Doutores da lei estão fechados à profecia e à vida
Cidade do Vaticano
(RV) – O Papa Francisco começou a semana celebrando a Missa na Casa Santa
Marta, nesta segunda-feira (11/04). A sua homilia foi centralizada na primeira
leitura dos Atos dos Apóstolos, em que os doutores da lei acusam Estêvão com
calúnias porque não conseguem “resistir à sabedoria e ao Espírito” com que ele
falava. Instigam falsos testemunhos para dizer que o ouviram “pronunciar
blasfêmias contra Moisés, contra Deus”.
Tenhamos o coração aberto à inspiração de Deus |
“O coração
fechado à verdade de Deus – observou o Papa – fica preso somente à verdade da
lei”, ou melhor – precisou o Pontífice – “mais do que pela lei, pela letra”, e
“não encontra outra saída a não ser a mentira, o falso testemunho e a
morte”. Jesus já os havia repreendido por esta atitude, porque “seus pais
tinham matado os profetas” e eles, agora, construíam monumentos a esses
profetas.
E a resposta dos
“doutores da letra” é mais “cínica” do que “hipócrita”: “Se nós
estivéssemos na situação dos nossos pais, não teríamos feito o mesmo”. E “assim
– explicou o Papa – se lavam as mãos e se julgam puros diante de si mesmos. Mas
o coração está fechado à Palavra de Deus, está fechado à verdade, está fechado
ao mensageiro de Deus que traz a profecia para levar avante o povo de Deus”:
Coração fechado
“Faz-me mal
quando leio aquele pequeno trecho do Evangelho de Mateus, quando Judas
arrependido vai aos sacerdotes e diz ‘pequei’ e quer dar … e dá as moedas. ‘Que
nos importa! – dizem eles – o problema é seu!” Um coração fechado diante deste
pobre homem arrependido que não sabia o que fazer. “O problema é seu’ e foi se
enforcar. E o que eles fazem quando Judas vai se enforcar? Falam e dizem ‘mas,
pobre homem? Eh, sim…’ Não! As moedas, rápido! “Essas moedas são a preço de
sangue, não podem entrar no templo …” e a regra é esta, esta e esta... Os
doutores da letra”.
E o Papa Francisco
prosseguiu:
“A eles não
importa a vida de uma pessoa, a eles não importa o arrependimento de Judas: O
Evangelho diz que ele voltou arrependido. A eles importa somente o seu esquema
de leis e muitas palavras e coisas que construíram. Esta é a dureza de seu
coração. Esta é a dureza do coração, da tolice do coração dessa gente que, como
não podia resistir à verdade de Estêvão, vai procurar testemunhos, testemunhas
falsas para julgá-lo.”
História
Estêvão, afirmou
o Papa, termina como todos os profetas, termina como Jesus. Isso se repete na
história da Igreja:
“A história nos
fala de muita gente que foi morta e julgada não obstante fosse inocente.
Julgada com a Palavra de Deus, contra a Palavra de Deus. Pensemos na caça às
bruxas ou em Santa Joana D’Arc, em muitos outros que foram queimados e
condenados porque não se ajustaram, segundo os juízes, à Palavra de Deus. É o
modelo de Jesus que, por ter sido fiel e obedecido à Palavra do Pai, termina na
cruz. Com muita ternura Jesus diz aos discípulos de Emaús: ‘Ó tolos e tardos de
coração’! Peçamos hoje ao Senhor para que com a sua ternura olhe as pequenas e
grandes tolices de nosso coração, nos acaricie e nos diga ‘Ó tolos e tardos de
coração’ e comece a nos explicar as coisas.” (BF/MJ)
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Fonte: radiovaticana.va
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