quarta-feira, 22 de julho de 2015

Refletindo com o Padre Zezinho

Casais em crise

Conheci e conheço vários casais em crise. Cada caso é um caso, mas há um tipo de situação que se revela mais comum e mais frequente. A do casal que teria tudo para dar certo, que deu certo por muitos anos e agora um deles perdeu a paciência: chegou ao limite. Um não consegue e, às vezes, não aceita mudar e o outro não aguenta mais uma relação que não progride nem amadurece.
Ouço, vejo e percebo, com frequência, cansaço e dor oculta por detrás de um sorriso inconformado. O amor que havia foi varrido para debaixo do tapete pela incapacidade ou dele ou dela que não amadureceu. O parceiro que cresceu avisou por anos a fio que, como ia, não dava mais. Um dia, parou de avisar e deixou claro que chegara ao seu limite. Foi então que quem não aceitava mudar, resolveu querer. E já era tarde: a infantilidade se tornara vicio.
Com a graça de Deus e o esforço dos esposos é possível sair da crise
A famosa frase: -“É assim que sou e ninguém vai me mudar”, se transformou num queixoso: -“Fiz tudo o que podia por você! Por que isso agora?”. Aí, os amigos que não queriam se meter não tiveram, outra chance senão oferecer ouvidos e ombros. Mas, como o problema é de saturação, só os dois poderiam resolver. Acontece que um não quer mais e o outro não consegue mudar.
A Igreja sugere um pouco mais de paciência e de perdão. Mas a pessoa cansada não tem mais força para prosseguir. Sente que carrega um peso morto nas costas. Não espera mais nada da pessoa com quem se casou e viveu anos de felicidade. Mas aí veio a inércia. A outra parte achou que tinha feito o suficiente e decidiu que estava bom daquele jeito. Acabou a conquista. E foi ali que começou a derrota, porque enquanto uma pessoa crescia, a outra estacionara. Era uma só pessoa a remar na direção do sonho. A outra remava em sentido contrário ou simplesmente largou seu remo.
Dever demais e prazer de menos. Palavras duras, negócios mal feitos, jeito diferente de lidar com os filhos, ideais opostos, poucas graças sociais, perda de amigos, perda de perspectiva, mudança de fé, perda de libido, tudo mais alguma coisa trouxe o cansaço a uma parte e a incapacidade à outra.
Casamento é experiência dinâmica. Se um cresce o outro precisa crescer. Se ambos crescem o amor sobrevive. Se apenas um cresce o amor entra em crise. Foi visível o que aconteceu naquele jardim. Dois pés de roseira, uma branca e a outra vermelha, enfeitavam a paisagem. A roseira vermelha cresceu viçosa. Não se sabe por que a branca parou de crescer e de dar rosas sadias. A vermelha atraiu elogios e atenção e a branca, críticas e indiferença. Roseiras são o que são, não escolhem. Mas quando se trata de humanos quem deixou de crescer fez a sua escolha. Acomodou-se. Sentimento é como água. Se se acomoda, estagna.
Sinto muito pelos casais em crise. Gostaria de poder ajudá-los, mas só os dois podem salvar seu casamento. Graça de Deus supõe esforço da pessoa. Foi o caso do náufrago que gritava pedindo ajuda com a tábua ao seu lado. O comandante gritou –“Agarre a taboa e mexa-se. Se não fizer isso a onda o levará”. Dá-se o mesmo com casamentos em crise. A tábua existe, mas é melhor que a agarrem enquanto é tempo e saiam da zona de perigo porque em pouco tempo baterão contra o rochedo. E bate, tão certo como dois e dois são quatro!
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                Fonte: padrezezinhoscj.com      Ilustração: santuariodefatimapalmas.com.br

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