Coração que tanto amou a humanidade!
A Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus na sexta-feira da
semana seguinte à Festa de Corpus Christi. O coração é mostrado como símbolo do
amor de Deus. No Calvário, o soldado abriu o lado de Cristo com a lança (Jo
19,34). Diz a Liturgia que “aberto o seu Coração divino, foi derramado sobre
nós torrente de graças e de misericórdia”. Jesus é a Encarnação viva do Amor de
Deus e seu Coração é o símbolo desse Amor. Por isso, encerrando um conjunto de
grandes Festas que abrem a retomada do Tempo Comum após o Tempo Pascal
(Pentecostes, Santíssima Trindade, Corpus Christi), a liturgia nos leva a
contemplar o Coração de Jesus.
O Sagrado Coração
é a imagem do amor de Jesus por cada um de nós. É a expressão daquilo que São
Paulo disse: “Eu vivi na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si
mesmo por mim” (Gl 2,20). É o convite a que cada um de nós retribua a Jesus
este amor, vivendo segundo a Sua vontade e trabalhando com a Igreja pela
salvação das almas.
Sagrado Coração de Jesus, fazei o nosso coração semelhante ao vosso! |
Jesus revelou o
desejo da Festa ao seu Sagrado Coração à religiosa Santa Margarida Maria
Alacoque, na França, mostrando-lhe o “Coração que tanto amou os homens e é por
parte de muitos desprezado”. Santa Margarida teve como diretor espiritual o
padre jesuíta S. Cláudio de la Colombière, canonizado por São João Paulo II, e
que se incumbiu de propagar a grande Festa.
O Papa Clemente
XIII aprovou a Missa em honra do Coração de Jesus, e São Pio X, no dia 23 de
agosto de 1856, estendeu a Festa para toda a Igreja, a ser celebrada na
sexta-feira da semana subsequente à festa de Corpus Christi. O papa Leão XIII
consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus. O Beato Paulo VI disse certa vez
que ela é garantia de crescimento na vida cristã e garantia da salvação eterna.
A devoção ao
Sagrado Coração de Jesus tem a sua origem na própria Sagrada Escritura. O
coração é um dos modos para falar do infinito amor de Deus por você. Este amor
encontra seu ponto alto com a vinda de Jesus. A devoção ao Sagrado Coração de
um modo visível aparece em dois acontecimentos fortes do Evangelho: o gesto de
São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última
ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma
lança (cf. Jo 19,34). Em um, temos o consolo pela dor da véspera de sua morte,
e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.
O Papa São João
Paulo II sempre cultivou esta devoção, e a incentiva a todos que desejam
crescer na amizade com Jesus. Em 1980, no dia do Sagrado Coração, afirmou: “Na
solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com
adoração e amor especial, em torno do mistério do Coração de Cristo. Quero hoje
dirigir juntamente convosco o olhar dos nossos corações para o ministério desse
Coração. Ele falou-me desde a minha juventude. Cada ano volto a este mistério
no ritmo litúrgico do tempo da Igreja”.
Entre as muitas
e ricas promessas que Jesus Cristo fez aos que fossem devotos de seu Sagrado
Coração, sempre chamou a atenção a que fez aos que comungassem em Sua honra as
nove primeiras sextas-feiras do mês seguidos. É tal, que todos a conhecem com o
nome da Grande Promessa. Esta devoção, em sua forma atual, deve-se às
inspirações de Santa Margarida Maria (1649-1690), sobretudo quando, em 16 de
junho de 1657, escreveu sobre o coração de Jesus: “Eis aqui este Coração que
amou tanto aos homens que não omitiu nada até esgotar-se e consumir-se para
manifestar-lhes Seu amor, e, por todo reconhecimento, não recebe da maior parte
mais que ingratidão, desprezo, irreverências e tibieza que tem para mim neste
sacramento de amor”.
Jesus deu a sua
servidora o encargo de que se tributasse culto a seu Coração e a missão de
enriquecer o mundo inteiro com os tesouros desta devoção santificadora. O
objeto e fim desta devoção é honrar o Coração adorável de Jesus Cristo, como
símbolo do amor de um Deus para nós; e a vista deste Sagrado Coração, abrasado
de amor pelos homens, e ao mesmo tempo desprezado por estes, nos deve mover a
amá-lo e a reparar a ingratidão de que é objeto.
Nesta tão
sublime solenidade do Coração de Jesus, queremos pedir ao Senhor que dê a paz a
todos os corações, pois vivemos num momento onde muitos optam pela violência. A
violência vai contra os princípios morais e éticos e ainda religiosos. Deus é
amor e paz! O nome de Deus é misericórdia! Que possamos ser ministros da
misericórdia a exemplo da docilidade do Coração de Jesus! Que o nosso coração
possa unir ao Coração Sagrado de Jesus.
Cardeal
Orani João Tempesta - Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
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Fonte: cnbb.org.br Estampa: pscj-conchal.com.br
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