quinta-feira, 7 de abril de 2016

Em missa, Núncio Apostólico acolhe novos bispos da CNBB

De maio de 2015 a março de 2016, ocorreram treze nomeações ao episcopado brasileiro
Dom Nélio, Dom Giovanni e Dom Henrique
O segundo dia da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciou com missa, na Basílica Nacional do Santuário de Aparecida, nesta quinta-feira, 07 de abril. A celebração foi presidida pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D'Aniello, e concelebrada pelos bispos de Dourados (MS), dom Henrique Aparecido, e de Jataí (GO), dom Nélio Domingos Zortea.
Na abertura da missa, dom Giovanni D´Aniello acolheu os novos bispos nomeados no período de maio de 2015 a março de 2016 e desejou paz no ministério episcopal à serviço da Igreja. 
Durante a homilia, o bispo meditou sobre o Evangelho de João, capítulo 3, que trata do amor de Deus pela humanidade. Dom Giovanni explicou que o Pai confiou a Jesus e à Igreja a missão de anunciar o amor e a misericórdia aos povos.
“Deus se inclina na nossa condição. É a grandeza da misericórdia de Deus que vem ao nosso encontro. Ele é o Pai que envia seu Filho para nos lembrar que não estamos sós, mas temos a proteção de um Deus que nos Ama. Ele foi até a cruz para nos resgatar”, refletiu. 
Proclamar a misericórdia
Ao recordar a passagem de Atos dos Apóstolos, capítulo 5, versículo 27, o núncio destacou o compromisso dos discípulos, que a exemplo de Jesus, também são chamados a anunciar o amor e a misericórdia. 
Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida
“Ainda que enfrentemos dificuldades, não podemos desanimar. Assim como os apóstolos, precisamos permanecer firmes no chamado que Deus faz a cada um de nós”, disse o bispo.
No contexto do Ano da Misericórdia, convocado pelo papa Francisco, explicou que é o Espírito Santo que doa a fé, sendo Ele o verdadeiro dom da fé. Dom Giovanni convidou os novos bispos a serem testemunhas do amor e da misericórdia do Pai em suas dioceses, levando ao povo de Deus a mensagem de esperança e paz.
“O amor para iluminar as mentes e os corações, para purificar as nossas intenções. Que Deus nos dê o Espírito da verdade, o paráclito. Que Maria Santíssima, Nossa Senhora Aparecida, nos acompanhe nesses dias e apresente a Jesus as nossas dificuldades. Que Deus nos abençoe”, concluiu dom Giovanni.
Bispos nomeados 2015-2016
Dom Adilson Pedro Busin, C.S., bispo auxiliar de Porto Alegre (RS); Dom José Albuquerque de Araújo, bispo auxiliar de Manaus (AM); Dom Henrique Aparecido de Lima, bispo de Dourados (MS); Dom Frei João Muniz Alvez, OFM, bispo da Prelazia de Xingu (PA); Dom Paulo Bosi Dal'Bó, bispo de São Mateus (ES); Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, C.SS.R, bispo coadjutor da Prelazia de Borba (AM); Dom Nélio Domingos Zortea, bispo de Jataí (GO); Dom Aparecido Donizete de Souza, bispo Auxiliar de Porto Alegre (RS); Dom José Reginaldo Andrietta, bispo de Jales (SP); Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, bispo de Garanhuns (PE); Dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS); Dom Frei Carlos Alberto Breis Pereira, OFM, bispo coadjutor de Juazeiro (BA); Mons. Luiz Carlos Dias, nomeado bispo auxiliar de São Paulo (SP).
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Bispos refletem sobre tema central da Assembleia Geral
“Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo” é o título do texto que, se aprovado pelos bispos, pode tornar-se documento da CNBB
Apresentação do Documento 107
O tema central da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo”, foi apresentado aos bispos reunidos em Aparecida (SP), nesta quinta-feira, 7. Trata-se da versão ampliada do Estudo 107 da CNBB, que foi tema prioritário da Assembleia ocorrida em 2015 e que, após contribuições, retorna à discussão do episcopado, podendo tornar-se, caso aprovado, documento da Conferência. 
Na ocasião, foram expostas a redação, estrutura e repercussão do texto nos regionais e diversos ambientes eclesiais no País.
O bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Severino Clasen, abordou o caminho histórico de redação do material.  Dom Severino mencionou que “o fruto das reflexões e estudos dos bispos referenciais estimulou o debate sobre o laicato e que por ocasião do aniversário do Vaticano II, ganhou mais força ainda”. 
Repercussão 
O vice-presidente do Conselho Nacional de Leigos (CNL) e assessor da Comissão para o Laicato, Laudelino Augusto, testemunhou a repercussão do texto.  “O tema foi estudado nas assembleias regionais da CNBB, nas paróquias, movimentos, associações laicais, novas comunidades, pelos profissionais e no mundo político. As assessorias aos encontros acontecidos, desde a primeira versão do documento, mostraram a expectativa em torno da reflexão”.   A divulgação do texto teve a finalidade de ajudar o cristão leigo a se reconhecer como sujeito na ação eclesial na sociedade.
Estrutura 
A estrutura do texto foi apresentada pelo arcebispo de Londrina (PR) e presidente da Comissão para o Tema Central da Assembleia, dom Orlando Brandes. Conforme explicação, a versão ampliada do Estudo 107 possui uma perspectiva pastoral e está organizado conforme o método “Ver, Julgar e Agir”, utilizado pela Igreja no Brasil em seus documentos. O texto inspira-se na matriz eclesial do Concílio Vaticano II, com um acento no Documento de Aparecida e na exortação apostólica Evangelii Gaudium. Está estruturado a partir de dois eixos: o leigo como sujeito da ação pastoral e o mundo como primeiro campo de atuação do leigo.
O primeiro capítulo mostra o rosto atual do cristão leigo, o mundo como o primeiro campo de ação deste sujeito eclesial e as características do mundo globalizado, no qual a missão se desenvolve. O segundo capítulo trata do leigo como "discípulo missionário e cidadão". Nele são abordadas a identidade e a vocação laical, os âmbitos da comunhão eclesial e a atuação do leigo como sujeito. No terceiro capítulo é relatada a natureza da ação transformadora do cristão leigo na Igreja e no mundo, com seus areópagos modernos.
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Cardeal Cláudio Hummes:
"Igreja só poderá encontrar um rosto amazônico à medida que se envolver realmente"
Presidente da Comissão para a Amazônia apresentou, aos bispos, desafios da região.
“Os desafios conclamam a Igreja na Amazônia a ser missionária, misericordiosa e profética. É preciso apresentar um rosto amazônico da Igreja. A Igreja só poderá encontrar um rosto amazônico à medida que se envolver realmente”, disse o arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, à Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta quinta-feira, 7, em Aparecida (SP).
Dom Cláudio fala aos bispos
Dom Cláudio apontou os desafios encontrados na ação evangelizadora na região amazônica e apresentou os trabalhos da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). 
Segundo o arcebispo, a região compreende, ao todo, 56 circunscrições eclesiásticas, correspondendo a um pouco mais da metade do território brasileiro. A Comissão para a Amazônia surgiu com a finalidade de acompanhar a ação evangelizadora do local. “A Comissão foi criada para sensibilizar as pessoas para a missão na Amazônia, um lugar onde existem muitas carências, inclusive materiais”, relatou. 
De acordo com o cardeal, desde a criação da Comissão, houve um crescimento do número de padres, religiosos e leigos missionários na Amazônia. “Este crescimento deve-se ao fato de que também na formação presbiteral houve iniciativas de formação na perspectiva de uma Igreja em saída, misericordiosa, pobre e para os pobres”, explicou. Dom Cláudio acrescentou que também na formação permanente tem havido iniciativas. 
Desafios à Igreja na Amazônia
Dom Cláudio apontou como desafio a crescente urbanização. Conforme o arcebispo, trata-se de uma realidade nova. Citou como exemplo a Ilha de Marajó, “descuidada pelo poder público estadual e federal, com agravada situação de pobreza, miséria, desemprego e abuso de menores”. 
Falou sobre o modelo de desenvolvimento econômico de exploração desenvolvimentista, que reclama uma nova forma de relacionamento com o meio ambiente. 
Lembrou, ainda, o crescimento do número de evangélicos e a questão da evangelização dos indígenas, historicamente, maltratados e descuidados pela sociedade civil. 
 “A Igreja e a sociedade têm enorme dívida com os indígenas, para que eles voltem a ser protagonistas da sua história, inclusive, religiosa”, afirmou. Para o cardeal, este reconhecimento apresenta outro desafio à Igreja no Brasil, que consiste na formação de um clero autóctone e o despertar de forças da ação evangelizadora, na própria população indígena.
Repam
Por fim, dom Cláudio Hummes falou acerca da colaboração que Repam tem oferecido à América Latina. O organismo, ligado ao Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam),  reúne nove países que compõem uma só Amazônia. A Repam foi fundada em setembro de 2014, tendo como co-autores a CNBB e a Cáritas Latino-americana. A Rede nasceu como uma oportunidade de apoio, solidariedade e fortalecimento da ação evangelizadora no contexto amazônico. Atualmente, está estruturada nos seguintes eixos: formação indígena, comunicação, redes intencionais e Igreja de fronteiras.
Sobre os trabalhos desenvolvidos, dom Cláudio lembrou que a Repam participou da COP 21, convidada pela Cáritas Francesa. O organismo tem um comitê que cuida dos trabalhos no Brasil e tem promovido seminários sobre a Laudato Sí em diversas universidades do Brasil. Está previsto encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, entre 14 e 18 de novembro que, nas palavras de dom Cláudio, conferirá força à Igreja presente nesta macrorregião.
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Bispos consideram que apuração da corrupção deve ser implacável
Dando continuidade aos trabalhos da 54ª Assembleia Geral da CNBB, o arcebispo de Londrina (PR), dom Orlando Brandes e o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), dom Joaquim Giovani Mol atenderam a imprensa, na tarde desta quinta-feira (07), no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho, em Aparecida (SP).
Dom Darci Nicioli dá início à coletiva
Os bispos apresentaram aos jornalistas um aprofundamento do tema central da AG, “Cristão leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da Terra e luz do mundo” e aspectos da análise de conjuntura político-social e eclesial.
Dom Joaquim Mol apresentou dados do cenário religioso no Brasil para auxiliar a compreender a realidade atual. “A análise do cenário observou que não há mudanças significativas no cenário sócio religioso no Brasil”, afirmou.
De acordo com o bispo 64.5% das pessoas se dizem católicas, os demais percentuais são distribuídos em vários grupos, sendo que, o destaque maior é para o protestantismo pentecostal com 18%. “Chama nossa atenção os 8.9 % que se declaram como sem religião”, constatou.
“O Brasil continua sendo, portanto, um país de maioria católica, e é importante destacar que mais de 68% das pessoas nunca transitou de religião. Outra informação relevante é o nível de comprometimento das pessoas na sua religião, não é o ideal, mas significativo. 23% das pessoas que se declaram católicos tem um compromisso com a sua religião”, acrescentou.
Segundo o bispo auxiliar de Belo Horizonte, o cenário, de fato, é de pluralismo religioso, e salientou a importância de cultivar a capacidade de dialogo e respeito às diferenças religiosas.
Dom Joaquim Mol falou também sobre os aspectos da análise de conjuntura político-social e eclesial.
Dom Joaquim Mol
“A Igreja Católica no Brasil, através da CNBB, repudia com veemência toda e qualquer atitude, ação e plano de corrupção no nosso país. Por considerar a corrupção como algo que fere e desmancha o tecido social, por isso ele é comparado com um câncer, na nossa situação em metástase”, afirmou.
Ainda segundo Dom Mol a Igreja Católica no Brasil considera que a apuração de toda corrupção deve ser implacável, sendo que as pessoas envolvidas devem ser julgadas, as pessoas consideradas culpadas devem ser punidas rigorosamente dentro da legislação.
O bispo falou também que para construção da nota oficial a CNBB está capturando percepções da realidade em quatro campos: cultural, econômico, social e político.
“No campo cultural estamos analisando a crise de valores, no econômico queremos refletir sobre a hegemonia do sistema financeiro, no social vamos pensar na erosão dos direitos sociais que foram conquistados, sobretudo na Constituição de 88, e na crise política o enfraquecimento das instituições”.
Dom Orlando Brandes
Sobre a atuação dos leigos, tema central da AG “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da Terra e luz do mundo”, o presidente desta comissão, dom Orlando Brandes destacou que a Igreja quer dar destaque para a grande maioria da Igreja: os leigos.
Dom Orlando frisou que cada pessoa é profeta da sua realidade. “O texto que nós temos trabalhado vai mostrar o leigo como sujeito na Igreja. Falamos muito dos direitos dos leigos, pois ele é sujeito dessa realidade, ele pertence à Igreja, o leigo é Igreja”, afirmou.
O arcebispo de Londrina citou que o Concilio Vaticano II mostrou que o primeiro campo de atuação dos leigos é o mundo, estando presente na política, no trabalho, nas comunicações.
“Precisamos voltar a fonte do Concílio Vaticano II e considerar o primeiro campo de atuação dos leigos como a sua própria realidade e transformá-la”.
O arcebispo citou que os trabalhos referentes ao tema central da assembleia são inspirados na Evangelii gaudium - A alegria do Evangelho, primeira Exortação Apostólica do pontificado de Papa Francisco, onde o Santo Padre retoma assuntos importantes sobre os leigos e sua participação na sociedade.
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