sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Leituras do

5º Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura: Jó 7,1-4.6-7
Leitura do Livro de Jó:
Jó disse: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário?
Como um escravo suspira pela sombra, como um assalariado aguarda sua paga, assim tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimento. Se me deito, penso: Quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde e me encho de sofrimentos até ao anoitecer.
Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança. Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade!
...........................................................................................................................................................
Salmo: 146
Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
- Louvai o Senhor Deus, porque ele é bom, cantai ao nosso Deus, porque é suave: ele é digno de louvor, ele o merece! O Senhor reconstruiu Jerusalém, e os dispersos de Israel juntou de novo.
- Ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura; fixa o número de todas as estrelas e chama a cada uma por seu nome.
- É grande e onipotente o nosso Deus, seu saber não tem medida nem limites. O Senhor Deus é o amparo dos humildes, mas dobra até o chão os que são ímpios.
...........................................................................................................................................
2ª Leitura: 1Cor 9,16-19.22-23
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios:
Irmãos: Pregar o Evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se eu não pregar o Evangelho!
Se eu exercesse minha função de pregador por iniciativa própria, eu teria direito a salário. Mas, como a iniciativa não é minha, trata-se de um encargo que me foi confiado. Em que consiste, então, o meu salário? Em pregar o Evangelho, oferecendo-o de graça, sem usar os direitos que o Evangelho me dá. Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.
Com os fracos, eu me fiz fraco, para ganhar os fracos. Com todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do Evangelho eu faço tudo, para ter parte nele.
...........................................................................................................................................................
Evangelho: Mc 1,29-39
Evangelho de São Marcos:
Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André.
A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus.
E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu em frente da casa.
Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto.
Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”.
Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
...........................................................................................................................................................
Reflexão
Assumindo o sofrimento de todos
As leituras de hoje estão interligadas por uma alusão quase imperceptível: enquanto Jó se enche de sofrimento até o anoitecer (1ª leitura), Jesus cura o sofrimento até o anoitecer (evangelho). O conjunto do evangelho mostra Jesus empenhando-se, sem se poupar, para curar os enfermos de Cafarnaum. E no dia seguinte, o poder de Deus, que ele sente agir em si, o impele para outras cidades – sem se deixar “privatizar” pelo povo de Cafarnaum. A paixão de Jesus é deixar efluir de si o poder benfazejo de Deus. Ele não pensa em si mesmo, não se protege, não se poupa. Ele assume, sem limites, o sofrimento do povo. Ele tem consciência de ser isso a sua missão: “Foi para isso que eu vim”. Ele não pode recusar a Deus esse serviço.
Nosso povo, muitas vezes, vê nas doenças e no sofrimento um castigo de Deus. Mas quando o enviado de Deus mesmo se esgota em aliviar as dores do povo, como essas doenças poderiam ser um castigo de Deus? Não serão sinal de outra coisa? Há muito sofrimento que não é castigo de quem sofre. Que é simplesmente condição humana, condição da criatura, porém, também ocasião para Deus manifestar seu amor ao ser humano. O evangelista João dirá que a doença é uma oportunidade para Deus manifestar sua glória (Jô 9,3; 11,4).
Por mais que o homem consiga dominar os problemas de saúde, não consegue excluir o sofrimento, pois esse tem outra fonte. No mais perfeito dos mundos – como o descreve um romance dos anos 1930 – no mundo sem doenças, os humanos sofrem pelo desamor, pela mútua manipulação, pela desconfiança, pela insignificância, pelo mal que o ser humano causa ao seu semelhante. Por isso, o relato bíblico do pecado atribui o sofrimento fundamentalmente ao pecado; porém, não ao pecado individual – o livro de Jó contesta com força tal atribuição (e também Jo 9,3, cf. acima) – mas ao pecado instalado na humanidade, o pecado das origens (Gn 3,15-19).
Que Jesus apaixonadamente se entrega à cura de todos os males, inclusive em outras cidades, é uma manifestação do Espírito de Deus, que está sobre Jesus, e que renova o mundo (cf. Sl 104 [103], 30). O evangelista Mateus (Mt 8,17) compreendeu isso muito bem, quando acrescentou ao texto de Mc 1,34 a citação de Is 53,4 (do Servo Sofredor): “Ele assumiu nossas dores e carregou nossas enfermidades”. Ora, se é pelo pecado do mundo que as dores se transformaram num mal que oprime a alma, logo mais Jesus terá de se revelar como aquele que perdoa o pecado (cf. 7º domingo). Também se hoje acontecem curas e outros sinais do amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus Cristo, é preciso que reconheçamos nisso os sinais do Reino que Jesus vem trazer presente.
                    Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
.....................................................................................................................................
                                        Reflexão e Ilustração: franciscanos.org.br  Banner: cnbb.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário