“Rezar pelos inimigos, a perfeição da vida cristã”
Rezemos pelos nossos inimigos |
“Vocês
entenderam o que foi dito, mas eu lhes digo”. A Palavra de Deus e dois modos
inconciliáveis de interpretá-la: uma lista árida de deveres e proibições ou o
convite a amar o Pai e os irmãos com todo o coração, chegando ao ponto de rezar
pelo próprio adversário.
É a dialética do
confronto entre os doutores da lei e Jesus; entre a Lei proposta de modo
esquemático ao povo hebraico e a seus líderes e a plenitude daquela mesma Lei
que Cristo afirma trazer.
Adversários
O Papa reafirma
uma convicção já expressa outras vezes. Quando Jesus inicia a sua pregação,
hostilizado por seus adversários, ‘a explicação da lei naquele tempo estava em
crise’:
“Era uma
explicação teórica demais, casuística. Digamos que era uma lei na qual não
existia o coração próprio dela, que é o amor de Deus, que Deus nos deu. Por
isso, o Senhor repete o que estava no Antigo Testamento: qual é o maior
Mandamento? Amar a Deus, com todo o coração, com todas as forças, com toda a
alma; e ao próximo como a ti mesmo. E na explicação dos Doutores da Lei isto
não constava muito. No centro estavam os casos: isto se pode fazer? Até que
ponto se pode fazer aquilo? E se não se pode?... A casuística própria da Lei. E
Jesus toma isto e retoma o verdadeiro sentido da Lei para leva-lo à sua
plenitude”.
Cura
O Papa coloca em
evidência como Jesus oferece “muitos exemplos” para mostrar os Mandamentos sob
uma nova luz. “Não matarás”, afirma, também pode significar não insultar um
irmão e assim por diante, até a enfatizar como o amor é “mais generoso das
palavras da lei”, do manto acrescentado como um presente para aquele que pediu
o vestido e os dois quilômetros feitos com aquele que pediu para ser
acompanhado somente por um:
“É um trabalho
que não é apenas um trabalho para o cumprimento da Lei, mas é um trabalho de
cura do coração. Nesta explicação que Jesus faz sobre os Mandamentos – no
Evangelho de Mateus, em particular – há um caminho de cura: um coração ferido
pelo pecado original – todos nós temos o coração ferido pelo pecado, todos –
deve seguir este caminho de cura e curar para assemelhar-se ao Pai, que é
perfeito: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”. Um caminho de
cura para ser filhos como o Pai”.
Passo mais
difícil
E a perfeição
que Jesus indica é aquela contida na passagem de hoje do Evangelho de Mateus.
“Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem”. “É o
último passo” desta estrada, afirma o Papa, o mais difícil. Francisco lembra
que, quando era jovem, pensando em um dos grandes ditadores da época, era
costume rezar para que Deus lhe reservasse em breve o inferno. Em vez disso,
conclui, Deus pede um exame de consciência:
“Que o Senhor
nos dê a graça, apenas esta: rezar por nossos inimigos; rezar por aqueles que
nos desejam o mal, que não nos querem bem; rezar por aqueles que nos ferem, que
nos perseguem. E cada um de nós sabe o nome e o sobrenome: rezar por isso, por
isso... Garanto a vocês que esta oração vai fazer duas coisas: ele vai
melhorar, porque a oração é poderosa, e nós seremos mais filhos do Pai”. (CM-SP)
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Nova Carta da Doutrina da Fé fala sobre hierarquia e carisma
“A Igreja rejuvenesce” é o título da Carta da Congregação para
a Doutrina da Fé publicada na manhã desta terça-feira, (14/06), e dirigida aos
Bispos do mundo inteiro. O documento é assinado pelo prefeito da Congregação,
Cardeal Ludwig Müller, e pelo Secretário, o Arcebispo Luis Ladaria.
A Carta Iuvenescit
Ecclesia fala da relação entre dons hierárquicos e carismáticos para a
vida e a missão da Igreja. Os primeiros são aqueles conferidos pelo Sacramento
da ordenação (episcopal, sacerdotal e diaconal), enquanto os dons carismáticos
são livremente distribuídos pelo Espírito Santo.
Conexão
harmônica e complementar, com obediência aos Pastores
Em especial, a
IE se detêm sobre questões teológicas, e não pastorais ou práticas, que derivam
da relação entre instituição eclesial e novos movimentos e agregações,
insistindo sobre a harmônica conexão e complementariedade dos dois dons.
Em vista de uma
“participação fecunda e ordenada” dos carismas à comunhão da Igreja, estes não
devem se subtrair à “obediência à hierarquia eclesial” nem têm “o direito a um
ministério autônomo”.
“Dons de
importância irrenunciável para a vida e a missão eclesial”, portanto, os
carismas autênticos devem ter “abertura missionária”, “necessária obediência
aos Pastores” e “imanência eclesial”.
Não contrapor
Igreja institucional e Igreja da caridade
Portanto, a
“contraposição ou a justaposição” dos carismas com os dons hierárquicos seria
um erro. De fato, não se deve opor uma Igreja “da instituição” a uma Igreja “da
caridade”, porque na Igreja “inclusive as instituições essenciais são
carismáticas”, e os “carismas devem se institucionalizar para terem coerência e
continuidade”.
Deste modo,
ambas as dimensões “concorrem conjuntamente para tornar presente o
mistério de Cristo e a sua obra salvífica no mundo”.
Que a dimensão
carismática nunca falte à Igreja
As novas
realidades, portanto, devem alcançar uma “maturidade eclesial” que comporta sua
plena valorização e inserção na vida da Igreja, sempre em comunhão com os
Pastores e atenta às suas indicações.
A existência de
novas realidades, de fato – destaca a Carta – enche o coração da Igreja de
“alegria e gratidão”, mas as chama também a “relacionar-se positivamente com
todos os outros dons presentes na vida eclesial”, para que sejam “promovidos
com generosidade e acompanhados com vigilante paternidade” pelos Pastores, “de
modo que tudo concorra para o bem da Igreja e para a sua missão
evangelizadora”.
“A dimensão
carismática – lê-se ainda no documento – nunca pode faltar à vida e à missão da
Igreja”.
Critérios
para discernir os carismas autênticos
Mas como reconhecer
um dom carismático autêntico?
Papa fala com Dom Gerhard Muller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé |
O reconhecimento
jurídico segundo o Direito canônico
Além disso, a IE
indica outros dois critérios fundamentais a serem levados em consideração para
o reconhecimento jurídico das novas realidades eclesiais, segundo as formas
estabelecidas pelo Código de Direito Canônico: o primeiro é “o respeito pela
peculiaridade carismática de cada agregação eclesial”, evitando “formas
jurídicas forçadas” que “anulem a novidade”.
O segundo
critério concerne ao “respeito do regime eclesial fundamental”, favorecendo “a
inserção real dos dons carismáticos na vida da Igreja”, mas evitando que estes
sejam concebidos como uma realidade paralela, sem uma referência ordenada aos
dons hierárquicos.
Relação entre
Igreja universal e Igrejas particulares é imprescindível
O documento da
Congregação para a Doutrina da Fé evidencia ainda que a relação entre dons
hierárquicos e carismáticos deve levar em consideração a “imprescindível e
constitutiva relação entre Igreja universal e Igrejas particulares”. Isso
significa que os carismas são oferecidos, sim, a toda a Igreja, mas sua
dinâmica “não se pode realizar sem estar ao serviço de uma diocese concreta”.
Não só: esses
dons representam também “uma autêntica possibilidade” para viver e desenvolver
a vocação cristã de cada um, seja esta o matrimônio, o celibato sacerdotal ou o
ministério ordenado. Além disso, também a vida consagrada “se insere na
dimensão carismática da Igreja”, para que sua espiritualidade possa se tornar
“um recurso significativo” seja para o fiel leigo, seja para o presbítero,
ajudando ambos a viver uma vocação específica.
Olhar para o
modelo de Maria
Por fim, a IE
convida a olhar para Maria, “Mãe da Igreja”, modelo de “docilidade plena à ação
do Espírito Santo” e de “límpida humildade”: com a sua intercessão, se faz
votos que “os carismas abundantemente distribuídos pelo Espírito Santo entre os
fiéis sejam por estes acolhidos com docilidade e produzam fruto para a vida e a
missão da Igreja e para o bem do mundo”. (bf)
Leia aqui a íntegra do documento
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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