sexta-feira, 24 de junho de 2016

Papa na Catedral armênia: 
Renovar o esforço da plena unidade

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa partiu, na manhã desta sexta-feira (24/6) para mais uma Viagem Apostólica, a 14ª do seu Pontificado, que o levou à Armênia.
Papa embarca em Roma
Antes de partir para uma viagem internacional, o Pontífice costuma ir à Basílica de Santa Maria Maior para rezar diante da imagem de Nossa Senhora “Salus Populi Romani” pelo bom êxito da sua viagem. O ramalhete de flores que o Papa depositou aos pés da imagem mariana tinha as cores da bandeira armênia: vermelho, laranja e azul.
O Papa partiu do aeroporto romano de Fiumicino às 9h locais (4h de Brasília), com destino à capital armênia, Yerevan. Ao percorrer cerca de 3 mil quilômetros, em quatro horas, o Santo Padre  enviou, como de praxe, telegramas aos chefes de Estado dos países sobrevoados: Itália, Croácia, Bósnia-Erzegóvina, Montenegro, Sérvia, Bulgária e Turquia.
Francisco chega à Armênia
Francisco visita a Armênia a convite do Patriarca e Catholicos de todos os Armênios, Karekin II, e das autoridades políticas e da Igreja Católica.
Após a cerimônia de boas-vindas, no aeroporto de Yerevan, o Papa dirigiu-se para a Catedral Apostólica, em Etchmiadzin, para alguns momentos de oração.
Depois das cordiais saudações do Patriarca Karekin, o Santo Padre pronunciou seu discurso, agradecendo as boas vindas do Catholicós de Todos os Armênios, dizendo:
Fraternidade
“Atravessei, comovido, o limiar deste lugar sagrado, testemunha da história do seu povo, centro irradiador de espiritualidade; considero uma graça de Deus poder me aproximar do santo altar, de onde refulgiu a luz de Cristo na Armênia. Agradeço o grato convite para visitá-los e à Sua Santidade, por ter-me acolhido em sua casa. Este sinal de amor expressa, mais que as palavras, o profundo significado de amizade e caridade fraterna”.
Nesta ocasião, o Papa recordou que “a luz da fé confere à Armênia a sua identidade peculiar de mensageira de Cristo entre as Nações”, que a acompanhou e amparou, sobretudo nos momentos de maior provação:
“Inclino-me diante da misericórdia do Senhor, que quis que a Armênia se tornasse a primeira nação, desde o ano 301, a acolher o cristianismo como sua religião, em uma época em que ainda enfuriavam as perseguições. Para a Armênia, a fé em Cristo foi um elemento constitutivo da sua identidade, um dom de enorme valor defendido à custa da própria vida”.
Unidade
Aqui, o Pontífice invocou as bênçãos divinas sobre este luminoso testemunho de fé, demonstrado até com o martírio, e a fecundidade do Batismo, recebido há mais de 1700 anos. Agradeceu a Deus pelo caminho que a Igreja Católica e a Igreja Apostólica Armênia realizaram, mediante um diálogo sincero e fraterno, para chegar à plena partilha da Mesa Eucarística:
Papa na Catedral Armênia
“Que o Espírito Santo nos ajude a realizar a unidade desejada por nosso Senhor, que pediu para que todos os seus discípulos sejam uma só coisa e o mundo creia. Apraz-me lembrar aqui o impulso decisivo dado à intensificação das relações e ao fortalecimento do diálogo entre as nossas duas Igrejas nos últimos tempos por Vasken I e Karekin I, e por São João Paulo II e Bento XVI”.
A seguir, Francisco afirmou que o nosso mundo - marcado por divisões e conflitos, bem como por graves formas de pobreza material e espiritual, incluindo a exploração das pessoas, crianças e idosos, - espera dos cristãos um testemunho de estima mútua e colaboração fraterna, que faça resplandecer diante de cada consciência o poder e a verdade da Ressurreição de Cristo. E acrescentou:
“O esforço paciente e renovado rumo à plena unidade, a intensificação das iniciativas comuns e a colaboração entre todos os discípulos do Senhor, tendo em vista o bem comum, representam uma luz e um apelo para viver, na caridade e na compreensão mútua, as nossas diferenças. O espírito ecumênico adquire valor exemplar e constitui um forte convite a compor as divergências através do diálogo e da valorização do que nos une”.
O Bispo de Roma concluiu seu pronunciamento ressaltando que “quando a nossa atividade é inspirada e movida pela força do amor de Cristo, crescem o conhecimento e a estima recíprocas, criam-se melhores condições para um caminho ecumênico frutuoso e, ao mesmo tempo, mostra a toda a sociedade um caminho concreto, que pode ser percorrido para harmonizar os conflitos que dilaceram a vida civil e causam divisões”. (MT)
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Papa:
O povo armênio
sempre encontrou em Cristo a força para se levantar
Yerevan (RV) - O povo armênio guarda na sua memória não só as feridas do passado, mas também o espírito que sempre lhe permitiu começar de novo: disse o Papa Francisco em seu segundo discurso em terras armênias, no encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo diplomático.
O encontro deu-se no Palácio Presidencial, em Yerevan, na visita de cortesia ao Presidente da República, Serzh Sargsyan.
Tendo manifestado a alegria de visitar o país caucásico, o Pontífice falou de um povo de antigas e ricas tradições, que testemunhou corajosamente a sua fé, que sofreu muito, mas sempre voltou a renascer.
Papa Francisco
em visita de cortesia ao Presidente da Armênia, Serzh Sargsyan
Após ter agradecido as palavras de boas-vindas do Presidente a ele dirigidas em nome do governo e dos habitantes da Armênia, Francisco recordou com esta visita retribuir a que fez o mandatário da nação ao Vaticano, no ano passado, ocasião em que se celebrou o centenário do Metz Yeghérn, o “Grande Mal”, que atingiu o povo armênio e causou a morte duma multidão enorme de pessoas, ressaltou.
Atendo-se a essa imane tragédia que no século passado se abateu contra o povo armênio, o Papa referiu-se a ela como o início das imensas tragédias do Séc. XX, explicitando-a:
“Aquela tragédia, aquele genocídio, marcou o início, infelizmente, do triste elenco das imensas catástrofes do século passado, tornadas possíveis por aberrantes motivações raciais, ideológicas ou religiosas, que ofuscaram a mente dos verdugos até ao ponto de se prefixarem o intuito de aniquilar povos inteiros. É muito triste que – tanto neste como nos outros – as grandes potências internacionais olhavam para outro lado.”
Mesmo nos momentos mais trágicos da sua história, o povo armênio “sempre encontrou na Cruz e na Ressurreição de Cristo a força para se levantar de novo e retomar o caminho com dignidade”, disse o Santo Padre evidenciando que isso revela como são profundas as raízes da fé cristã e que tesouro infinito de consolação e esperança a mesma encerra. Feitas tais considerações, o Papa acrescentou, auspiciando com veemência:
“Tendo diante dos nossos olhos os resultados nefastos a que conduziram, no século passado, o ódio, o preconceito e a ambição desenfreada de domínio, espero vivamente que a humanidade saiba tirar daquelas experiências trágicas a lição de agir, com responsabilidade e sabedoria, para evitar os perigos de recair em tais horrores.”
O Pontífice exortou a que se multipliquem os esforços, por parte de todos, a fim de que, nas disputas internacionais, prevaleçam sempre o diálogo, a busca constante e genuína da paz, a colaboração entre os Estados e o assíduo empenho das organizações internacionais, a fim de se construir um clima de confiança propício a alcançar acordos duradouros, que olhem para o futuro.
A Igreja Católica deseja colaborar ativamente com todos aqueles que têm a peito o destino da civilização e o respeito pelos direitos da pessoa humana, para fazer prevalecer no mundo os valores espirituais, desmascarando quantos deturpam o seu significado e beleza.
A esse propósito, Francisco foi taxativo:
“É de importância vital que quantos declaram a sua fé em Deus unam as suas forças para isolar quem quer que use a religião para levar a cabo projetos de guerra, opressão e perseguição violenta, instrumentalizando e manipulando o Santo Nome de Deus.”
Francisco denunciou mais uma vez a perseguição de que os cristãos são vítimas em muitas partes do mundo e os muitos conflitos que não encontram solução positiva.
Hoje, nalguns lugares, particularmente os cristãos – como e talvez mais do que na época dos primeiros mártires – são discriminados e perseguidos pelo simples fato de professarem a sua fé, ao mesmo tempo que demasiados conflitos em várias áreas do mundo permanecem ainda sem soluções positivas, causando lutos, destruições e migrações forçadas de populações inteiras.
Por isso, acrescentou, “é indispensável que os responsáveis pelo destino das nações empreendam, com coragem e sem tardar, iniciativas destinadas a pôr fim a estes sofrimentos, fazendo da busca da paz, da defesa e do acolhimento das pessoas que são alvo de agressões e perseguições, da promoção da justiça e dum desenvolvimento sustentável os seus objetivos primários”.
“O povo armênio experimentou estas situações na própria carne; conhece o sofrimento e a dor, conhece a perseguição; guarda na sua memória não só as feridas do passado, mas também o espírito que sempre lhe permitiu começar de novo. Neste sentido, encorajo-o a prestar a sua valiosa contribuição à comunidade internacional.”
Francisco recordou que este ano se celebra o 25º aniversário da independência da Armênia.
Os festejos por esta jubilosa ocorrência serão ainda mais significativos, afirmou o Pontífice, “se se tornarem para todos os armênios, na pátria e na diáspora, um momento especial de reunir e coordenar as energias com o objetivo de favorecer um desenvolvimento civil e social, équo e inclusivo, do país”.
O Papa lembrou que a história da Armênia caminha lado a lado com a sua identidade cristã, preservada no decurso dos séculos. Esta identidade cristã, longe de ser obstáculo para a sadia laicidade do Estado, observou, “exige-a e a alimenta, estimulando a cidadania participativa de todos os membros da sociedade, a liberdade religiosa e o respeito pelas minorias.
O Sucessor de Pedro afirmou ainda que “a coesão de todos os armênios e o maior esforço por identificar estradas úteis para superar as tensões com alguns países vizinhos tornarão mais fácil realizar estes objetivos importantes, inaugurando uma época de verdadeiro renascimento para a Armênia”.
“Deus abençoe e proteja a Armênia, terra iluminada pela fé, pela coragem dos mártires, pela esperança mais forte do que toda a dor”, concluiu o Pontífice. (RL)
Assista à cerimônia de boas-vindas:

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                                                                                  Fonte: radiovaticana.va       news.va

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