelho se
encontrassem diante deste cenário, que nos dias de hoje se desenvolveu e
globalizou por causa da sedução do relativismo subjetivista.
Sociedade
líquida
“A tendência à
busca de novidade, própria do ser humano encontra o ambiente perfeito na
sociedade do aparecer, no consumo, na qual muitas vezes se reciclam coisas
velhas, mas o importante é fazê-las aparecer como novas, atraentes, cativantes.
Também a verdade é manipulada, disse Francisco acrescentando: “nós nos movemos
na chamada "sociedade líquida", sem pontos fixos, desequilibrada, sem
referências sólidas e estáveis; na cultura do efêmero, do usa e joga fora”.
"Carnaval"
mundano
Diante deste
"carnaval" mundano destaca-se nitidamente o cenário oposto, que
encontramos nas palavras de Jesus que acabamos de ouvir:
"glorifiquem a vosso Pai que está nos céus". E como ocorre essa
passagem da superficialidade pseudo-festiva à glorificação?, pergunta-se o
Papa. “Ocorre graças às boas obras daqueles que, tornando-se discípulos
de Jesus, tornaram-se "sal" e "luz".
Francisco
afirmou em seguida que em meio ao "carnaval" de ontem e de hoje, esta
é a resposta de Jesus e da Igreja, este é o apoio sólido em meio ao ambiente
"líquido": as boas obras que podemos realizar graças a Cristo e ao
seu Santo Espírito, e que fazem nascer no coração a ação de graças a Deus Pai,
o louvor. E a pergunta: "por quê?", "por que aquela pessoa se
comporta dessa maneira?": a inquietude do mundo diante do testemunho do
Evangelho.
É preciso que o
sal não perca o sabor
Mas para que
ocorra este "abalo" é preciso que o sal não perca o sabor e a luz não
se esconda. Jesus diz muito claramente: se o sal perde o seu sabor não serve
para mais nada. Ai do sal que perde o seu sabor! Ai de uma Igreja que perde o
sabor! Ai de um padre, de um consagrado, de uma congregação que perde o sabor!
Francisco
concluiu: “hoje damos glória ao Pai pela obra que São Domingos, cheio da luz e
sal de Cristo, realizou oitocentos anos atrás; uma obra a serviço do Evangelho,
pregado com a palavra e com a vida; uma obra que, com a graça do Espírito
Santo, fez com que muitos homens e mulheres fossem ajudados a não se perderem
no meio do "carnaval" da curiosidade mundana, mas, ao invés sentissem
o sabor da sã doutrina, o sabor do Evangelho, e se tornassem, por sua vez, luz
e sal, artesãos de boas obras ... e verdadeiros irmãos e irmãs que glorificam a
Deus e ensinam a glorificar a Deus com as boas obras da vida”. (SP)
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Francisco:
Igreja deve amparar quem tem a "coragem" de se casar
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco inaugurou na manhã deste sábado (21/01), na
Sala Clementina, o Ano judiciário do Tribunal Apostólico da Rota Romana.
Em seu discurso,
o Pontífice falou da relação entre fé e matrimônio no contexto atual, que ele
define carente de valores religiosos e que, portanto, condiciona
também o consenso matrimonial.
Francisco com casal recém-casado |
Diante desta
situação, o Pontífice pede que a Igreja encontre “remédios válidos” contra
o multiplicar-se de celebrações matrimoniais nulas ou inconsistentes. Francisco
propõe dois remédios: o primeiro deles é a “formação dos jovens” mediante um
caminho adequado de preparação para redescobrir o matrimônio e a família. Um
caminho que deve envolver o pároco e toda a comunidade, pois é uma “ocasião
extraordinária” de missão e evangelização. É neste momento da vida, afirma o
Papa, que os esposos estão disponíveis a rever e a mudar a orientação
existencial.
Para isso,
afirma, são necessárias pessoas com competência específica e preparadas de modo
adequado para este serviço. “Neste espírito, reitero a necessidade de um ‘novo
catecumenato’ em preparação ao matrimônio”. Para Francisco, este pode ser um
“antídoto” contra a falência dos casamentos.
O segundo “remédio”
indicado pelo Papa é ajudar os recém-casados a prosseguirem o caminho na fé e
na Igreja inclusive depois da celebração do matrimônio. “É necessário
identificar, com coragem e criatividade, um projeto de formação para os
esposos, com iniciativas voltadas a uma crescente consciência do sacramento
recebido. Trata-se de encorajá-los a considerar os vários aspectos de sua vida
de casal, que é sinal e instrumento do amor de Deus”, apontou o Papa.
Mais uma vez, a
comunidade paroquial é chamada em causa para amparar o casal depois do
nascimento dos filhos e na obra educativa, para que não se sintam isolados.
“Esses dois
remédios que indiquei são finalizados a favorecer um contexto de fé idôneo no
qual celebrar e viver o matrimônio”, não obstante as insídias destruidoras da
cultura dominante do efêmero e do provisório.
“Como disse
várias vezes” – concluiu o Papa –, “é preciso coragem para se casar no tempo em
que vivemos. E os que têm a força e a alegria de realizar este passo importante
devem sentir a seu lado o afeto e a proximidade concreta da Igreja. Com este
auspício, renovo os votos de bom trabalho para o novo ano que o Senhor nos
doa”.
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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