Para refletir

Avós: Mestres do tempo e da convivência

No dia 26 de julho celebramos a Festa de São Joaquim e Santa Ana, pais de Nossa Senhora e avós de Jesus Cristo. Esta referência litúrgica e espiritual nos permite meditar e refletir sobre a função singular de nossos avós na sociedade de hoje. Assim como São Joaquim e Santa Ana eles são guardiães da Aliança, Mestres do tempo, ensinando-nos a dimensão da eternidade e a bem contar nossos dias.

Os avós merecem respeito, cuidado e carinho dos netos

A civilização atual está marcada pela pressa e a simultaneidade, perdendo o sentido da memória e da história, tudo é instantâneo e efêmero esvaindo-se em sensações imediatistas. Na distopia Farenheit 451 de Ray Bradury foram os anciãos que devolveram aquela sociedade totalitária o sentido da vida e do tempo. Os avós nos mostram a verdadeira qualidade de vida ou melhor, a plenitude que não está no usufruir bens materiais mas tecer relacionamentos significativos e profundamente humanos.

Com eles reaprendemos as narrativas, os temperos e as músicas do coração que dão sabor a nossa existência e a tornam gratificante. Foram eles que mantiveram a fé de suas famílias na Rússia, na China e no Japão em meio a perseguições, sendo depositários do Evangelho vivido e testemunhado às vezes com o martírio. Junto a eles a nossa família se torna grande e unida a todas as gerações anteriores, fazendo acontecer a cultura do encontro e de uma comunidade aberta e acolhedora para todas as idades.

Benditos sejam, pois sempre têm tempo para nós, nos ouvem e têm prazer em acompanhar-nos fazendo-nos descobrir a prioridade das pessoas e do parar, para resgatar o rumo e a orientação da nossa caminhada, pois como dizia Santo. Agostinho: "corres muito, mas fora dos trilhos". Honrar e respeitar nossos avós não só é um ato de genuína caridade filial, mas de sabedoria e esperança vital, para podermos cuidar da nossa vida e do planeta permitindo que como eles nos ensinam preservá-lo para todas as gerações humanas e seres vivos da terra. Deus seja louvado!

                  Dom Roberto Francisco Ferreria Paz - Bispo Diocesano de Campos 

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