Porque jejuar nas sextas-feiras da Quaresma?
Durante a
Quaresma – período de preparação para a festa da Páscoa – a Igreja recomenda
que os fieis façam jejum e abstinência, principalmente às sextas-feiras. A
prática é muito comum durante este tempo litúrgico, mas também no decorrer do
ano. Mas porque jejuar nas sextas-feiras quaresmais?
“Para tornar
mais verdadeira, autêntica e transparente a nossa vida diante de Deus”, explica
o bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal
Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
dom Armando Bucciol.
“A finalidade
proposta é viver o jejum como renúncia de algo que nos dá prazer imediato e,
porém, não é só o aspecto negativo da renúncia, mas impositivo. Eu insisto, o
jejum é para tornar mais autentica, transparente e verdadeira conosco mesmo no
relacionamento com os ouros e no final com Deus a nossa existência terrena”,
explicou
O bispo
ressalta ainda que sexta-feira na tradição da Igreja é o dia da morte do
Senhor. Portanto, desde os primeiros séculos se tornou um dia litúrgico. Isto
é, em que se recordava a morte do Senhor de uma maneira especial.
“O fato de
ter um dia de Jejum é para viver juntos como Igreja Universal um gesto que
manifeste a nossa busca de uma espiritualidade mais profunda, mais autêntica
ligada ao sofrimento de Cristo”, destaca.
De acordo com
o Código de Direito Canônico – leis que orientam a Igreja Católica – o jejum é
a “forma de penitência que consiste na privação de alimentos”. Para tal
prática, a orientação tradicional é que se faça apenas uma refeição completa
durante o dia e, caso haja necessidade, pode-se tomar duas outras pequenas
refeições, que não sejam iguais em quantidade à habitual.
Segundo dom
Armando, a Igreja enriquecida por uma longa história documentada pela Bíblia,
fala muitas vezes da necessidade de jejuar. Na Sagrada Escritura, o profeta
Isaías insiste que não basta um jejum como obra exterior. É importante jejuar
como purificação interior.
“Nós como
Igreja temos essa obra durante a Quaresma com o intuito da vivência mais
profunda com nós mesmo e com Deus para que a nossa vida se torne mais pura,
autêntica e fiel”.
Conforme as
orientações da Igreja, o jejum e a abstinência são obrigatórios na Quarta-feira
de Cinzas e na Sexta-feira Santa e estão obrigados ao jejum os que tiverem
completado 18 anos até os 59 completos. Os outros podem fazer, mas sem
obrigação. Grávidas e doentes estão dispensados do jejum, bem como aqueles que
desenvolvem árduo trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.
Sobre a
abstinência, o Direito Canônico diz que “consiste na escolha de uma alimentação
simples e pobre”. Segundo o documento, a tradição da Igreja indica a abstenção
de carne, pelo menos nas sextas-feiras da Quaresma. “Mas poderá ser substituída
pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo os mais requintados e
dispendiosos [caros] ou da especial preferência de cada um”, orienta o
documento.
Para dom
Armando, o jejum quaresmal é um momento para entrar em si mesmos e ver na
transparência do mistério de Deus a proposta cristã o que torna a vida mais
bela, transparente.
“Quem ganha
com o jejum não é Deus, somos nós. São as nossas vidas que se tornam mais
verdadeiras em si mesmas. É claro a motivação não é de ordem só estética ou
física, mas espiritual. Mas, Deus é aquele que, mais do que todos, procura o
nosso bem e a Igreja, fiel a uma longa tradição de espiritualidade, convida
seus filhos a fazer renúncias que não são tanto para honrar a Deus, é para
tornar o nosso relacionamento com Ele mais puro, rico, belo, mais fiel ao
projeto que Ele nos deixou”, finaliza o bispo.
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Fonte: cnbb.net.br
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