Prefeitos brasileiros:
Criação de agência multinacional contra a fomeCidade do Vaticano (RV) - O grupo de 70 prefeitos de várias partes do mundo está reunido no Vaticano para discutir a nova forma de escravidão moderna, as mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável. O workshop foi transmitido pela internet durante esta terça-feira (21), e poderá ser acompanhado também nesta quarta (22) aqui no site da Rádio Vaticano.
Francisco durante o discurso aos prefeitos |
Segundo o Papa
Francisco, expressamente mobilizando as cidades através da Encíclida Laudato
si, “a falta de contato físico e de encontro, às vezes favorecida pela desintegração
das nossas cidades, ajuda a cauterizar a consciência e a ignorar parte da
realidade em análises enviesadas. Isso às vezes convive com um discurso
‘verde’. Mas, hoje, não podemos deixar de reconhecer que um verdadeiro
movimento ecológico se converte sempre num movimento social, que deve integrar
a justiça nas discussões sobre o ambiente, para escutar tanto o clamor da terra
como o clamor dos pobres”.
A delegação de
prefeitos brasileiros preparou uma carta relatando os principais desafios
enfrentados pelos governos locais e pedindo o reconhecimento
da Organização das Nações Unidas (ONU) como atores fundamentais na
promoção da sustentabilidade e do desenvolvimento humano. Ainda no documento,
os prefeitos propõem a transferência de recursos e tecnologias dos países
desenvolvidos aos países em desenvolvimento e que o repasse seja feito
diretamente às cidades, tendo em vista o consumo de recursos naturais por
aqueles países.
Foi o que o
prefeito de São Paulo (SP), Fernando Haddad, descreveu no seu pronunciamento
como uma ‘agência multinacional’ para a solução da fome e da miséria no mundo.
Um esforço conjunto que equilibre ‘as agendas ambiental e social’, já que todas
as cidades enfrentam problemas semelhantes. (AC)
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Papa aos prefeitos:
Papa aos prefeitos:
A Laudato si não é uma encíclica verde, mas social
O Papa Francisco quis participar pessoalmente do encontro
organizado pelo Vaticano que reúne prefeitos de todo o mundo, de Nova Iorque a
Paris, de São Paulo a Buenos Aires, sobre o tráfico de seres humanos, ou seja,
as várias formas de escravidão moderna, além de mudanças climáticas e
desenvolvimento sustentável. Ao final do convênio desta terça-feira (21), o
Santo Padre foi recebido pela moderadora do evento, Valeria Mazza, uma
modelo argentina. Ainda na sua chegada, abraçou os cardeais Francesco
Montenegro, arcebispo de Agrigento, e o brasileiro Claudio Hummes, prefeito
emérito da Congregação para o Clero, empenhado pela proteção das populações da
Amazônia.
Prefeitos reunidos nesta terça e na quarta-feira |
Diante de uma
pergunta que lhe foi feita, o Papa disse que “a Sua Encíclica não é uma
‘encíclica verde’, mas, uma ‘encíclica social’, porque, dentro dela, da vida
social do homem, não podemos separar o cuidado com o ambiente. Mais ainda, o
problema do ambiente é uma atitude social, que nos socializa”.
Francisco também
enfatizou que a cultura do cuidado pelo ambiente não é uma atitude somente
“digo, no bom sentido, verde, é muito mais. Cuidar do ambiente significa uma
atitude de ecologia humana. Já não podemos dizer a pessoa está aqui, e a
Criação e o ambiente estão ali. A ecologia é total, é humana. Foi o que eu quis
expressar na Encíclica Laudato si. Que não se pode separar o homem do resto.
Existe uma relação de incidência mútua. Seja do ambiente sobre a pessoa, seja
da pessoa no modo como trata o ambiente. E, também, o efeito de ‘rebote’ contra
o homem, quando o ambiente é mal tratado”. (RL-AC)
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Papa e prefeitos assinam declaração para compromissos comuns
O Papa Francisco e os prefeitos reunidos no Vaticano assinaram,
nesta terça-feira (21/07), uma Declaração conjunta ao final do Simpósio sobre
Prosperidade, População e Planeta.
Papa assina a Declaração |
No texto,
menciona-se de modo especial a Conferência sobre o Clima de Paris
(COP21), marcado para o final deste ano, como a última efetiva possibilidade de
negociar acordos que possam manter o aquecimento global provocado pelo homem
abaixo dos 2°C.
“Os líderes
políticos de todos os Estados-membros das Nações Unidas têm uma
responsabilidade especial em concordar na COP21 um ambicioso acordo sobre o
clima, que limite o aquecimento global a um nível seguro para toda a
humanidade, protegendo os pobres e os vulneráveis do perigo mortal constituído
pelas mudanças climáticas em andamento. Os países de alta renda deveriam
contribuir para financiar as despesas com a finalidade de atenuar as mudanças
climáticas nos países de baixo renda, como prometeram fazer.”
Os prefeitos –
lê-se ainda no texto – se empenham em favorecer a emancipação dos pobres e dos
que vivem em condições de vulnerabilidade, reduzindo sua exposição a eventos
extremos e catastróficos derivantes de profundas alterações de natureza
ambiental, econômica e social, que criam terreno fértil para o tráfico de seres
humanos e as migrações forçadas.
Outro
compromisso assumido pelos prefeitos é o de lutar pelo fim dos abusos, da
exploração, do tráfico de pessoas e de órgãos, da prostituição e da servidão
doméstica.
“Queremos que as
nossas cidades e centros urbanos se tornem sempre mais socialmente inclusivos,
seguros, flexíveis e sustentáveis. Todos os setores e as partes interessadas
devem fazer sua parte e nós nos empenhamos plenamente neste sentido, como prefeitos
e como pessoas.” (BF)
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Cardeal Hummes:
Prefeitos se esforçam para entender mensagem do Papa
“Aqui ao meu lado está o Cardeal-Arcebispo encarregado da
Amazônia brasileira. Ele pode dizer o que significa uma deflorestação hoje em
dia, na Amazônia, que é o pulmão do mundo”: palavras do Papa Francisco no
encontro convocado no Vaticano com os prefeitos de grandes cidades.
Papa Francisco e o Cardeal brasileiro Cláudio Hummes |
Em entrevista ao
Programa Brasileiro, o Arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da Comissão
para a Amazônia da CNBB, Cardeal Cláudio Hummes, fala que não há tempo para
discussões e que chegou a hora de trabalhar seriamente o problema ambiental
relacionando-o à questão social dos pobres:
“Creio que ainda
está muito cedo para dizer que os prefeitos do mundo leram e entenderam a
mensagem da Laudato si, mas certamente os que estavam ali querem se empenhar
mais profundamente nesta problemática e também nisso que o Papa colocou muito
claro: a questão ambiental tem a ver com a questão da pobreza, com a questão
social. E a questão social não é apenas uma questão técnica, mas ética. Creio
que essas coisas vão sendo aos poucos entendidas.”
Para Dom
Cláudio, há uma busca de engajamento, pois aumento a consciência de que são
fenômenos urgentes. “Não há mais muito tempo para ficar discutindo, para
esperar daqui cinco anos um novo encontro. Não. Isso é urgente, tem que se
começar, tem que se decidir a começar a trabalhar seriamente com esta
preocupação ambiental, ligada à questão social dos pobres. Nesse sentido saí
muito otimista de lá. Mas é claro isso leva um certo tempo.”
Na entrevista,
Dom Claudio fala ainda de que modo as mudanças climáticas afetam os pobres das
grandes cidades e aqueles que moram na Amazônia, definindo os índios “os mais
pobres entre os pobres”. Clique acima para ouvir a reportagem completa. (BF)
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Papa pede que prefeitos adotem visão da “periferia ao centro”
O Papa Francisco encerrou, no final da tarde desta terça-feira
(21/7), o primeiro dia do encontro em que prefeitos do mundo inteiro debatem
propostas para erradicar as formas modernas de escravidão e soluções para as
mudanças climáticas.
“O trabalho mais
sério e mais profundo se faz da periferia até o centro”, afirmou o Pontífice.
“Se o trabalho não vem das periferias até o centro, não tem efeito”, arrebatou
Francisco ao dizer que aí está a responsabilidade dos prefeitos e o motivo pelo
qual eles participam dos debates promovidos pela Pontifícia Academia das
Ciências.
Mudanças
climáticas
Francisco cumprimenta os prefeitos |
Francisco pôde
mais uma vez falar ao mundo sobre suas expectativas para que a Comunidade
internacional chegue a um consenso e produza um documento final com propostas
concretas ao final da cúpula sobre o clima, marcada para novembro, em Paris.
“Tenho muita
esperança, todavia as Nações Unidas precisam se interessar mais fortemente
sobre este fenômeno, sobretudo o do tráfico de seres humanos provocado por este
fenômeno ambiental, a exploração das pessoas”, esclareceu o Pontífice.
Desenvolvimento
integral
O Papa voltou a
confirmar que a encíclica Laudato si não é apenas um documento verde, mas uma
“encíclica social”, e explicou:
“Porque dentro
do entorno social, da vida social dos homens, não podemos separar o cuidado com
o ambiente. Mais ainda, o cuidado do ambiente é uma atitude social, que nos
socializa em um sentido ou em outro – cada qual pode colocar o valor que quiser
– e, por outro lado, nos faz receber. Gosto da expressão em italiano para o
ambiente – creato –, daquilo que nos foi dado como um presente, ou seja, o
ambiente”.
Crescimento
desenfreado
Ao afirmar que o
inchaço das grandes cidades é provocado pelas consequências de um modelo de
desenvolvimento tecnocrático de exclusão, no qual as pessoas no campo migram
aos centro urbanos por não terem mais acesso à terra, o Papa disse que o
crescimento desmesurado das cidades está ligado à maneira como se cuida do
ambiente.
“É um fenômeno
mundial. As grandes cidades se fazem ainda maiores com também cada vez maiores
bolsões de pobreza e miséria onde as pessoas sofrem as consequências das
negligencias para com o meio ambiente”, conclui Francisco. (RB)
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Fonte: radiovaticana.va
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