Não somos eternos, somos homens e mulheres em caminho
A morte é um fato, uma herança e uma memória: Francisco propôs esta três reflexões para nos salvar da ilusão de sermos donos do tempo.
Cidade do
Vaticano - A certeza da
morte guiou a reflexão do Papa Francisco na missa celebrada esta manhã (01/02)
na capela da Casa Santa.
A primeira
leitura fala da morte do Rei Davi. Ele – o grande Rei – o homem que consolidou
o próprio Reino também ele deve morrer, não é o dono do tempo.
“Nós não somos
nem eternos nem efêmeros: somos homens e mulheres em caminho no tempo, tempo
que começa e tempo que acaba”, disse o Papa. Diante desta constatação,
Francisco propôs três ideias: a morte é um fato, uma herança e uma
memória.
Fato
A morte é um
fato. Nós podemos pensar tantas coisas, inclusive imaginar que somos eternos,
mas o fato acontece. Cedo ou tarde, chega. É um fato que toca todos nós. Nós
estamos em caminho e não ao léu ou homens e mulheres num labitinto:
Mas existe a
tentação do momento que toma conta da vida e o leva a girar no momento deste
labirinto egoísta do momento sem futuro, sempre ida e volta, ida e volta, não?
E o caminho acaba na morte, todos sabemos disso. E por isso a Igreja sempre
buscou refletir sobre este nosso fim: a morte.
Herança
“Eu não sou o
dono do tempo”, “repetir isso ajuda”, aconselhou o Papa, “porque nos salva
daquela ilusão do momento, de tomar a vida como um cadeia de aneis de momenos,
que não tem sentido”. “Estou em caminho e devo olhar avante.” Segundo: a
herança. Eu vou embora e deixo uma herança. Não a do dinheiro, das
propriedades, das posses, mas a herança do testemunho. Davi, por exemplo,
deixou a herança da conversão, de adorar Deus antes de si mesmo depois de uma
vida de pecados.
Quando pensamos
num morto, disse ainda o Papa, sempre pensamos numa pessoa santa. “Existem duas
maneiras de canonizar as pessoas: na Praça S. Pedro e nos funerais, porque se
torna sempre um santo e porque não representa mais uma ameaça para nós. Mas, ao
invés, devemos nos perguntar:
Que herança eu
deixarei como testemunho de vida? É uma bela pregunta a nos fazer. E assim nos
preparar porque todos nós, nenhum de nós permanecerá “de relíquia”. Não, todos
percorreremos este caminho.
Memória
Terceiro: a
memória. A morte é memória, uma memória antecipada para refletir:
Mas quando eu
morrer, o que eu gostaria de ter feito hoje nesta decisão que eu tenho que
tomar hoje, no modo de viver de hoje? É uma memória antecipada que ilumina o
momento do hoje. Iluminar com o fato da morte as decisões que eu tenho que
tomar todos os dias.
Francisco
concluiu convidando os fiéis a lerem o capítulo II do Primeiro Livro dos Reis.
Ler e pensar: “eu estou em caminho, o fato – eu morrerei -, qual será a herança
que deixarei e como é importante para mim a luz, a memória antecipada da morte,
sobre as decisões que devo tomar hoje. Nos fará bem a todos”.
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Fonte: www.vaticannews.va/pt
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