Lugar afastado
O barulho na
sociedade atual às vezes é ensurdecedor. Os decibéis elevados causam surdez.
Mais e mais os aparelhos para melhorar a audição estão em voga. Mas há surdez
também irreversível.
Jesus,
percebendo o corre-corre dos discípulos, conduziu-os para um lugar afastado e
ermo para poderem conversar, meditar, orar e descansar, restabelecendo a paz
interior, necessária para a execução da missão de servir o povo.
O silêncio favorece a paz interior |
No burburinho da
vida, com todos os seus desafios, injustiças e desvios de conduta, com prejuízo
do bem comum, precisamos discernir o que fazer para uma convivência de mais
promoção do bem comum e obtenção da paz pessoal e social. Sem conversão para a
convivência no amor não temos condição de resolver os conflitos e a
necessária promoção da vida massacrada de tantos deixados de lado no convívio
social. A responsabilidade de escolher lideranças é de todos. Para isso, é
preciso formar-se cada vez mais a consciência da verdadeira cidadania. Ela
exige de quem elege lideranças e da própria liderança constituída, o sentido da
vida de serviço e não desserviço à causa comum.
Afastar-se da
agitação para ponderar sobre o que queremos com a vida e o que fazemos dela é
indispensável. Os discípulos de Jesus “foram sozinhos, de barco, para um lugar
deserto e afastado” (Marcos 6,32). De fato, era preciso dar tempo para si
mesmos, revendo a caminhada e o exercício da missão de ensinar as multidões.
Quanto maior é a abrangência da liderança, maior é a necessidade de reflexão.
Esta faz a pessoa colocar a mão na consciência para ver se está sendo fiel no
serviço ao bem do povo. Caso contrário, pode-se deixar levar por ações não
ponderadas e errar no exercício da própria missão. Caso perceba os erros, na reflexão
e pedido de ajuda a quem possa dar, a revisão e mudança de suas ações poderão
ser mais adequadas à própria função. Por isso, é preciso ter os ouvidos aptos
para entender o valor apresentado por quem tem capacidade de orientar. Ouvir a
Palavra de Deus é indispensável.
Quanto mais reta
intenção e união de forças para o exercício da liderança, mais produtiva é sua
ação de beneficiar a comunidade. Faltando uma ou essas duas virtudes, o
exercício da incumbência para a qual foi escolhida a liderança fica prejudicada.
Por isso, sair da agitação para ter momentos de ponderação, reflexão e oração
torna-se indispensável para o bom exercício da liderança.
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbb.org.br Foto:agencia.ecclesia.pt
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