"A sede de lágrimas que devemos aprender"
O sacerdote
Tolentino Mendonça continuou a série de pregações ao Papa e seus colaboradores.
"As lágrimas podem nos tornar santos, depois de humanos", afirmou.
Cidade do
Vaticano - Na localidade de
Ariccia, ao sul de Roma, o Papa Francisco e seus colaboradores da
Cúria prosseguem os exercícios espirituais até sábado (24/02). Na manhã desta
quarta-feira (21/02), o pregador, Pe. Tolentino Mendonça, propôs uma
meditação intitulada “As lágrimas que falam de uma sede”, inspirada na presença
feminina no Evangelho.
As mulheres nos
abrem o Evangelho
Padre Tolentino
ressaltou que as mulheres, na narração evangélica, se expressam quase sempre
com gestos. Dedicam-se ao serviço, não competem pela liderança; estão ‘com’
Jesus e fazem de seu destino o próprio. ‘Servem’, que na gramática de Jesus, é
o verbo mais nobre.
“Com esta
linguagem, evangelizam com o modo dos periféricos, dos simples, dos últimos”
Uma espécie de
sede
Curiosamente, no
Evangelho de Lucas, um dos elementos que une as personagens femininas são as
lágrimas: todas choram, expressando emoções, conflitos, alegrias, solidão ou
feridas. Nos Evangelhos, Cristo também chora, assumindo a nossa condição e
todas as lágrimas do mundo. Elas explicam a nossa sede de vida, de desejo; de
relação. São a linha divisória que distingue os seres que sabem tudo dos seres
que não sabem nada. São aquilo que pode nos tornar santos depois de humanos.
As lágrimas da
mulher sem nome
Papa Francisco e seus colaboradores |
O Evangelho de
Lucas apresenta uma mulher que chora e ensina a chorar: uma intrusa, discípula
anônima que segue o Mestre confiante que Ele a protegerá. Aparece sem ser
convidada, unge e chora aos pés de Jesus. Não teve medo, mas suas lágrimas
‘contavam sua história’, como afirma o escritor Roland Barthes. Nosso choro não
revela apenas a intensidade da nossa dor, mas a natureza de nossa sensibilidade
pois chorando, nos dirigimos sempre a alguém. É a sede do próximo que nos leva
a chorar.
“As lágrimas
suplicam a presença de um amigo capaz de acolher nossa intimidade sem palavras
e abraçar a nossa vida, sem julgar”
Vê esta mulher?
Prosseguindo a
meditação, Pe. Tolentino afirmou que o pranto da mulher intrusa era um
‘dilúvio’: ela banhou os pés de Jesus, os enxugou com os cabelos, os beijou e
perfumou”. Em uma palavra, ‘tocou’ Jesus.
“Como
sacerdotes, muitas vezes tomamos distância da religiosidade popular que se
expressa com lágrimas e afetividade, considerando-a uma forma de devoção
‘primitiva’; ou às vezes nem a notamos”
“É difícil
perceber a religião dos simples, baseada em gestos e não em ideias. A religião
dos pastores pode ser perfeita em termos formais, teologicamente impecável, mas
é ascética, impessoal, atuada com eficiência... mas não comove, não chega às
lágrimas... vai com o ‘piloto automático’”.
“Repete-se
conosco – concluiu o pregador – o que aconteceu com o fariseu: convidamos Jesus
a entrar em nossa casa, mas não somos disponíveis a celebrar com Ele aquela
forma radical de hospitalidade que é o amor”.
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Bergoglio
completa 17 anos de cardinalato
Com Jorge Mario
Bergoglio receberam as insígnias cardinalícias das mãos de São João Paulo II os
brasileiros Cláudio Hummes e Geraldo Majella Agnelo.
Cidade do
Vaticano – No dia 21 de
fevereiro de 2001, 17 anos atrás, o então Arcebispo de Buenos Aires, Jorge
Mario Bergoglio, era criado cardeal por São João Paulo II. Naquela ocasião, o
Colégio Cardinalício ganhou 44 novos cardeais, entre os quais os brasileiros
Cláudio Hummes e Geraldo Majella Agnelo.
“Venerados
Irmãos, vocês são os primeiros Cardeais criados no novo milênio. Depois de ter
bebido em abundância nas fontes da misericórdia divina durante o Ano Santo, a
barca mística da Igreja prepara-se agora para "se fazer novamente ao
largo", para transmitir ao mundo a mensagem da salvação. Em conjunto,
queremos içar as suas velas ao vento do Espírito, perscrutando os sinais dos
tempos e interpretando-os à luz do Evangelho”, disse São João Paulo II na
homilia da missa.
Os 44 cardeais
eram provenientes de vinte e sete países de quatro continentes. “Não é por
acaso também este um sinal da capacidade que a Igreja, já presente em todos os
recantos do planeta, tem de compreender povos de diferentes tradições e
linguagens, para transmitir a todos o anúncio de Cristo? N'Ele, e só n'Ele, é
possível encontrar a salvação”, disse ainda o então Pontífice.
Dessa profética
homilia pronunciada em meio à diversidade cultural dos novos cardeais subiu ao
trono de Pedro o primeiro Papa oriundo da América Latina.
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Assista:
Fonte: www.vaticannews.va
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