Ver do alto
A quaresma nos coloca na visão, a partir de cima, para nos encontrarmos em baixo como irmãos solidários, sabendo que Deus caminha conosco.
Jesus levou
consigo três apóstolos até o alto da montanha e se transfigurou
esplendorosamente diante deles estupefatos. Moisés e Elias apareceram e
conversavam com o Mestre. Os discípulos queriam permanecer nessa visão de
modo continuado, quando ouviram uma voz divina, dizendo-lhe que eles deviam
seguir o que o Filho Jesus dizia (Cf. Marcos 2-10). De fato, os três até deram
a vida pelo Senhor.
Do alto da
montanha, também como aconteceu com Moisés, é possível ver melhor o que
acontece lá em baixo com o povo. Para quem sobe para falar com Deus, saindo do
burburinho do cotidiano, tem a graça divina para levar a efeito a missão de
ajudar o semelhante na caminhada da planície, cheia de percalços, desafios,
inanição, injustiças, corrupção, materialismo e exclusões sociais desumanas.
Sem Deus o ser humano se animaliza e não tem norte e parâmetro do amor para
ajudar o convívio promotor da vida digna para todos. A família fica massacrada,
os pobres não têm vez, a juventude fica sem busca de ideal e a violência tira a
paz e os danos lesam a vida humana de grandes parcelas.
A transfiguração
de Jesus é também possível para todos nós, a partir de nossa fé, que o faz
perceber não simplesmente como um líder a mais e sim como verdadeiro Filho de
Deus. A quaresma nos coloca na visão, a partir de cima, para nos encontrarmos
em baixo como irmãos solidários, sabendo que Deus caminha conosco. Com Ele
temos a força para superarmos a caminhada da planície terrestre. Assim
superamos as agressões à vida, à natureza e à dignidade humana. A violência da
corrupção e da violência geram exclusões e ferem a presença divina em nosso
convívio. A Campanha da Fraternidade nos lembra que somos irmãos. Por isso, a
visão de cima, ou da fé no Filho de Deus, faz-nos irmanar mais para implantar a
justiça e a paz. Se não colocarmos a mão na consciência, onde Deus nos fala
fortemente, não mudamos nossa planície. Por isso, a quaresma nos é muito
propícia para orarmos, meditarmos na Palavra divina e revermos se nossa
caminhada é feita em obediência a Deus. Assim faremos uma sociedade que
valorize mais a família bem constituída e promoveremos mais entendimento,
misericórdia e promoção dos mais fragilizados socialmente.
Tirar os
mecanismos agressivos à pessoa humana e ao bem comum é próprio de quem vê a
vida a partir de sua origem e finalidade em Deus. Nessa direção ajudamos a
formar a consciência da cidadania e da alteridade, tão importantes para
convivermos como pessoas de grandeza moral. Canalizamos os instintos para eles
serem direcionados para a construção de uma convivência no entendimento e na
colaboração de todos com a justiça e a paz na sociedade, com proveito para cada
um.
O texto da
Campanha da Fraternidade deste ano focaliza a Fraternidade e a superação da
violência. Quem o usa encontra subsídios muito ricos para o enfoque do tema,
com a ajuda para uma boa preparação para a celebração da Páscoa da ressurreição
de Jesus. Esta vem nos mostrar o porquê segui-Lo. Afinal, ela é a prova
fundamental da fé, pois, não estamos seguindo um fundador de religião a mais e
sim o Filho de Deus, conforme o revelado na transfiguração do monte Tabor!
Dom José Alberto Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
...............................................................................................................................................
Fonte: cnbbleste2.org.br Ilustração: liturgia.catequisar.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário