Deus fala no silêncio "sonoro"
Um pecador
arrependido que decidiu retornar a Deus ou alguém que consagrou a vida a Ele:
ambos, em algum momento, podem ser tomados pelo “medo” de não conseguir manter
a escolha. E a fé se embaça enquanto a depressão está à espreita.
De pé e em
caminho
Para aprofundar
este aspecto e indicar a saída do túnel, o Papa evocou por um momento a
situação do filho pródigo, deprimido enquanto observa faminto os porcos.
Todavia, Francisco se concentrou sobretudo no Profeta Elias, personagem da
liturgia do dia.
Nossa fé deve nos levar à missão |
Ele, recordou o
Papa, é “um vencedor” que “tanto lutou pela fé” e derrotou centenas de
idólatras no Monte Carmelo. Mas, ao ser alvo da enésima perseguição, deixa-se
abater. Cai por terra sob uma árvore, desencorajado, esperando a morte. Mas
Deus não o deixa naquele estado de prostração e envia um anjo com uma frase
imperativa: levanta-te, coma, saia:
“Para encontrar
Deus é necessário voltar à situação do homem no momento da criação: de pé e em
caminho. Assim, Deus nos criou: à Sua altura, à Sua imagem e semelhança e em
caminho. “Vai, segue adiante! Cultiva a terra, faça-a crescer; e multiplicai-vos...’.
‘Saia!’. Saia e vá ao Monte e pare no Monte à minha presença. Elias ficou de
pé. De pé, ele sai”.
O fio de um
silêncio sonoro
Sair, para então
colocar-se à escuta de Deus. Mas, “como passa o Senhor? Como posso encontrar o
Senhor para ter certeza de que é Ele?”, se perguntou Francisco. O trecho do
Livro dos Reis é eloquente. Elias foi convidado pelo anjo para sair da caverna
no Monte Horebe, onde encontrou abrigo para estar na “presença” de Deus. No
entanto, a induzi-lo a sair não são nem o vento “impetuoso e forte” que quebra
as rochas, nem o terremoto que se segue e nem mesmo o sucessivo fogo:
“Muito ruído,
muita majestade, muito movimento e o Senhor não estava ali. ‘E depois do fogo,
o sussurro de uma brisa suave’ ou, como está no original, ‘o fio de um silêncio
sonoro’. E ali estava o Senhor. Para encontrar o Senhor, é preciso entrar em
nós mesmos e sentir aquele ‘fio de um silêncio sonoro’ e Ele nos fala ali”.
A hora da missão
O terceiro
pedido do anjo a Elias é: “Saia”. O profeta é convidado a refazer seus passos,
em direção do deserto, porque lhe foi dada uma tarefa a cumprir. Nisso,
ressalta Francisco, se capta o estímulo “a estarmos em caminho, não fechados,
não dentro do nosso egoísmo, da nossa comodidade”, mas “corajosos” em “levar aos
outros a mensagem do Senhor”, isto é, ir em “missão”:
“Devemos sempre
buscar o Senhor. Todos nós sabemos como são os maus momentos: momentos que nos
puxam para baixo, momentos sem fé, escuros, momentos em que não vemos o
horizonte, somos incapazes de se levantar. Todos nós sabemos isso! Mas é o
Senhor que vem, nos restaura com o pão e com a sua força e nos diz: ‘Levante-se
e vá em frente! Caminhe!’. Para encontrar o Senhor devemos estar assim: de pé e
caminhar. Depois esperar que ele fale conosco: o coração aberto. E Ele vai nos
dizer: ‘Sou eu’ e ali a fé se torna forte. A fé é para mim, para preservá-la?
Não! É para ir e dar aos outros, para ungir os outros, para a missão”. (RB-SP)
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Fonte: radiovaticana.va
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