Fiéis leigos
Os leigos são
cristãos que têm uma missão especial na Igreja e na sociedade. Pelo batismo,
receberam essa vocação de viver intensamente a serviço do Reino de Deus. O
ministério ordinário do cristão leigo é estar no mundo testemunhando o Cristo
Ressuscitado. É um cristão que segue a Cristo radicalmente e O testemunha em
seus ambientes. Esse é o lugar por excelência dos leigos. Constituem a maioria
da Igreja, Povo de Deus, e imaginamos como é importante que esses nossos
irmãos, que se alimentam da Palavra e Eucaristia em nossas Assembléias, sejam
sempre mais sal da terra e luz do mundo.
Porém, além de
seu protagonismo no ministério ordinário que lhes é confiado pela Igreja, eles
desempenham vários ministérios, em geral, extraordinários, dentro da comunidade
eclesial. Os leigos são chamados a desempenhar diversas tarefas: catequista,
ministro extraordinário da Comunhão Eucarística, da Consolação e da Esperança,
em alguns lugares também do Batismo e do Matrimônio, agente das diferentes
pastorais, atividades como, por exemplo, o edificante serviço aos pobres e aos
doentes. São chamados, ainda a colaborar no governo paroquial e diocesano,
participando dos conselhos pastorais e econômicos.
Protagonistas no anúncio do Evangelho |
A missão do
leigo é ser fermento nos ambientes em que vive; nesses campos de vida e de
atuação, ser “sal da vida e luz do mundo”. O Concílio Vaticano II e os
ensinamentos dos últimos Papas insistem muito na necessidade de os leigos
participarem ativamente na construção de uma nova sociedade, aperfeiçoando os
bens existentes e sanando os males.
"Os Cristãos
Leigos são homens e mulheres da Igreja no coração do mundo, homens e mulheres
do mundo no coração da Igreja". (Documento de Aparecida, 210). São João
Paulo II dizia-nos: "a Evangelização do Continente não pode realizar-se
hoje sem a colaboração dos fiéis leigos". (EAm 44). O Documento de
Aparecida retoma e reafirma as posições do Concílio Vaticano II de que os
Leigos são membros efetivos do Povo de Deus e são Igreja. Para exercerem sua
missão, sem dúvida que o ponto de partido é o encontro com Cristo Ressuscitado.
A primeira e única opção fundamental é por Cristo. Tendo esse encontro, que
transforma vidas e histórias, estarão prontos para dialogar com todas as
realidades sem perder a identidade cristã.
Duas são as
dimensões da vocação laical. Em uma, os leigos são chamados a exercerem
diversas ações na comunidade eclesial e em diferentes formas de apostolado.
Devem dar seu testemunho de vida e assumir diversos ministérios e serviços na
evangelização, na catequese, na animação de comunidades, na liturgia, dentre
outros. (Cf. DA 211). A outra dimensão, esta essencial, é a de atuar no mundo,
"a vinha do Senhor", com a tarefa de ser fermento, sal e luz seja
pelo testemunho, seja pela ação transformadora na construção da sociedade justa
e solidária, conforme os critérios evangélicos. Esta missão específica deve ser
vivenciada pelos leigos na política, na realidade social, na economia, nos
meios de comunicação, nos sindicatos, no mundo do trabalho urbano e rural, na
cultura, na família e em tantas outras realidades. (Cf EN 70 e DA 210).
O protagonismo
dos leigos está presente na caminhada da Igreja, através de todos os seus fiéis
e de suas lideranças, que promovem e levam à frente a tarefa da evangelização,
sempre em união com seus pastores. Para contribuir nesse processo, a CNBB
possui uma Comissão Episcopal para o Laicato, que tem como função, na Igreja no
Brasil, promover a vocação e missão, formação e espiritualidade dos leigos, bem
como sua organização e atuação na Igreja e na sociedade. É uma Comissão da Conferência
Episcopal que tem essa especial direção. Fazem parte da Comissão Episcopal do
Laicato os Setores Leigos, Juventude e CEBs. A Comissão tem relação de comunhão
com o CNLB – Conselho Nacional do Laicato do Brasil – e com outros Movimentos e
Associações Laicais. São expressões vivas e dinâmicas da presença e da força
dos leigos nas comunidades.
Neste ano, a 54ª
Assembleia Geral Ordinária da CNBB (6 a 15 de abril em Aparecida-SP) terá como
tema principal: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na Igreja e na Sociedade”,
com o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5, 13-14). Como tema principal
terá mais tempo para aprofundamento do tema e para discussões em grupos e em
plenário. Já são mais de dois anos que esse tema está sendo aprofundado e,
provavelmente, neste ano deverá sair o documento que atualiza essa presença do
cristão leigo como Igreja no mundo de hoje.
Nesta esperança
depositada da Igreja em seus leigos, é dever de todos que abraçam este estado
de vida, propagar a fé e defender todas as diretrizes da Igreja e confirmar
esta santidade, pois temos a certeza de participar ativamente dos mistérios de
Cristo. “Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: por
eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade. Por isso, eles, sobretudo, devem
ter uma consciência cada vez mais clara, não somente de que pertencem à Igreja,
mas de que são Igreja, isto é, comunidade dos fiéis na Terra sob a direção do
chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são Igreja” (Papa
Pio XII).
Cardeal Orani João Tempesta - Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
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Fonte: cnbb.org.br Ilustração: diocesedepauloafonso.com.br
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