“Não basta crer, é preciso convencer”
Após o retiro do
final de semana, os bispos de todo o Brasil retomaram os trabalhos da
Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida. A manhã desta segunda-feira (11)
iniciou com a Missa, em intenção pelos bispos falecidos, realizada no Santuário
Nacional.
Presidência da Eucaristia |
Em sua homilia,
Dom José Alberto falou sobre como é indispensável a busca por Jesus para a
humanidade. Ele afirmou que diversos motivos levam as pessoas a procurarem
Jesus, como curas e milagres, mas destacou: “Jesus adverte pela necessidade de
buscar o alimento que não perece, mas que dá base para a vida eterna. Depois
que Jesus colocou esse desafio muitos deixaram de segui-lo”.
O arcebispo
disse ainda que “é preciso seguir a Jesus pro der e vier, eis a nossa fé. Jesus
desafiou até os apóstolos: vocês também querem ir embora? E Pedro faz sua
profissão de fé: ‘só tu tens Palavra de Vida’. Após isso, os apóstolos deram a
vida para o anúncio do evangelho”.
Bispos participantes |
Nesse sentido, o
presidente da celebração recordou os bispos falecidos, principalmente desde a
última assembleia da CNBB, em 2015.
“Fazendo
memória, dos bispos falecidos, temos os testemunhos e os valores assumidos por
eles, o compromisso que firmaram com Jesus e os serviços prestados à sociedade.
Eles foram verdadeiros missionários de Jesus. Pedimos para que Deus os tenha na
vida eterna e que rezem para que nós sigamos os seus bons exemplos: com paixão
e doação total, executando a vontade do Pai”.
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Bispos refletem sobre "misericórdia e justiça"
e perspectivas pastorais da Amoris Laetitia
Apresentação dos
temas ocorreu no sexto dia da 54ª Assembleia Geral da CNBB
A Comissão
Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) apresentou na manhã desta segunda-feira, 11, ao episcopado
brasileiro reunido em Assembleia, a relação entre a misericórdia e a justiça,
presente na Bula de Proclamação do Jubileu da Misericórdia, a Misericordiae
Vultus, e as perspectivas pastorais da exortação apostólica do papa
Francisco, Amoris Laetitia.
Dia de intenso trabalho |
O bispo de Bom
Jesus da Lapa (BA), dom João Cardoso, e membro da Comissão, falou aos bispos
sobre a Justiça e a Misericórdia. “Entre justiça e misericórdia, aparentemente,
parece não haver possibilidade de relação. Cada um dos termos pertence a campos
semânticos diferentes. A misericórdia tem aspecto mais subjetivo e aparece
ligada ao sentimento de compaixão. A justiça apresenta-se mais ligada à razão”,
explicou.
“A misericórdia
tem conotação moral e religiosa. Situa-se no âmbito da vida privada e diz
respeito a atos de misericórdia e compaixão que somos interpelados a praticar
em determinados contextos. A justiça situa-se na esfera pública da vida, da
sociedade”, complementou.
Porém, conforme
lembra dom João, o papa Francisco afirma na Misericordiae Vultus, que a
misericórdia não é contrária à justiça. “Se Deus se detivesse na justiça
deixaria de ser Deus. Seria como todos os homens que clamam pelo respeito da
lei. A justiça por si só não é suficiente. Por isso, Deus com a misericórdia e
o perdão passa além da justiça. Deus não rejeita a justiça. Ele engloba-a e
supera-a no evento superior , no qual se experimenta o amor que está na base de
uma verdadeira justiça”, acrescenta.
Diz, ainda, que
o conceito de justiça baseado no “dar a cada um aquilo que lhe é devido” tem a
ver com reciprocidade. Porém, recorda que Jesus ensina que se deve fazer o bem
aos amigos e inimigos. “Em nenhum contexto seria justo o mal a alguém”,
afirma.
Falou, ainda, do
justo universal que corresponde à ordem jurídica e do justo particular, que se
divide em distributivo e corretivo. Segundo as explicações, a justiça
distributiva regula a relação entre o todo e as partes, isto é, entre o Estado
e os indivíduos. É caracterizada pela divisão de recompensas de acordo com o
mérito. Já a justiça corretiva regula as relações entre as partes,
entre os cidadãos do Estado. “Não importa quem cometeu o crime, se o homem de
bem ou um bandido, ele deve ser punido de acordo com o delito cometido. Aqui,
em princípio há uma reciprocidade na aplicação das penas; entretanto, a
compensação não poderia ser exatamente igual em todos os casos, visto que
dependeria de cada ocorrência particular”, complementou.
Dom João disse
que “o primado da misericórdia sobre a justiça se traduz, no plano social, como
o dever do Estado em garantir àqueles que não têm mérito algum o acesso aos
benefícios e ao bem-estar social, assegurando-lhes o direito de serem
amparados, assistidos e protegidos pelo fato de serem pessoas humanas”. Para o
bispo, “os pobres e os miseráveis não podem esperar eternamente pela boa
vontade de cristãos caridosos ou de pessoas de boa vontade”. Ele recorda que há
direitos fundamentais que devem ser efetivados “para que a justiça não
corra o risco de ser destruída, como ensina o papa Francisco”.
Perspectivas
pastorais da Amoris Laetiti
O bispo
coadjutor de Luziânia (GO), dom Waldemar Passini, apresentou aos bispos os nove
capítulos da exortação apostólica pós-sinodal do papa Francisco, Amoris
Laetiti que, segundo ele, proporciona ampla reflexão sobre o amor.
Dom Waldemar
lembrou que a exortação é oferecida após a realização dos sínodos do papa sobre
a família, ocorridos em 2014 e 2015, à luz da Palavra, e destacou três aspectos
para estimular a leitura do texto: a sinodalidade como caráter exemplar, a
linguagem e a capacidade de interpelar, estimular e acompanhar.
O bispo de Coari
(AM), dom Marcos Piatek destacou as perspectivas pastorais do capítulo sexto da
exortação apostólica. Conforme o bispo, o papa deixa dois critérios para
elaborar novos caminhos pastorais. “O primeiro visa a fidelidade à doutrina da
Igreja. O segundo procura ver a necessidade e os desafios locais”, diz. Para
dom Piatek, o papa Francisco, com este documento, pretende apontar apenas
alguns princípios fundamentais que aparecem no cotidiano como: anunciar o
Evangelho da Família; guiar os noivos no caminho do matrimônio; acompanhar nos
primeiros anos da vida matrimonial; iluminar crises, angústias e dificuldades;
acompanhar as famílias que sofrem com a dor da morte.
O bispo auxiliar
de Porto Alegre (RS), dom Leomar Brustolin, fez uma exposição sobre o
oitavo capítulo da exortação apostólica. “Trata-se de um convite à
misericórdia e ao discernimento pastoral perante situação que não corresponde
plenamente ao que o Senhor nos propõe”, disse. Dom Leomar destacou quatro
palavras-chave para a leitura do capítulo: proximidade, discernimento,
misericórdia e integração à comunidade.
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Bispos aprofundam
reforma do processo de nulidade
e posturas pastorais da Exortação pós-sinodal
Reforma do
processo canônico para as causas de nulidade, questões práticas e perspectivas
pastorais da Exortação pós-sinodal do Papa Francisco “Amoris laetitia”, sobre o
amor na família e o retiro dos bispos que teve como pregador, o cardeal
italiano Gianfranco Ravasi, foram os assuntos apresentados pelos bispos na
coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (11), sexto dia da 54ª
Assembleia Geral da CNBB.
Dom Darci Nicioli abre a Coletiva de Imprensa |
Estavam
presentes na coletiva, o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de
Aparecida (SP) e Dom Sérgio de Deus Borges, bispo auxiliar de São Paulo (SP).
Dom Raymundo
resumiu a reflexão apresentada pelo Cardeal Ravasi centrada no tema da
misericórdia como oportuna e de profundo enriquecimento para todos os bispos,
visto o seu vasto currículo.
“Ele abordou o
tema da misericórdia sob diversos aspectos e muito bem fundamentado do ponto de
vista bíblico e do ponto de vista cultural. Foi um retiro muito proveitoso e
muito agradável”, afirmou o cardeal.
Na sequência, o
Cardeal falou sobre a Exortação “Amoris laetitia”, especificamente sobre os
capítulos sexto e oitavo, que apresentam questões práticas e perspectivas
pastorais a respeito da família citando algumas posturas pastorais, entre elas,
o reforço da Pastoral Familiar, a preocupação com a formação dos futuros padres
diante do desafio do acompanhamento das famílias desde a preparação dos casais
antes do matrimônio, a celebração e a direção espiritual dos casais durante
toda a vida, bem como os casais separados e divorciados recasados.
Dom Raymundo Damasceno |
Dom Damasceno
enfatizou o desejo do Papa de que esses casais sejam acolhidos e acompanhados
pela Igreja. “Eles precisam de acompanhamento da Igreja, isso é fundamental.
Até para viver na comunidade, pois eles não estão excomungados”, frisou o
cardeal destacando o grande número de casais que participam da vida da Igreja
dando testemunho de caridade e responsabilidade.
Em seguida,
tomou a palavra Dom Sérgio de Deus que falou com clareza sobre a reforma
anunciada pela Igreja no ano passado que favoreceu uma maior celeridade no
encaminhamento e proferimento de sentenças dos processos de nulidade matrimonial
pelos tribunais da Igreja.
Dom Sérgio de Deus |
O bispo recordou
que este pedido por um “processo mais breve” esteve em discussão na Igreja
desde o Concílio Vaticano II e com o Papa Francisco recebeu atenção e decisão.
Dom Sérgio detalhou diversos pontos do Motu Próprio “Mitis Iudex Dominus”, que
foram aprimorados por Francisco, com destaque à duração do processo até o
proferimento da sentença que agora pode chegar a quatro ou cinco meses.
“Nós temos este
processo, este novo percurso que o Papa Francisco apresenta. Então não é para
favorecer a nulidade é para ajudar as pessoas a viver na santidade. Esta me
parece a beleza deste documento, do caminho e do magistério que representa o
Papa Francisco a todos nós”, enfatizou.
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Fonte: a12.com Banner: cnbb.org.br
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