Aceitar sofrimento e limitação para compreender a vida
Cidade do
Vaticano (RV) – O Jubileu dos Enfermos e das Pessoas Portadoras de Necessidades
Especiais terminou neste domingo, (12/06), com a Missa presidida pelo Papa
Francisco na Praça São Pedro.
Em sua homilia, Francisco recordou que, todos nós, “mais
cedo ou mais tarde somos chamados a encarar e, às vezes, a lutar contra as
fragilidades e as doenças, nossas e alheias”, para descobrir o verdadeiro
sentido da vida.
E alertou:
“Diante disso,
em nosso íntimo, pode algumas vezes sobrevir uma atitude cínica, como se fosse
possível resolver tudo suportando ou contando apenas com as próprias forças”.
Olhar para
dentro e despertar
Confiamos nos
avanços da ciência com a certeza de que, em algum lugar, haverá um remédio. Se
houvesse, todavia, estaria acessível a poucos. E a natureza humana – recordou o
Papa – “ferida pelo pecado”, é em si mesma cheia de limitações.
Portanto, somos
todos insuficientes em algum ponto, mesmo que não estejamos doentes ou sejamos
portadores de necessidades especiais. E, mesmo assim, somos capazes de
“segregar” o nosso semelhante.
Neste ponto,
Francisco destacou que hoje é tido como improvável a possibilidade dos doentes
ou pessoas especiais serem felizes, uma vez que não se inserem no “estilo de
vida imposto pela cultura do prazer e da diversão”.
Falso bem-estar
“Em um tempo
como o nosso, em que o cuidado do corpo se tornou um mito de massa e,
consequentemente, um negócio, aquilo que é imperfeito deve ser ocultado, porque
atenta contra a felicidade e a serenidade dos privilegiados e põe em crise o
modelo dominante”.
Entrada do Papa na Praça São Pedro |
Neste contexto –
prosseguiu o Pontífice – seria melhor manter tais pessoas segregadas em um
“recinto” qualquer – eventualmente cor de rosa – ou em “'espaços' criados por
um assistencialismo compassivo, para não atrapalhar o ritmo de um falso
bem-estar".
E, às vezes, até
defende-se que o melhor seria livrar-se logo dessas pessoas, que custam caro em
tempos de crise
“Na realidade,
porém, como é grande a ilusão em que vive o homem de hoje, quando fecha os
olhos à enfermidade e à deficiência! Não compreende o verdadeiro sentido da
vida, que inclui também a aceitação do sofrimento e da limitação”.
Fraco confunde o
forte
Ilusão também
seria acreditar que o mundo seria melhor se houvesse somente pessoas
“aparentemente perfeitas”. Ao contrário, sublinhou o Papa: o mundo será melhor
somente quando “crescem a solidariedade, a mútua aceitação e o respeito entre
os seres humanos”.
“Como são
verdadeiras as palavras do Apóstolo: ‘O que há de fraco no mundo é que Deus
escolheu para confundir o que é forte’”, disse Francisco, ao afirmar que entre
as doenças atuais mais frequentes estão aquelas espirituais.
"Quando se
experimenta a decepção ou a traição nas relações importantes, então nos
descobrimo vulneráveis, fracos e sem defesas. Consequentemente, torna-se muito
forte a tentação de se fechar em si mesmo e corre-se o risco de perder a
ocasião da vida: amar apesar de tudo".
Amor que cura
“O verdadeiro
desafio é o de quem ama mais”, repetiu o Papa. E Jesus é o médico de amor que
pode dar vida nova às pessoas doentes e especiais - e a quem com elas convive!
“Jesus é o
médico que cura com o remédio do amor, porque toma sobre Si o nosso sofrimento
e redime-o. Sabemos que Deus pode compreender as nossas enfermidades, porque
Ele mesmo foi pessoalmente provado por elas”.
E concluiu:
“O modo como
vivemos a doença e a deficiência é indicação do amor que estamos dispostos a
oferecer. A forma como enfrentamos o sofrimento e a limitação é critério da
nossa liberdade em dar sentido às experiências da vida, mesmo quando nos
parecem absurdas e não merecidas”.
Leia aqui a íntegra da homilia
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Papa Francisco incentiva menina com Síndrome de Down
A Audiência que o Papa concedeu no sábado, (11/06), a um grupo que participava do Congresso de Portadores de
Necessidades Especiais no contexto do Jubileu dos Enfermos, foi marcada por um
gesto de ternura.
Francisco com a "corajosa" portadora da Síndrome de Down |
Ou "uma
verdadeira lição", como disse o Papa.
Durante seu
discurso, Francisco, ao perceber que uma garotinha iniciava, tímida, a subir as
escadas para se aproximar dele, sem se preocupar com os seguranças:
incentivou-a.
"Vem, vem,
vem", disse o Papa.
E continuou:
"Esta não tem medo. Arrisca".
"Esta sabe
que as diversidades são uma riqueza. Arrisca".
"E nos deu
uma lição".
"Ela nunca
será discriminada. Sabe se defender sozinha".
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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