domingo, 12 de julho de 2015






Papa se despede da América Latina

Assunção (RV) – Às 19hs36 locais o voo da Alitália partiu do Aeroporto Internacional de Assunção rumo à Itália, tendo a bordo seu mais ilustre passageiro, o Papa Francisco, que concluía assim a nona viagem internacional de seu pontificado, a segunda à América Latina.  Após sete dias de uma verdadeira “maratona” por três países latino-americanos – Equador, Bolívia e Paraguai -, o Papa Francisco despediu-se do continente que tanto conhece e ama com o encontro com os jovens, último compromisso oficial no Paraguai. Ao deixar o encontro com os jovens, o Papa parou para abençoar o local onde um incêndio, em 2004, destruiu o Centro Comercial Ycuà Bolaños, matando  400 pessoas e deixando mais de 500 feridos.No Aeroporto, Francisco foi recebido pelo Presidente Horacio Manuel Cartes.
Numa cerimônia bem mais longa wue o previsto, um coral de jovens índios fez uma apresentação de vozes e instrumentos típicos, o que evocou em muito a atmosfera das Reduções jesuíticas, recordadas pelo Papa Francisco em dois discursos. Após, outro grupo de danças rendeu sua homenagem final ao ilustre hóspede que emocionou o país.
Que frutifiquem as sementes de amor e paz lançadas por Francisco!
Bergoglio dirigiu-se a seguir ao Aeroporto Internacional de Assunção, onde foi recebido pelo Presidente Horacio Manuel Cartes. Não houve discursos.
Passando por diferenças quase extremas de temperatura e altitudes, Francisco mostrou-se absolutamente à vontade, “em casa” – como afirmou num discurso – ao encontrar culturas tão ricas e diversas dos povos latino-americanos, que em comum, tem também as desigualdades e a história de luta por um mundo mais justo e fraterno. Profundo conhecedor da realidade latino-americana, Francisco escutou, observou e falou, mas acima de tudo, mostrou proximidade, apontando situações de injustiça, mas acima de tudo encorajando e levando esperança. Ele que viajou ao continente sob o lema da alegria e da esperança, da Evangelii Gaudium, tão citada em seus pronunciamentos.
Difícil encontrar uma única palavra que represente as tantas que poderiam caracterizar esta sua viagem: família, alegria, diálogo, cultura do encontro, justiça, descarte, pobres, solidariedade, fraternidade, gratuidade, subsidiariedade, cultura, memória, crianças, jovens, idosos, inclusão. Palavras e temas que não são novidade, para quem acompanha o pontificado do jesuíta, mas que adquirem uma particular conotação quando pronunciadas no continente que o gerou. Outra talvez, nem mais novidade, foram os improvisos nos discursos, alguns deixados de lado, preferindo-se deixar-se guiar pela inspiração do ambiente e das pessoas com quais estava.
Papa Francisco, talvez um estilo diferente, inovador de ser Papa, um estilo, por que não, latino-americano de fazer e sentir as coisas. Chamou a atenção para os pobres e os excluídos, nos ensina a olhar para os mais fracos e desfavorecidos. Olhemos agora para o futuro, na esperança de que sejam colhidos bons frutos das sementes lançadas numa terra que anseia por uma nova esperança e um mundo novo. (JE)

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Papa Francisco:
O cristão é aquele que aprendeu a hospedar

Assunção (RV) - Depois de visitar a comunidade paraguaia de Bañado Norte, no último dia de sua 9ª viagem apostólica internacional à América Latina, o Papa Francisco presidiu a celebração eucarística no Parque Ñu Guazú, em Assunção.
Milhares de fiéis participaram da missa, incluindo a Presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
O Papa iniciou a sua homilia partindo do versículo 13 do Salmo 84: “O Senhor dar-nos-á chuva e dará fruto a nossa terra”. Somos convidados a celebrar a misteriosa comunhão entre Deus e o seu Povo, entre Deus e nós. A chuva é sinal da sua presença, na terra trabalhada pelas nossas mãos. Uma comunhão que sempre dá fruto, que sempre dá vida. Esta confiança brota da fé, de saber que contamos com a sua graça que sempre transformará e regará a nossa terra.”
Segundo o pontífice, esta confiança se aprende, se educa. “Uma confiança que se vai gerando no seio duma comunidade, na vida duma família. Uma confiança que se transforma em testemunho no rosto de tantos que nos encorajam a seguir Jesus, a ser discípulos d’Aquele que nunca desilude”. 
Fé e alegria
“O discípulo sente-se convidado a confiar, sente-se convidado por Jesus a ser amigo, a compartilhar a sua sorte, a partilhar a sua vida. «A vós, não vos chamo servos, chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que sabia do meu Pai». Os discípulos são aqueles que aprendem a viver na confiança da amizade. O Evangelho fala-nos deste discipulado. Apresenta-nos a cédula de identidade do cristão; a sua carta de apresentação, a sua credencial.”
“Poderíamos concentrar-nos em palavras como «pão», «dinheiro», «alforje», «cajado», sandálias», «túnica». E seria lícito. Mas parece-me que há aqui uma palavra-chave, que poderia passar despercebida. Uma palavra central na espiritualidade cristã, na experiência do discipulado: hospitalidade. Como bom mestre, Jesus envia-os a viver a hospitalidade. Diz-lhes: «Permanecei na casa onde vos derem alojamento”, disse ainda o pontífice. 
Poderíamos dizer que é cristão aquele que aprendeu a hospedar, a alojar.
“Jesus não os envia como poderosos, como proprietários, chefes, carregados de leis, normas. Ao contrário, mostra-lhes que o caminho do cristão é transformar o coração. Aprender a viver de forma diferente, com outra lei, sob outra norma. É passar da lógica do egoísmo, do fechamento, da luta, da divisão, da superioridade para a lógica da vida, da gratuidade, do amor. Passar da lógica do dominar, esmagar, manipular para a lógica do acolher, receber, cuidar. São duas as lógicas que estão em jogo, duas maneiras de enfrentar a vida, a missão.”
Francisco destacou que “a Igreja é uma mãe de coração aberto que sabe acolher, receber, especialmente a quem precisa de maior cuidado, que está em maior dificuldade. A Igreja é a casa da hospitalidade. Quanto bem se pode fazer, se nos animarmos a aprender a linguagem da hospitalidade, do acolher! Quantas feridas, quanto desespero se pode curar numa casa onde alguém se sente bem-vindo!”
“Muitas vezes esquecemo-nos de que há um mal que precede os nossos pecados. Há uma raiz que causa muito, muito dano, que destrói silenciosamente tantas vidas. Há um mal que, pouco a pouco, vai fazendo ninho no nosso coração e «corroendo» a nossa vitalidade: a solidão”, disse o Papa acrescentando:
“Solidão que pode ter muitas causas, muitos motivos. Como destrói a vida e nos faz tão mal! Vai-nos afastando dos outros, de Deus, da comunidade. Vai-nos encerrando em nós mesmos. Por isso, o que é próprio da Igreja, desta mãe, não é principalmente gerir coisas, projetos, mas aprender a viver a fraternidade com os outros. A fraternidade acolhedora é o melhor testemunho de que Deus é Pai, porque é por isto que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.”
Confira aqui a íntegra da homilia.
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                                                                            Fonte: radiovaticana.va       news.va

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