18º Domingo do Tempo Comum
A Comunidade dos
filhos de Israel pôs-se a murmurar contra Moisés e Aarão, no deserto, dizendo: “Quem
dera que tivéssemos morrido pela mão do Senhor no Egito, quando nos sentávamos
junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Por que nos trouxestes a
este deserto para matar de fome a toda esta gente?”
O Senhor disse a
Moisés: “Eis que farei chover para vós o pão do céu. O povo sairá diariamente e
só recolherá a porção de cada dia a fim de que eu o ponha à prova, para ver se
anda ou não na minha lei. Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel.
Dize-lhes, pois: ‘Ao anoitecer, comereis carne, e pela manhã vos fartareis de
pão. Assim sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus’”.
Com efeito, à
tarde, veio um bando de codornizes e cobriu o acampamento; e, pela manhã,
formou-se uma camada de orvalho ao redor do acampamento.
Quando se
evaporou o orvalho que caíra, apareceu na superfície do deserto uma coisa
miúda, em forma de grãos, fina como a geada sobre a terra.
Vendo aquilo, os
filhos de Israel disseram entre si: “Que é isto?” Porque não sabiam o que era.
Moisés respondeu-lhes: “Isto é o pão que o Senhor vos deu como alimento”.
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Salmo: 77
– O Senhor deu a comer o pão do céu.
– O Senhor deu a comer o pão do céu.
– Tudo aquilo que ouvimos e aprendemos,/ e
transmitiram para nós os nossos pais,/ não haveremos de ocultar a nossos
filhos,/ mas à nova geração nós contaremos:/ as grandezas do Senhor e
seu poder.
– Ordenou, então, às nuvens lá dos céus,/ e
as comportas das alturas fez abrir;/ fez chover-lhes o maná e
alimentou-os,/ e lhes deu para comer o pão do céu.
– O homem se
nutriu do pão dos anjos,/ e mandou-lhes alimento em abundância;/ conduziu-os
para a Terra Prometida, para o Monte que seu braço conquistou.
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2ª Leitura: Ef 4,17.20-24
Eis, pois, o que
eu digo e atesto no Senhor: não continueis a viver como vivem os pagãos, cuja
inteligência os leva para o nada.
Quanto a vós,
não é assim que aprendestes de Cristo, se ao menos foi bem ele que
ouvistes falar, e se é ele que vos foi ensinado, em conformidade com a verdade
que está em Jesus.
Renunciando à
vossa existência passada, despojai-vos do homem velho, que se corrompe sob o
efeito das paixões enganadoras, e renovai o vosso espírito e a vossa
mentalidade.
Revesti o homem
novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade.
Evangelho: Jo, 6,24-35
Quando a
multidão viu que Jesus não estava ali, nem os seus discípulos, subiram às
barcas e foram à procura de Jesus, em Cafarnaum. Quando o encontraram no
outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Rabi, quando chegaste aqui?”
Jesus respondeu:
“Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes
sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Esforçai-vos não
pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna,
e que o Filho do Homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”.
Então
perguntaram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?” Jesus
respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”.
Eles
perguntaram: “Que sinal realizas, para que possamos ver e crer em ti? Que obra
fazes? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está na Escritura: ‘Pão do
céu deu-lhes a comer’”.
Jesus respondeu:
“Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão que veio do
céu. É meu Pai que vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é
aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”.
Então pediram:
“Senhor, dá-nos sempre desse pão”. Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida.
Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.
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Reflexão
Procurar pelo Senhor e não por suas obras
Depois do
episódio dos pães, em que a multidão comeu à saciedade, e ante a tentativa de
proclamá-lo rei, Jesus se retira, sozinho, ao monte (Jo 6,15). Jesus rejeita
terminantemente qualquer tentativa de compreender ou reduzir a sua missão a uma
dimensão estritamente político-social (cf. Mt 4,3-4; Lc 4,3-4). Por isso,
recolhe-se ao monte para rezar.
"Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca terá mais sede" |
À multidão que o
procura incansavelmente, Jesus declara o equívoco: não o procura porque o que
ele faz havia sido reconhecido como sinal que remete ao mistério de Deus;
procuram-no somente para satisfazer suas necessidades corporais. No entanto, a
vida do ser humano não se reduz ao bem material. O homem tem sede de Deus, do
sentido da vida, tem necessidade de ser amado e de amar. Por isso, o alimento
que o Senhor oferece é de outra natureza, não perecível e que introduz a pessoa
na vida eterna. Mais adiante, Jesus afirmará que o pão que dá a vida é ele
mesmo (Jo 6,48). Mas, para receber esse alimento, é preciso crer em Jesus,
enviado do Pai. É pela fé em Jesus que se recebe esse alimento de vida eterna.
O que Jesus
realizou em benefício da multidão era um dom espiritual que ele queria dar a
todos. Alguns, ao menos, dentre a multidão compreenderam a repreensão de Jesus,
por isso, perguntam pelo que devem fazer para trabalhar nas obras de Deus. Na
sua resposta, Jesus diz que, na “obra de Deus”, o exigido é crer em Jesus,
“imagem do Deus invisível”. Ademais, é preciso procurar o Senhor pelo Senhor, e
não por aquilo que nos possa dar. Essa gratuidade se impõe a quem queira ser
sustentado pelo “pão descido do céu”. Eles perguntam pelos sinais que Jesus
realiza.
Lembremos que na
boca deles a palavra “sinal” tem um sentido muito diferente do que o empregado
pelo evangelista no livro dos sinais. Para eles, “sinal” é uma obra
espetacular, quase cinematográfica, sobrenatural, em benefício de quem a
realiza. O sinal seria para eles uma prova inequívoca da verdadeira identidade
de Jesus. É o que satanás sugere a Jesus ao propor que saltasse do pináculo do
Templo (Mt 4,5-7; Lc 4,9-11). Uma vez mais parece que os que interrogam Jesus
estão mergulhados no equívoco: não foi Moisés quem, na travessia do deserto,
havia dado ao povo o maná, mas Deus mesmo (cf. Ex 16,4). Mais ainda, o maná era
somente figura do verdadeiro pão que Deus haveria de dar e que, agora,
efetivamente dá ao seu povo. Jesus Cristo é esse pão descido do céu, isto é,
dado por Deus, que sustenta quem nele crê e nele põe a sua confiança.
Reflexão: paulinas.org.br Banner: cnbb.org.br Ilustrações: franciscanos.org.br
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