É sempre grande
o clamor do nosso povo para ter mais formação. Acredito que em todos os planos
de pastoral das dioceses e das paróquias entre direta ou indiretamente, a
questão da formação. Em geral, a “formação” dos nossos adultos ficou mesmo na
catequese da Primeira Eucaristia e da Crisma. Coisas de crianças e de jovens.
Muito pouco ajudaram os “cursinhos” para noivos ou para pais e padrinhos, por
ocasião do matrimônio ou do batizado dos filhos e afilhados. Por isso quando
uma pessoa adulta começa a participar mais da comunidade, quando se sente mais
envolvida nas atividades da Igreja, ou, por algum motivo, quer entender mais e
melhor a própria fé, busca, justamente, mais formação. Não se satisfaz mais com
o que aprendeu nos anos anteriores.
Conhecer mais para melhor amar |
As coisas do
mundo mudam mais rápido que a situação da Igreja e os leigos e as leigas ainda
sofrem de uma certa marginalização na esfera da participação afetiva e efetiva
na obra da evangelização. Cada vez mais, assumem tarefas e ministérios nas
comunidades grandes e pequenas. Se excluímos os ‘cursos” específicos de Fé e
Política e semelhantes, precisamos reconhecer que a grande maioria dos “cursos”
de formação para leigos e leigas têm o principal objetivo de prepará-los para
serviços e ministérios intra-eclesiais. Raramente são levadas em conta as
situações e as responsabilidades dos leigos e leigas nos variados campos de
atuação da vida comum na sociedade. Talvez formemos bons catequistas, mas que,
não necessariamente, serão também bons cidadãos conscientes do próprio papel
transformador na família, na escola, na fábrica, no sindicato, na associação de
bairro... Podemos preparar excelentes Animadores de Comunidade, Ministros da
Palavra, Ministros Extraordinários da Comunhão, mas nem sempre temos certeza de
ter, amanhã, bons administradores públicos, bons vereadores e deputados, bons
médicos e juízes. A ação da Igreja, Povo de Deus, “em saída”, que o papa
Francisco incentiva, pobre, ferida e enlameada, deve-se refletir “na penetração
dos valores cristãos no mundo social, político e econômico” (EG 102). Por isso,
diz papa Francisco, “a formação dos leigos e a evangelização das categorias
profissionais e intelectuais constituem um importante desafio pastoral” (EG.
102).
Uma formação
mais adequada à vida laical deve privilegiar as motivações cristãs para as
escolhas concretas do dia a dia, grandes e pequenas. Deve ensinar a paciência
do “possível” sem desistir da radicalidade evangélica tendo como meta o Reino
“eterno e universal, reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça,
reino da justiça, do amor e da paz” (cf. Prefácio da Solenidade de N.S. J.C.,
Rei do Universo). Deve educar ao diálogo, ao trabalho em equipe, com os
diferentes, por causa da religião, da ideologia. Na sua grande maioria, os
leigos e as leigas não escolhem com quem trabalhar, com quem lidar, os vizinhos
ao lado dos quais moram com as suas famílias. Devem aprender a conviver com
todos e ali, naquele lugar e naquela situação, dar o testemunho da sua fé. Eles
e elas são enviados “como ovelhas no meio de lobos”, devem “ser prudentes como
as serpentes e simples como as pombas” (cf. Mt 10,16). Nada fácil, mas não
impossível. Talvez, seja preciso que os leigos e leigas assumam mais a
própria formação com o seu olhar, a sua sensibilidade, os seus desafios. É
urgente pensar nisso.
Dom Pedro José
Conti - Bispo de Macapá
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Fonte: cnbb.org.br Banner: missaopartir.blogspot.com.br Ilustração: paroquiasantanabacabal.com.br
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