terça-feira, 21 de julho de 2015

Simpósio sobre Prosperidade, População e Planeta no Vaticano

Prefeitos brasileiros: 
Criação de agência multinacional contra a fome

Cidade do Vaticano (RV) - O grupo de 70 prefeitos de várias partes do mundo está reunido no Vaticano para discutir a nova forma de escravidão moderna, as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável. O workshop foi transmitido pela internet durante esta terça-feira (21), e poderá ser acompanhado também nesta quarta (22) aqui no site da Rádio Vaticano.
Francisco durante o discurso aos prefeitos
Dentro da delegação de prefeitos brasileiros, quem fez uso da palavra na Casina Pio IV, sede das Pontifícias Academias de Ciência onde acontece o evento, foi o prefeito de Belo Horizonte (MG), Marcio Lacerda, presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). A entidade que Lacerda representa é composta por 200 cidades de médio e grande porte, incluindo as capitais. Eles trabalham para que o impacto social gerado pela urbanização acelerada e desordenada seja superado no Brasil.
Segundo o Papa Francisco, expressamente mobilizando as cidades através da Encíclida Laudato si, “a falta de contato físico e de encontro, às vezes favorecida pela desintegração das nossas cidades, ajuda a cauterizar a consciência e a ignorar parte da realidade em análises enviesadas. Isso às vezes convive com um discurso ‘verde’. Mas, hoje, não podemos deixar de reconhecer que um verdadeiro movimento ecológico se converte sempre num movimento social, que deve integrar a justiça nas discussões sobre o ambiente, para escutar tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres”.
A delegação de prefeitos brasileiros preparou uma carta relatando os principais desafios enfrentados pelos governos locais e pedindo o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) como atores fundamentais na promoção da sustentabilidade e do desenvolvimento humano. Ainda no documento, os prefeitos propõem a transferência de recursos e tecnologias dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento e que o repasse seja feito diretamente às cidades, tendo em vista o consumo de recursos naturais por aqueles países.
Foi o que o prefeito de São Paulo (SP), Fernando Haddad, descreveu no seu pronunciamento como uma ‘agência multinacional’ para a solução da fome e da miséria no mundo. Um esforço conjunto que equilibre ‘as agendas ambiental e social’, já que todas as cidades enfrentam problemas semelhantes. (AC)
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Papa aos prefeitos: 
A Laudato si não é uma encíclica verde, mas social

O Papa Francisco quis participar pessoalmente do encontro organizado pelo Vaticano que reúne prefeitos de todo o mundo, de Nova Iorque a Paris, de São Paulo a Buenos Aires, sobre o tráfico de seres humanos, ou seja, as várias formas de escravidão moderna, além de mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável. Ao final do convênio desta terça-feira (21), o Santo Padre foi recebido pela moderadora do evento, Valeria Mazza, uma modelo argentina. Ainda na sua chegada, abraçou os cardeais Francesco Montenegro, arcebispo de Agrigento, e o brasileiro Claudio Hummes, prefeito emérito da Congregação para o Clero, empenhado pela proteção das populações da Amazônia.
Prefeitos reunidos nesta terça e na quarta-feira
No seu pronunciamento, em espanhol e no improviso, o Santo Padre falou da Sua esperança que as Nações Unidas façam “um acordo de base fundamental”, porque “a ONU precisa realmente assumir uma forte posição sobre esses problemas, em particular, sobre o tráfico de seres humanos, devido às mudanças climáticas. O Santo Padre disse também ter “grandes esperanças sobre o vértice de Paris em dezembro”.
Diante de uma pergunta que lhe foi feita, o Papa disse que “a Sua Encíclica não é uma ‘encíclica verde’, mas, uma ‘encíclica social’, porque, dentro dela, da vida social do homem, não podemos separar o cuidado com o ambiente. Mais ainda, o problema do ambiente é uma atitude social, que nos socializa”.
Francisco também enfatizou que a cultura do cuidado pelo ambiente não é uma atitude somente “digo, no bom sentido, verde, é muito mais. Cuidar do ambiente significa uma atitude de ecologia humana. Já não podemos dizer a pessoa está aqui, e a Criação e o ambiente estão ali. A ecologia é total, é humana. Foi o que eu quis expressar na Encíclica Laudato si. Que não se pode separar o homem do resto. Existe uma relação de incidência mútua. Seja do ambiente sobre a pessoa, seja da pessoa no modo como trata o ambiente. E, também, o efeito de ‘rebote’ contra o homem, quando o ambiente é mal tratado”. (RL-AC)
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Papa e prefeitos assinam declaração para compromissos comuns

O Papa Francisco e os prefeitos reunidos no Vaticano assinaram, nesta terça-feira (21/07), uma Declaração conjunta ao final do Simpósio sobre Prosperidade, População e Planeta.
Papa assina a Declaração
No texto, menciona-se de modo especial  a Conferência sobre o Clima de Paris (COP21), marcado para o final deste ano, como a última efetiva possibilidade de negociar acordos que possam manter o aquecimento global provocado pelo homem abaixo dos 2°C.
“Os líderes políticos de todos os Estados-membros das Nações Unidas têm uma responsabilidade especial em concordar na COP21 um ambicioso acordo sobre o clima, que limite o aquecimento global a um nível seguro para toda a humanidade, protegendo os pobres e os vulneráveis do perigo mortal constituído pelas mudanças climáticas em andamento. Os países de alta renda deveriam contribuir para financiar as despesas com a finalidade de atenuar as mudanças climáticas nos países de baixo renda, como prometeram fazer.”
Os prefeitos – lê-se ainda no texto – se empenham em favorecer a emancipação dos pobres e dos que vivem em condições de vulnerabilidade, reduzindo sua exposição a eventos extremos e catastróficos derivantes de profundas alterações de natureza ambiental, econômica e social, que criam terreno fértil para o tráfico de seres humanos e as migrações forçadas.
Outro compromisso assumido pelos prefeitos é o de lutar pelo fim dos abusos, da exploração, do tráfico de pessoas e de órgãos, da prostituição e da servidão doméstica.
“Queremos que as nossas cidades e centros urbanos se tornem sempre mais socialmente inclusivos, seguros, flexíveis e sustentáveis. Todos os setores e as partes interessadas devem fazer sua parte e nós nos empenhamos plenamente neste sentido, como prefeitos e como pessoas.” (BF)
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Cardeal Hummes: 
Prefeitos se esforçam para entender mensagem do Papa

“Aqui ao meu lado está o Cardeal-Arcebispo encarregado da Amazônia brasileira. Ele pode dizer o que significa uma deflorestação hoje em dia, na Amazônia, que é o pulmão do mundo”: palavras do Papa Francisco no encontro convocado no Vaticano com os prefeitos de grandes cidades.
Papa Francisco e o Cardeal brasileiro Cláudio Hummes
Em entrevista ao Programa Brasileiro, o Arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da Comissão para a Amazônia da CNBB, Cardeal Cláudio Hummes, fala que não há tempo para discussões e que chegou a hora de trabalhar seriamente o problema ambiental relacionando-o à questão social dos pobres:
“Creio que ainda está muito cedo para dizer que os prefeitos do mundo leram e entenderam a mensagem da Laudato si, mas certamente os que estavam ali querem se empenhar mais profundamente nesta problemática e também nisso que o Papa colocou muito claro: a questão ambiental tem a ver com a questão da pobreza, com a questão social. E a questão social não é apenas uma questão técnica, mas ética. Creio que essas coisas vão sendo aos poucos entendidas.”
Para Dom Cláudio, há uma busca de engajamento, pois aumento a consciência de que são fenômenos urgentes. “Não há mais muito tempo para ficar discutindo, para esperar daqui cinco anos um novo encontro. Não. Isso é urgente, tem que se começar, tem que se decidir a começar a trabalhar seriamente com esta preocupação ambiental, ligada à questão social dos pobres. Nesse sentido saí muito otimista de lá. Mas é claro isso leva um certo tempo.”
Na entrevista, Dom Claudio fala ainda de que modo as mudanças climáticas afetam os pobres das grandes cidades e aqueles que moram na Amazônia, definindo os índios “os mais pobres entre os pobres”. Clique acima para ouvir a reportagem completa. (BF)
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Papa pede que prefeitos adotem visão da “periferia ao centro”

O Papa Francisco encerrou, no final da tarde desta terça-feira (21/7), o primeiro dia do encontro em que prefeitos do mundo inteiro debatem propostas para erradicar as formas modernas de escravidão e soluções para as mudanças climáticas.
“O trabalho mais sério e mais profundo se faz da periferia até o centro”, afirmou o Pontífice. “Se o trabalho não vem das periferias até o centro, não tem efeito”, arrebatou Francisco ao dizer que aí está a responsabilidade dos prefeitos e o motivo pelo qual eles participam dos debates promovidos pela Pontifícia Academia das Ciências.
Mudanças climáticas
Francisco cumprimenta os prefeitos
Francisco pôde mais uma vez falar ao mundo sobre suas expectativas para que a Comunidade internacional chegue a um consenso e produza um documento final com propostas concretas ao final da cúpula sobre o clima, marcada para novembro, em Paris.
“Tenho muita esperança, todavia as Nações Unidas precisam se interessar mais fortemente sobre este fenômeno, sobretudo o do tráfico de seres humanos provocado por este fenômeno ambiental, a exploração das pessoas”, esclareceu o Pontífice.
Desenvolvimento integral
O Papa voltou a confirmar que a encíclica Laudato si não é apenas um documento verde, mas uma “encíclica social”, e explicou:
“Porque dentro do entorno social, da vida social dos homens, não podemos separar o cuidado com o ambiente. Mais ainda, o cuidado do ambiente é uma atitude social, que nos socializa em um sentido ou em outro – cada qual pode colocar o valor que quiser – e, por outro lado, nos faz receber. Gosto da expressão em italiano para o ambiente – creato –, daquilo que nos foi dado como um presente, ou seja, o ambiente”.
Crescimento desenfreado
Ao afirmar que o inchaço das grandes cidades é provocado pelas consequências de um modelo de desenvolvimento tecnocrático de exclusão, no qual as pessoas no campo migram aos centro urbanos por não terem mais acesso à terra, o Papa disse que o crescimento desmesurado das cidades está ligado à maneira como se cuida do ambiente.
“É um fenômeno mundial. As grandes cidades se fazem ainda maiores com também cada vez maiores bolsões de pobreza e miséria onde as pessoas sofrem as consequências das negligencias para com o meio ambiente”, conclui Francisco. (RB)
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                                                                                               Fonte: radiovaticana.va

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