Todos têm o direito de receber a Palavra
Francisco
prosseguiu o ciclo de reflexões sobre a Missa na audiência desta Quarta-feira
de Cinzas. A respeito das Orações dos fiéis, disse que "preces míopes,
auto-referenciais ou ditadas por lógicas mundanas não chegam ao Céu".
Cidade do
Vaticano - A Liturgia da Palavra e de modo especial, o Credo e a Oração dos
fiéis, foram temas da catequese feita pelo Papa Francisco aos 10 mil
participantes da audiência geral nesta quarta-feira (14/02), na Praça São
Pedro.
Décima
reflexão de Francisco sobre o andamento da missa
Na missa, depois
de ouvirmos as leituras e a homilia do celebrante, a Liturgia da Palavra
prossegue. É um direito do fiel receber a Palavra. O Senhor fala a todos,
pastores e fiéis; Ele chama, consola, faz germinar vida nova e reconciliada em
cada um dos participantes segundo a sua idade, condição e situação de
vida. A Palavra muda os corações.
“Depois da
homilia é necessário um tempo de silêncio para que ‘a semente recebida
sedimente em nossas almas, para que nasçam propósitos de adesão àquilo que o
Espírito sugere a cada um”.
Credo é
profissão de fé
Em seguida,
temos a resposta comum da assembleia à Palavra ouvida; uma resposta que toma a
forma da profissão de fé da Igreja, expressa no ‘Credo’, recitado por todos
juntos.
Francisco
prosseguiu explicando que “existe uma relação vital entre escuta e fé – estão
unidas – porque a fé não nasce de fantasias da mente humana, mas sim da
pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo. Ou seja, a fé alimenta-se
com a escuta da Palavra e conduz ao Sacramento – no caso da missa, a comunhão”.
Preces
convencionais não chegam ao Céu
“Os Sacramentos
são ‘sinais’ da fé, a supõem e a suscitam. A resposta à Palavra é a súplica
comum chamada Oração universal, também conhecida como Oração dos fiéis. Isto
porque nos primeiros séculos, depois da homilia, os catecúmenos saiam da
igreja, enquanto os fiéis já batizados uniam suas vozes suplicando juntos ao
Senhor”.
As preces, sob a
guia do sacerdote e com a participação do povo, devem abraçar as necessidade da
Igreja e do mundo: orações pela santa Igreja, por aqueles que nos governam, por
quem passa necessidades, por todos os homens e pela salvação do mundo. Depois
das intenções, a assembleia une sua voz, invocando: “Senhor, escutai a nossa
prece”.
É o momento de
pedirmos ao Senhor coisas fortes
“Preces míopes,
auto-referenciais ou ditadas por lógicas mundanas não chegam ao Céu”
Finalizando,
Francisco lembrou que as preces devem dar voz às necessidades concretas da
comunidade eclesial e do mundo, evitando recorrer a fórmulas convencionais.
"A Oração dos Fiéis nos exorta a assumir o olhar de Deus que cuida de
todos os seus filhos”.
Quaresma,
retorno ao amor do Pai
Após a
catequese, o Papa cumprimentou os grupos de vários países presentes na Praça e
lembrou que nesta Quarta-feira de Cinzas tem início o caminho quaresmal,
sugerindo especialmente aos jovens que vivam este tempo de graça como um
‘retorno’ ao amor do Pai, que todos aguarda de braços abertos.
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Assista:
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Assista:
Papa na Missa desta quarta:
Quaresma é
tempo precioso para desmascarar as tentações
O Santo Padre
convidou também a parar “um pouco com o olhar altivo, com o comentário ligeiro
e desdenhoso que nasce do ter esquecido a ternura, a compaixão e o respeito
pelo encontro com os outros".
Cidade do
Vaticano - O Papa Francisco
presidiu, nesta quarta-feira (14/02), na Basílica de Santa Sabina, no bairro
Aventino, em Roma, a santa missa com o rito de imposição das cinzas.
“O tempo de
Quaresma é propício para corrigir os acordes dissonantes da nossa vida cristã e
acolher a notícia sempre nova, feliz e esperançosa da Páscoa do Senhor. Na sua
sabedoria materna, a Igreja propõe-nos prestar especial atenção a tudo o que
possa arrefecer e oxidar o nosso coração de fiel”, disse o Papa em sua homilia.
Segundo o
Pontífice, “várias são as tentações, a que nos vemos expostos. Cada um de nós
conhece as dificuldades que deve enfrentar". E é triste constatar,
nas vicissitudes diárias, como se levantam vozes que, aproveitando-se da
amargura e da incerteza, nada mais sabem semear senão desconfiança.
E, se o fruto da
fé é a caridade – como gostava de repetir Santa Teresa de Calcutá –, o
fruto da desconfiança é a apatia e a resignação.
“Desconfiança,
apatia e resignação: os demônios que cauterizam e paralisam a alma do povo
fiel.”
Francisco
ressaltou que “a Quaresma é tempo precioso para desmascarar estas e outras
tentações e deixar que o nosso coração volte a bater segundo as palpitações do
coração de Jesus. Toda esta liturgia está impregnada por este sentir,
podendo-se afirmar que o mesmo ecoa em três palavras que nos são oferecidas
para «aquecer o coração fiel»: para, olha eregressa”.
Papa Francisco
na missa de imposição das cinzas
Parar
“Para um
pouco, deixa esta agitação e este correr sem sentido que enche a alma de
amargura sentindo que nunca se chega a parte alguma.
“Para, deixa
esta obrigação de viver de forma acelerada, que dispersa, divide e acaba por
destruir o tempo da família, o tempo da amizade, o tempo dos filhos, o tempo
dos avós, o tempo da gratuidade... o tempo de Deus.”
“Para um
pouco com essa necessidade de aparecer e ser visto por todos, mostrar-se
constantemente «na vitrine», que faz esquecer o valor da intimidade e do
recolhimento”, disse ainda o Papa Francisco.
O Santo Padre
convidou também a parar “um pouco com o olhar altivo, com o comentário ligeiro
e desdenhoso que nasce do ter esquecido a ternura, a compaixão e o respeito
pelo encontro com os outros, especialmente os vulneráveis, feridos e até
imersos no pecado e no erro”.
“Para um pouco
com essa ânsia de querer controlar tudo, saber tudo, devassar tudo, que nasce
de se ter esquecido a gratidão pelo dom da vida e tanto bem recebido.”
Para um
pouco com o ruído ensurdecedor que atrofia e atordoa os nossos ouvidos e nos
faz esquecer a força fecunda e criativa do silêncio.
Para um
pouco com a atitude de fomentar sentimentos estéreis e infecundos que derivam
do fechamento e da autocomiseração e levam a esquecer de sair ao encontro dos
outros para compartilhar os fardos e os sofrimentos.
Para diante
do vazio daquilo que é instantâneo, momentâneo e efêmero, que nos priva das
raízes, dos laços, do valor dos percursos e de nos sentirmos sempre a caminho”.
“Pare, para
olhar e contemplar”, disse ainda o Papa.
Olhar
A seguir,
Francisco convidou a olhar, olhar “os sinais que impedem de se apagar a
caridade, que mantêm viva a chama da fé e da esperança. Rostos vivos com a
ternura e a bondade de Deus, que age no meio de nós”.
“Olha o rosto
de nossas famílias que continuam a apostar dia após dia, fazendo um grande
esforço para avançar na vida e, entre muitas carências e privações, não
descuram tentativa alguma para fazer da sua casa uma escola de amor.”
"Olha os
rostos interpeladores de nossas crianças e jovens carregados de futuro e
de esperança, carregados de amanhã e de potencialidades que exigem
dedicação e salvaguarda.Rebentos vivos do amor e da vida que sempre conseguem
abrir caminho por entre os nossos cálculos mesquinhos e egoístas."
“Olha os rostos
dos nossos idosos, enrugados pelo passar do tempo: rostos portadores da memória
viva do nosso povo. Rostos da sabedoria operante de Deus.”
Olha os
rostos dos nossos doentes e de quantos se ocupam deles; rostos que,
na sua vulnerabilidade e no seu serviço, nos lembram que o valor de cada pessoa
não pode jamais reduzir-se a uma questão de cálculo ou de utilidade.
Olha os rostos
arrependidos de muitos que procuram remediar os seus erros e disparates e,
a partir das suas misérias e amarguras, lutam por transformar as situações e
continuar para diante.
Olha e contempla o
rosto do Amor Crucificado, que continua hoje, a partir da cruz, a ser portador
de esperança; mão estendida para aqueles que se sentem crucificados, que
experimentam na sua vida o peso dos fracassos, dos desenganos e das desilusões.
“Olha e
contempla o rosto concreto de Cristo crucificado por amor de todos sem
exclusão.”
De todos? Sim;
de todos. Olhar o seu rosto é o convite cheio de esperança deste tempo de
Quaresma para vencer os demónios da desconfiança, da apatia e da
resignação. Rosto que nos convida a exclamar: o Reino de Deus é possível!”
Regressar
“Para, olha e
regressa”, frisou o Papa. Regressa à casa de teu Pai.
“Regressa sem
medo aos braços ansiosos e estendidos de teu Pai, rico em misericórdia, que te
espera!”
“Regressa! Sem
medo: este é o tempo oportuno para voltar a casa, a casa do «meu Pai e vosso
Pai». Este é o tempo para se deixar tocar o coração... Permanecer no
caminho do mal é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra
coisa muito diferente, e bem o sabe o nosso coração. Deus não Se cansa nem Se
cansará de estender a mão."
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Assista:
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Papa envia
mensagem aos brasileiros por ocasião da CF 2018
“Fraternidade e
superação da violência” é o tema da Campanha para a Quaresma, em 2018. O
Evangelho de Mateus inspira o lema: “ Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).
Cidade do
Vaticano - Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
apresenta a Campanha da Fraternidade como caminho de conversão quaresmal. Um
caminho pessoal, comunitário e social que visibilize a salvação paterna de
Deus. “Fraternidade e superação da violência” é o tema da Campanha para a
Quaresma, em 2018. O Evangelho de Mateus inspira o lema: “ Vós sois todos
irmãos” (Mt 23,8).
A Campanha será
lançada oficialmente nesta Quarta-feira de Cinzas e tem como objetivo geral:
“Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da
justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”.
De acordo com o
Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrichs Steiner, sofremos e estamos
quase estarrecidos com a violência. Não apenas com as mortes que aumentam, mas
também por ela perpassar quase todos os âmbitos da nossa sociedade. A ética que
norteava as relações sociais está esquecida. Hoje, temos corrupção, morte e
agressividade nos gestos e nas palavras. Assim, quase aumenta a crença em nossa
incapacidade de vivermos como irmãos.
Por ocasião do
lançamento da Campanha da Fraternidade 2018 o Papa Francisco enviou uma
mensagem ao Presidente da CNBB, o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Sérgio da
Rocha.
Eis na íntegra a
mensagem do Papa:
Queridos irmãos
e irmãs do Brasil!
Neste tempo
quaresmal, de bom grado me uno à Igreja no Brasil para celebrar a Campanha
“Fraternidade e a superação da violência”, cujo objetivo é construir a
fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz
da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Desse modo, a
Campanha da Fraternidade de 2018 nos convida a reconhecer a violência em tantos
âmbitos e manifestações e, com confiança, fé e esperança, superá-la pelo
caminho do amor visibilizado em Jesus Crucificado.
Jesus veio para
nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10). Na medida em que Ele está no meio de nós,
a vida se converte num espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade
para todos (cf. Exort. Apost. Evangelii gaudium, 180). Este tempo penitencial,
onde somos chamados a viver a prática do jejum, da oração e da esmola nos faz
perceber que somos irmãos. Deixemos que o amor de Deus se torne visível entre
nós, nas nossas famílias, nas comunidades, na sociedade.
“É agora o
momento favorável, é agora o dia da salvação” (1 Co 6,2; cf. Is 49,8), que nos
traz a graça do perdão recebido e oferecido. O perdão das ofensas é a expressão
mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de
que não podemos prescindir. Às vezes, como é difícil perdoar! E, no entanto, o
perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a
serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a
violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs
e superar a violência. Acolhamos, pois, a exortação do Apóstolo: “Que o sol não
se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4, 26).
Sejamos
protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da
paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que
nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no
dia-a-dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da
comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos
gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida,
de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade: “Vós sois
todos irmãos” (Mt 23,8), como destaca o lema da Campanha da Fraternidade deste
ano. Em Cristo somos da mesma família, nascidos do sangue da cruz, nossa
salvação. As comunidades da Igreja no Brasil anunciem a conversão, o dia da
salvação para conviverem sem violência.
Peço a Deus que
a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos de
superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a
proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro,
concedendo a Bênção Apostólica. Peço que todos rezem por mim.
Vaticano, 27 de
janeiro de 2018.
[Franciscus PP.]
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Fonte: www.vaticannews.va
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