íntegra das perguntas e respostas
Cidade do
Vaticano (RV) – Armênia, Bento XVI, Lutero, Reino Unido, homossexuais e
mulheres diaconisas: estes foram alguns dos temas que fizeram parte da coletiva
de imprensa que o Papa Francisco concedeu no voo que o trouxe de volta ao
Vaticano, depois de três dias de viagem à Armênia.
***
Armênia
Arthur
Grygorian, televisão pública armênia: (Em inglês)
Santo Padre, todos sabem que o senhor tem amigos armênios. Já mantinha contato
com as comunidades armênias na Argentina. No decorrer dos últimos três dias, o
Senhor – por assim dizer – chegou a tocar o espírito armênio. Quais são os seus
sentimentos, as suas impressões, e qual é a mensagem para o futuro, as suas
orações para nós armênios?
Papa Francisco: Bem,
pensemos no futuro e depois voltamos ao passado. Eu desejo a este povo a
justiça e a paz. E rezo por isto, porque é um povo corajoso. E rezo para que
encontre a justiça e a paz. Eu sei que tantos trabalham para isto e eu também
fiquei muito contente, na semana passada, quando vi uma fotografia do
presidente Putin com os presidentes armênio e azerbaidjano: ao menos conversam.
E também com a
Turquia: o presidente da República [Armênia] no seu discurso de boas-vindas
falou claro. Teve coragem de dizer “entremos em consenso, perdoemo-nos e
olhemos ao futuro”. Mas esta é uma grande coragem! Um povo que sofreu tanto,
não? O ícone do povo armênio – e isso me veio hoje enquanto rezava um pouco –
uma vida de pedra e uma ternura de mãe.
Carregou cruzes,
mas cruzes de pedra – também se veem, eh? – mas não perdeu a ternura, a arte, a
música, aqueles quartos tons tão difíceis de entender, e com grande genialidade...
Um povo que
sofreu tanto na sua história, e somente a fé, a fé o manteve de pé. Porque, o
fato que tenha sido a primeira nação cristã, isto não é suficiente: foi a
primeira nação cristã porque o Senhor a abençoou, porque teve santos, teve bispos
santos, mártires...
E por isso criou
na resistência aquela pele de pedra – digamos assim – mas não perdeu a ternura
de um coração materno; e a Armênia é também mãe. Esta é a segunda pergunta. E
vamos à primeira, agora.
Sim, eu tinha
tanto contato com os armênios; ia com frequência com eles à Missa, tantos
amigos armênios, até mesmo algo que não gosto de fazer por repouso, mas ia
jantar com eles, e vocês fazem jantares pesados, eh? Mas muito amigo, não?
Muito amigo seja
do arcebispo Kissag Mouradian, da Apostólica, e Boghossian, o católico. Mas
entre vocês a “Armenidade” é mais importante do que pertencer à Igreja
apostólica ou à Igreja católica, e isso eu entendi naqueles tempos. Hoje me
saudou um argentino de família armênia que, quando eu ia à Missa, o arcebispo
sempre o fazia sentar ao meu lado para que me explicasse algumas cerimônias ou
algumas palavras que eu não entendia.
Próxima viagem
Jeanine Paloulian, “Nouvelles d’Armenie”: (Em francês)
Obrigado, Santo Padre. Ontem à noite, no encontro ecumênico de oração, o senhor
pediu aos jovens para serem artífices da reconciliação com a Turquia e com o
Azerbaidjão. Gostaria simplesmente de perguntar – dado que em poucas semanas o
senhor irá ao Azerbaidjão – o que o Senhor, o que a Santa Sé, podem fazer concretamente
para nos ajudar, para nos ajudar a proceder. Quais são os sinais concretos. O
senhor fez alguns na Armênia: quais são os sinais que o senhor dará, amanhã, no
Azerbaidjão?
Francisco e Pe. Lombardi |
"Genocídio"
Jean-Louis de
la Vaissière, France Presse: Santo Padre,
antes de tudo gostaria de agradecê-lo, de minha parte e da parte de Sébastien Maillard de
“La Croix”: nós deixaremos Roma e gostaríamos de coração de agradecer por
este sopro de primavera que sopra sobre a Igreja. Então, temos uma pergunta:
porque o senhor decidiu acrescentar abertamente a palavra genocídio no seu
discurso no Palácio presidencial? Sobre um tema doloroso como este, pensa que
seja útil para a paz nesta região complicada?
Papa Francisco:
Obrigado. Na Argentina, quando se falava do extermínio armênio, sempre se usava
a palavra genocídio. Eu não conhecia outra. E na catedral de Buenos Aires, no
terceiro altar à esquerda, colocamos uma cruz de pedra recordando “o genocídio
armênio”. Veio o arcebispo – os dois arcebispos armênios, o católico e o
apostólico, e a inauguraram...
Além disso, o
arcebispo apostólico na igreja católica de São Bartolomeu, uma outra, fez um
altar em memória de São Bartolomeu... Mas sempre, eu não conhecia uma outra palavra.
Eu venho com esta palavra. Quando chego a Roma, escuto uma outra palavra, “O
Grande Mal” ou “a tragédia terrível”, mas em armênio, que não sei dizer. E me
dizem que não, que aquela é ofensiva, aquela do “genocídio”, que se deve dizer
esta.
Eu sempre falei
dos três genocídios do século passado: sempre, três. O primeiro, o armênio,
depois aquele de Hitler e o último, Stalin. Os três. Existem outros
menores, há um outro na África [Ruanda]. Mas na órbita das duas grandes
guerras, são estes três. E perguntei por que. Disse: “Mas, alguns dizem que não
é verdade, que não houve genocídio”; um outro me dizia, um advogado me disse
isso, que me interessou muito: “A palavra genocídio é uma palavra técnica, é
uma palavra que tem uma tecnicidade, que não é sinônimo de extermínio. Pode-se
dizer extermínio, mas declarar um genocídio comporta ações de reparação e
coisas...”. Isto um advogado me disse.
No ano passado,
quando preparava o discurso, vi que São João Paulo II usou esta palavra: usou
ambas, “O Grande Mal” e genocídio. E eu o citei entre aspas. E não caiu bem, o
governo turco emitiu uma declaração, a Turquia em poucos dias chamou o
embaixador a Ancara – que é um bom homem, um embaixador de luxo, nos enviou a
Turquia! – e voltou dois, três meses depois. Um jejum “embaixatorial” [ri],
mas tem o direito: o direito a protestar todos nós temos, não? E neste
discurso, no início não havia a palavra: isso é verdade, eh? Respondo porque
acrescentei: depois de ter escutado o tom do discurso do presidente, e também
com o meu passado com esta palavra, e ter dito esta palavra ano passado em São
Pedro, publicamente, teria soado estranho não dizer o mesmo, ao menos.
Mas eu queria
destacar uma outra coisa, e creio – se não erro – que disse: “Neste genocídio,
como nos outros dois, as grandes potências internacionais olhavam para o outro
lado”. E esta foi a acusação. Na Segunda Guerra Mundial, algumas potências
tinham as fotografias das ferrovias que levavam a Auschwitz: teriam tido a
possibilidade de bombardear, e não o fizeram. Um exemplo: no contexto da
Primeira Guerra, quando houve o problema dos armênios, e no contexto da Segunda
Guerra, quando houve o problema de Hitler e Stalin e depois Yalta,
os campos de concentração e tudo aquilo, ninguém fala?
Deve-se
sublinhar isso, e fazer a pergunta histórica: porque não fizeram isso? Vocês,
potências – não acuso, faço uma pergunta... É curioso: se olhava, sim, à
guerra, a tantas coisas, mas aquele povo... E não sei se é verdade, mas eu
gostaria de ver se é verdade, que quando Hitler perseguia os judeus, uma das
coisas que ele teria dito é: “Mas quem se lembra hoje dos armênios? Façamos o
mesmo com os judeus!”. Não sei se é verdade, talvez seja uma fofoca, mas eu
ouvi dizer isto. Os historiadores pesquisem e vejam se é verdade. Acredito que
respondo. Mas esta palavra eu nunca a disse com ânimo ofensivo, e sim
objetivamente.
Dois Papas?
Elisabetta Piqué,
La Nación: (Em espanhol)
Parabéns, antes de tudo, pela viagem. Gostaria de perguntar: sabemos que o
senhor é o Papa, mas que há também o Papa Bento, o Papa emérito. Ultimamente
houve vozes, uma declaração do Prefeito da Casa Pontifícia, Mons. Georg
Gänswein, que teria dito que existiria um Ministério Petrino compartilhado – se
não me equivoco – com um Papa ativo e um outro contemplativo. Existem dois
Papas?
Papa Francisco: (Em
espanhol) Havia uma época na Igreja em que havia três! Em um tempo, na Igreja,
havia três! [ri]. Eu não li aquela declaração porque não tive tempo, estas
coisas... Bento é o Papa emérito. Ele disse claramente, naquele 11 de
fevereiro, que renunciaria a partir de 28 de fevereiro, que sairia para ajudar
a Igreja com a oração. E Bento está no monastério, rezando. Fui visit-lo muitas
vezes, ou por telefone... Outro dia me escreveu uma carta, ainda assina com
aquela sua assinatura, desejando-me uma boa viagem...
Francisco fala aos jornalistas |
Além disso, ouvi
dizer, mas não sei se é verdade isso, eh? – sublinho: ouvi dizer, talvez
serão fofocas, mas vão bem com o seu caráter, que alguns foram lá se lamentar
porque este novo Papa... e os expulsou, eh? Com o melhor estilo bávaro:
educado, mas os expulsou. Se não é verdade, é bem-vindo, porque este homem é
assim: um homem de palavra, um homem reto, reto, reto, eh?, o Papa emérito.
Não sei se se
recorda, que eu agradeci publicamente – não sei quando, mas acredito que em um
voo – Bento por ter aberto a porta aos Papas eméritos. Mas, 70 anos atrás os
bispos eméritos não existiam; hoje existem. Com este prolongar-se da vida, mas
é possível manter uma Igreja a uma certa idade com achaques ou não? E ele, com
coragem – com coragem! – e com oração, e também com ciência, com teologia,
decidiu de abrir esta porta. E acredito que isto seja bom para a Igreja. Mas há
somente um Papa. O outro... ou talvez serão como os bispos eméritos: não digo
tantos, mas talvez poderão ser dois ou três... serão eméritos.
Foram [Papa],
[agora] são eméritos. Depois de amanhã, celebra-se o aniversário de 65 anos de
sua ordenação episcopal. Perdão, sacerdotal. Estará presente seu irmão Jorge,
porque eles foram ordenados juntos. Acontecerá um pequeno ato, ali, com os
chefes dos dicastérios e poucas pessoas, porque ele prefere uma coisa...
aceitou muito modestamente, e também estarei lá. Direi algo a este grande homem
de oração, de coragem que é o Papa emérito, não o segundo Papa, que é fiel à
sua palavra e que é um homem de Deus. É muito inteligente, e para mim é o avô
sábio em casa.
Ortodoxos
Alexej Bukalov –
Itar-Tass: A minha pergunta
sai um pouco deste argumento: eu sei que o Senhor encorajou muito este Concílio
Pan-ortodoxo, até mesmo no encontro com o Patriarca Kirill em Cuba foi
mencionado como auspício. Agora, que o Senhor pensa deste fórum?
Papa Francisco: Um
juízo positivo! Foi feito um passo avante: não 100%, mas um passo avante. As
coisas que justificaram – entre aspas – são sinceras para eles, são coisas que
com o tempo podem ser resolvidas. Esses quatro que não participaram queriam
fazê-lo mais para frente. Mas creio que o primeiro passo se faz como se pode.
Como as crianças, quando dão o primeiro passo, fazem como podem: os primeiros como
os gatos, e depois os primeiros passos.
Eu estou feliz.
Falaram de tantas coisas. Creio que o resultado seja positivo. Somente o fato
de que essas Igrejas autocéfalas tenham se reunido, em nome da ortodoxia, para
olhar-se face a face, para rezar juntos e falar e talvez fazer algum
comentário, isso é muito positivo. Eu agradeço ao Senhor. No próximo serão mais
numerosos. Abençoado seja o Senhor!
Brexit
Edward Pentin –
National Catholic Register: Santo Padre,
como João Paulo II, o senhor parece ser um encorajador da União Europeia:
elogiou o projeto europeu quando recentemente venceu o Prêmio Carlos Magno. O
Senhor está preocupado com o fato de que Brexit pode levar à desintegração da
Europa e eventualmente à guerra?
Papa Francisco: A
guerra já existe na Europa! Há ainda uma atmosfera de divisão e não somente na
Europa, mas nos próprios países. Lembre-se da Catalunha, a Escócia no ano
passado.... Essas divisões não digo que sejam perigosas, mas devemos estudá-las
bem e antes de fazer um passo avante por uma divisão, falar bem entre nós e
buscar soluções viáveis.
Papa responde a todas as perguntas |
A emancipação é
mais compreensível, porque há por trás uma cultura, um modo de pensar. Ao
invés, a secessão de um país – ainda não estou falando do Brexit – e
pensemos na Escócia, é algo que deu o nome – e isso o digo sem ofender, usando
aquela palavra que os políticos usam – de “balcanização”, sem falar dos Bálcãs,
eh! É um pouco uma secessão, não é emancipação e por trás há histórias,
culturas, mal-entendidos; mesmo tanta boa vontade em outros. É preciso ter isso
bem claro.
Para mim, a
unidade é sempre superior ao conflito: sempre! Mas existem várias maneiras de
unidade e também de fraternidade – e aqui chego na União Europeia – é melhor do
que a inimizade ou das distâncias. Das distâncias – digamos – é melhor a
fraternidade. E as pontes são melhores do que os muros. Tudo isso deve nos
fazer refletir.
Um país é
verdadeiro: “Mas eu estou na União Europeia, quero ter certas coisas que são
minhas, da minha cultura” e o passo – e aqui me refiro ao Prêmio Carlos Magno –
que deve dar a União Europeia para reencontrar a força que teve nas suas raízes
é um passo de criatividade e também de “desunião saudável”: isto é, dar mais
independência, dar mais liberdade aos países da União.
Pensar outra
forma de união: ser criativos. E criativos nos locais de trabalho, na economia.
Há uma economia líquida hoje na Europa que faz – por exemplo na Itália – com
que a juventude abaixo dos 25 anos não tenha emprego: 40%! Tem alguma coisa que
não funciona naquela União maciça, mas não joguemos a criança com a água suja
pela janela...
Procuremos
resgatar as coisas e recriar, porque a re-criação das coisas humanas –
inclusive da nossa personalidade – é um percurso e sempre deve ser feito. Um
adolescente não é o mesmo que uma pessoa adulta ou um idoso: é o mesmo,
mas não é o mesmo, se re-cria continuamente. E isso lhe dá vida e vontade de
viver e dá fecundidade. E destaco isso: hoje, a palavra, as duas palavras-chave
para a União Europeia são criatividade e fecundidade. É o desafio. Não sei, penso
assim.
A Reforma
Tilmann
Kleinjung – Adr: O Senhor hoje
falou dos dons compartilhados pelas Igrejas, juntas. O Senhor irá – daqui
quatro meses – a Lund para comemorar os 500 anos da Reforma. Penso talvez que
este seja o momento certo, também para não recordar somente as feridas de ambas
as partes, mas também reconhecer os dons da Reforma e talvez também – e esta é
uma pergunta herética – para anular ou retirar a excomunhão de Martin Lutero ou
de alguma reabilitação.
Papa Francisco: Creio
que as intenções de Martin Lutero não estivessem erradas: era um
reformador, talvez alguns métodos não fossem certos, mas naquele tempo, se
lermos a história do Pastor, por exemplo, – um alemão luterano que depois se
converteu quando viu a realidade daquele tempo e se fez católico – vemos que a
Igreja não era propriamente um modelo a imitar: havia corrupção na Igreja,
havia mundanidade, havia apego ao dinheiro e ao poder. E por isso ele
protestou. Depois era inteligente e fez um passo avante justificando o porquê
fazia isso. E hoje luteranos e católicos, protestantes e todos, estamos de
acordo sobre a doutrina da justificação: sobre este ponto tão importante ele
não errou.
Hoje, o diálogo
é muito bom e aquele documento sobre a justificação acredito que seja um dos
documentos ecumênicos mais ricos, mais ricos e mais profundos, não? É de
acordo. Existem divisões, mas dependem também das Igrejas. Em Buenos Aires,
havia duas igrejas luteranas: uma pensava de um modo e a outra de outro modo,
mesmo na própria Igreja luterana não há unidade. Respeitam-se, se amam…
A diversidade é
aquilo que talvez nos tenha feito tanto mal a todos e hoje buscamos retomar o
caminho para nos encontrar depois de 500 anos. Eu acredito que devemos rezar
juntos: rezar! Por isso a oração é importante. Segundo: trabalhar pelos pobres,
pelos perseguidos, por tantas pessoas que sofrem, pelos refugiados. Trabalhar
juntos e rezar juntos. E que os teólogos estudem juntos, buscando… Mas este é
um caminho longo, longuíssimo.
Uma vez, disse
brincando: “Eu sei quando será o dia da plena unidade” – “Qual?” – “Um dia
depois da vindo do Filho do Homem! Porque não se sabe… O Espírito Santo fará
esta graça. Mas enquanto isso rezar, nos amar e trabalhar juntos, sobretudo
pelos pobres, pelas pessoas que sofrem, pela paz e tantas outras coisas, não?
Contra a exploração das pessoas... Tantas coisas pelas quais se está
trabalhando conjuntamente.
Mulheres
diaconisas
Cècile
Chambraud, "Le Monde": (Em espanhol)
Santo Padre, há algumas semanas, o senhor falou de uma Comissão para refletir
sobre o tema das mulheres diaconisas. Gostaria de saber se esta Comissão já
existe e quais serão as questões sobre as quais refletirá? Enfim, por vezes,
uma Comissão serve para se esquecer dos problemas: eu gostaria de saber se este
é o caso?
Papa
Francisco: Havia um presidente da Argentina que dizia e aconselhava os
presidentes de outros países: “Quando você quer que algo não se resolva, crie
uma comissão”. O primeiro a ser surpreendido por esta notícia fui eu, porque o
diálogo com as religiosas, que foi gravado e, em seguida, publicado no
“L'Osservatore Romano” era outra coisa, nesta linha, mas ... “Ouvimos dizer que
nos primeiros séculos havia diaconisas. Se poderia estudar sobre isso? Fazer
uma Comissão?”. Nada mais ela pediram: foram educadas e não apenas educadas,
mas também as amantes da Igreja. Mulheres consagradas. Eu disse que conhecia um
sírio, um teólogo sírio que morreu, aquele que fez a edição crítica de Santo
Éfrem em italiano. Uma vez, falando de diaconisas – quando eu vinha, eu me
hospedava na Rua della Scrofa e ele morava ali – no café da manhã, ele me
disse: “Sim, mas não se sabe bem o que eram, se elas tinham a ordenação”.
Certamente,
havia estas mulheres que ajudaram o bispo e ajudaram em três coisas: a
primeira, no Batismo de mulheres, porque há o Batismo por imersão; a segunda,
nas unções pré e pós-batismal das mulheres; e o terceiro – isto faz-me rir –
quando havia uma esposa, que ia até o bispo para reclamar porque o marido lhe
batia: o bispo chamava uma dessas diaconisas, que viam o corpo da mulher para
encontrar contusões que provassem essas coisas.
Eu disse isso,
sim: “Mas se pode estudar? Sim, eu vou dizer à Doutrina da Fé que faça esta
Comissão”. No dia seguinte: “A Igreja abre as portas às diaconisas”. Realmente?
Eu fiquei um pouco irritado com a mídia, porque isso não é dizer a verdade das
coisas às pessoas. Falei com o Prefeito da Doutrina da Fé, que me disse: “Olha,
há um estudo que fez a Comissão Teológica Internacional na década de 1980.
Depois eu falei com o presidente e eu lhe disse: “Por favor, faça-me uma lista
de pessoas que o senhor acredita possam fazer parte desta Comissão”. E ele me
enviou a lista, também o prefeito me enviou a lista e agora elas estão ali na
minha mesa, para fazer esta Comissão.
Acredito que se
estudou muito sobre o assunto na década de 1980 e não vai ser difícil esclarecer
este tema. Mas há algo mais: um ano e meio atrás, eu fiz uma comissão de
mulheres teólogas que trabalharam com o Cardeal Rylko, e fizeram um bom
trabalho, porque é muito importante o pensamento da mulher.
Para mim, a
função da mulher não é tão importante quanto o pensamento da mulher: a mulher
pensa de outra maneira em relação a nós, os homens. E não se pode tomar uma
decisão boa e justa sem ouvir as mulheres. Às vezes, em Buenos Aires, eu fazia
uma consulta com os meus consultores e os ouvia sobre um tema: em seguida,
chamava algumas mulheres e elas viam as coisas sob uma luz diferente e isso
enriquecia tanto, tanto.
E depois a
decisão era muito, muito, muito fecunda, muito boa. Eu tenho que encontrar
essas mulheres teólogas, que fizeram um bom trabalho, que no entanto foi
interrompido: por quê? Porque o dicastério para os leigos muda agora. Será
feito, e eu espero um pouco que se faça para continuar este segundo trabalho,
sobre as diaconisas. Outra coisa: as mulheres teólogas – é isto eu gostaria de enfatizar
– é mais importante o modo de entender, de pensar, de ver coisas das mulheres,
do que a funcionalidade da mulher. E repito sempre: a Igreja é mulher... e não
é uma mulher solteirona, é uma mulher casada com o Filho de Deus, o seu Esposo
é Jesus Cristo. Pense sobre isso e depois me diga o que você pensa...
Gays
Cindy Wooden,
"CNS": Obrigada
Santidade. Nos últimos dias, o Cardeal alemão Marx, falando durante uma grande
conferência muito importante em Dublin, sobre a Igreja no mundo moderno, disse
que a Igreja Católica deve pedir desculpas à comunidade gay por ter
marginalizado essas pessoas. Nos dias seguintes ao massacre de Orlando, muitos
disseram que a Comunidade cristã tem algo a ver com este ódio contra essas
pessoas: o que o senhor acha disso?
Papa Francisco: Vou
repetir o mesmo que eu disse na primeira viagem e repito também o que diz o
Catecismo da Igreja Católica: que não devem ser discriminados, que devem ser
respeitados, acompanhados pastoralmente. Se podem condenar, não por razões
ideológicas, mas por motivos – digamos – de comportamento político, certas
manifestações um pouco muito ofensivas para os outros. Mas essas coisas não têm
nada a ver com o problema: se o problema for uma pessoa que tem essa condição,
que tem boa vontade e que busca Deus, quem somos nós para julgá-la?
Devemos
acompanhar bem, de acordo com o que diz o Catecismo. O Catecismo é claro!
Depois, há tradições em alguns países, em algumas culturas que têm uma
mentalidade diferente sobre este problema. Eu creio que a Igreja não só deve
pedir desculpas – como disse aquele cardeal "marxista" ... [risos] –
a essa pessoa que é gay, que ofendeu, mas também deve pedir desculpas aos
pobres, às mulheres e às crianças exploradas no trabalho; deve pedir desculpas
por ter abençoado tantas armas.
A Igreja deve
pedir desculpas por não ter se comportado tantas e tantas vezes – e quando digo
"Igreja" entendo os cristãos; a Igreja é santa, os pecadores somos
nós! – os cristãos devem pedir desculpas por ter acompanhado tantas escolhas,
tantas famílias.
Lembro-me quando
era criança da cultura de Buenos Aires, a cultura católica fechada: Eu venho de
lá... em uma família divorciada não se podia entrar na casa: eu estou falando
cerca de 80 anos atrás. A cultura mudou e graças a Deus, como cristãos, devemos
pedir tantas desculpas, não só sobre isso: o perdão e não apenas desculpas!
“Perdão Senhor”!, é uma palavra que nos esquecemos. Agora eu sou um pastor e
faço o sermão... Não, isso é verdade! Muitas vezes o "padre patrão" e
não o "padre pai": o padre que bate e não o padre que abraça, perdoa,
consola. Mas há muitos, muitos capelães de hospitais, capelães de prisioneiros:
tantos santos, hein! Mas esses não são vistos, porque a santidade é
"pudorosa" [tem pudor], está escondida.
Em vez disso, é
um pouco sem vergonha a falta de pudor: é flagrante e se faz ver. Muitas
organizações com pessoas boas e não tão boas: ou pessoas às quais você dá uma
"bolsa" um pouco grande e olha para o outro lado, como as potências
internacionais com os três genocídios.
Também nós,
cristãos – sacerdotes, bispos – fizemos isso: mas nós cristãos temos também uma
Teresa de Calcutá e muitas Teresas de Calcutá; temos muitas irmãs na África,
muitos leigos, muitos matrimônios santos. O trigo e o joio; o trigo e
o joio... não devemos nos escandalizar de sermos assim. Devemos rezar para que
o Senhor possa fazer que esse joio acabe e que haja mais trigo. Mas esta é a
vida da Igreja. Não se pode colocar um limite. Todos nós somos santos, porque
todos nós temos o Espírito Santo dentro, mas somos – todos nós – pecadores. Eu
por primeiro. De acordo? Obrigado. Eu não sei se respondi... Não só desculpa,
mas perdão!
Jornada Mundial
da Juventude na Polônia
Papa e Pe. Lombardi |
Papa
Francisco: Dois anos atrás, em Redipuglia eu fiz o mesmo para
comemorar o centenário da Grande Guerra. Em Redipuglia fui em
silêncio. Em seguida, houve a missa e na Missa eu fiz a homilia, mas era outra
coisa... O silêncio... Eu gostaria de ir naquele lugar de horror sem discursos,
sem pessoas, apenas as poucas necessárias... mas os jornalistas com certeza
estarão... Mas sem cumprimentar este, aquele... não, não! Sozinho. Entrar,
rezar e que o Senhor me dê a graça de chorar... (RB-BF-SP)
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Reveja os principais momentos do Papa na Armênia
Cidade do
Vaticano (RV) – A redação brasileira transmitiu ao vivo, também pelo YouTube,
os principais eventos da Viagem Apostólica do Papa Francisco à Armênia, de 24 a
26 de junho.
Em nosso canal VaticanBR está
publicada a playlist com
todas as 11 transmissões especiais, das quais 5 foram transmitidas em
português.
Karekin II e Francisco soltam duas pombas em sinal de paz |
Reveja:
Sexta-feira, 24
de junho:
Visita à Catedral Apostólica (8h25 Brasília)
Visita ao Presidente e Encontro com as Autoridades (11h
Brasília)
Sábado, 25 de
junho:
Visita ao Memorial de Tzitzernakaberd (2h Brasília)
Santa
Missa em Gyumri (4h Brasília)
Encontro Ecumênico e Oração pela Paz (12h Brasília)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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