Dom Itamar Vian na missa dedicada aos bispos eméritos:
"A Igreja
não pode permanecer indiferente às dores de seu povo"
“Jesus,
olhando as multidões, revela o rosto misericordioso do Pai. Deixa uma lição:
quem não se sentir atingido pela fome do outro não pode ser meu seguidor. Um
cristão indiferente não pode ser discípulo missionário de Jesus”, disse o
arcebispo emérito de Feira de Santana (BA), dom Itamar Vian, que presidiu a
missa dedicada aos bispos eméritos, nesta sexta-feira, 8, no Santuário Nacional
de Aparecida (SP). Segundo dom Itamar, "a Igreja não pode permanecer
indiferente às dores de seu povo". É chamada "a crer com as mãos,
lutando para que haja pão em todas as mesas”.
Liturgia Eucarística |
A missa foi
concelebrada pelo arcebispo emérito de Manaus (AM), dom Luiz Soares Vieira, e
pelo bispo emérito de Palmares (PE), dom Genival Saraiva. A celebração é
parte da programação da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), que ocorre em Aparecida, de 6 a 15 de abril.
Ao comentar o
Evangelho de João, sobre a multiplicação dos pães, dom Itamar disse que
“Jesus, acolhendo e alimentando as multidões, revela o rosto misericordioso do
Pai”. Porém, ao citar o exemplo de Felipe, que sugeriu dispersar o povo e
que cada um procurasse arranjar comida nos povoados vizinhas, lembrou que a
mentalidade dos discípulos ainda se perpetua nos tempos atuais. “Diante de
tanta dor e sofrimento, de tanta corrupção e falta de ética, da fome e da
injustiça social, podemos nos sentir impotente para encontrar as soluções
necessárias”, afirmou ao lembrar que no mundo há cerca de um bilhão de pessoas
que passam fome.
No final da missa, bispos de oito dioceses recebem a Imagem Peregrina |
Ao abordar os
Atos dos Apóstolos, recordou que os discípulos sofriam perseguições dos judeus
por causa do nome de Jesus. “Isso era motivo de alegria para eles. As injúrias
sofridas eram a certeza da autenticidade da Palavra anunciada, mesmo que
contrariasse o interesse dos poderosos. Gamaliel, mestre da lei, intercede por
eles e deixa um ensinamento que ainda hoje nos dá a certeza da confirmação da
obra de Deus na vida da nossa Igreja: se este projeto é de origem humana será
destruído. Mas, se vem de Deus, vós não conseguireis eliminá-lo”,
alertou.
Conforme dom
Itamar, “a Igreja, comprovadamente, ‘vem de Deus" e continua sendo por Ele
assistida”. Recordou que hoje, como no passado, ainda há muitas perseguições.
“Sofremos pela nossa opção preferencial pelos pobres, na defesa da vida e
dignidade para nosso povo, por exigir saneamento básico, por defender um mundo
que seja uma Casa Comum para todos. Diante dos sofrimentos e perseguições,
façamos como os discípulos: não cessavam de ensinar e anunciar o evangelho de
Jesus Cristo”, exortou.
Bispos eméritos
Bispos eméritos |
Ao final da sua
homilia, dom Itamar explicou o significado do ‘ser’ bispo emérito. Segundo ele,
o bispo emérito, ao deixar a administração ou o governo pastoral, ingressa na
condição de “avô” da diocese. “Ser bispo emérito é ingressar na tranquilidade
da vida. Sua função é mais livre, sem a responsabilidade de resolver problemas
administrativos e disciplinares”, disse. Porém ressaltou que isto não significa
viver na ociosidade, dado que os bispos eméritos continuam atuando de muitas maneiras
como nas paróquias, no atendimento às confissões, proferindo palestras,
visitando os doentes, orientando retiros e tantas outras atividades compatíveis
com a idade do bispo.
“Nós, bispos
eméritos, alimentamos os fiéis com o pão de que necessitam, de esperança em sua
caminhada, de escuta em sua solidão, de conforto em sua angústia, de
solidariedade em seu abandono, de justiça em sua exploração, de alegria em seu
êxito, de formação em sua carência, de graça sacramental em sua
espiritualidade”, acrescentou.
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CNBB estuda trabalhos pastorais
com Famílias, Juventude e Amazônia
No terceiro dia
da Assembleia Geral da CNBB, as discussões refletiram importantes trabalhos
pastorais da Igreja do Brasil. O arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal
Cláudio Hummes, o bispo de Caxias (MA), dom Vilson Basso, e o bispo de Osasco
(SP), dom João Bosco Barbosa, atenderam a imprensa na tarde desta sexta-feira
(08) e comentaram assuntos relacionados.
Igreja na
Amazônia e desafios ambientais
Dom Cláudio
Hummes, que também é o presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia,
ressaltou problemáticas ambientais e pontuou a responsabilidade da Igreja
nestas questões.
Dom Cláudio Hummes |
“A igreja tem
que ajudar a proteger o planeta. O Papa Francisco nos mostrou que temos
motivos religiosos e éticos para cuidar do planeta, portanto a Igreja deve ser
uma das grandes estimuladoras dessa mudança”, afirmou.
O arcebispo
emérito também explanou o panorama da realidade Amazônica: “A Igreja da
Amazônia é dinâmica, mas muito sacrificada por falta de recursos. Faltam
missionários e como não ocupamos todos os espaços, outras crenças têm chegado à
Amazônia”.
Ele ainda
ressaltou a importância de se ter uma Igreja mais “inculturada” e destacou a
situação dos indígenas, dizendo que é necessária uma “igreja católica
indígena”, que devolva a esses povos o “protagonismo da sua cultura religiosa”.
Dom Cláudio
Hummes encerrou sua fala chamando a atenção para a realidade específica do
Marajó. “Saí de lá de coração cortado por conta do abandono que aquela região
sofre”.
Segundo ele, o
povo marajoara não tem possibilidades de emprego e há o grande problema de
prostituição de menores e abuso sexual infantil cuja responsabilidade o bispo
remeteu à falta de vigilância e punição. “Impunidade é inaceitável! É intolerante,
ela tem que ser denunciada constantemente”, encerrou.
Pastoral Juvenil
e Romaria Nacional da Juventude
Dom Vilson
Basso, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, deu
sequência à coletiva abordando os trabalhos da Igreja com os jovens do Brasil.
Dom Vilson Basso |
Ele iniciou
dizendo que a Igreja tem se preocupado com a realidade dos jovens que enfrentam
violência e drogas, muitos não trabalham, não procuram emprego e nem estudam.
“Essa realidade faz parte da representação pastoral da Igreja. Temos a missão
de animar a juventude, fazer chegar ao coração essa preocupação da igreja,
dizendo: ‘vocês são importantes, queremos que vocês possam crescer com a
dignidade de filhos de Deus’”.
Como linha de
atuação da Pastoral, o bispo destacou o projeto Rota 300, que prepara a
juventude para a celebração do Jubileu de encontro da imagem de Nossa Senhora
Aparecida. Dentro deste projeto, acontece a Romaria Nacional da Juventude neste
final de semana, no Santuário Nacional. “Queremos colocar os jovens no coração
dos bispos e os bispos no coração dos jovens”, completou.
Exortação “A
Alegria do Amor” e Pastoral Familiar
Sobre a
exortação apostólica de Papa Francisco “A Alegria do Amor”, publicada nesta
sexta-feira, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a
Família, dom João Bosco Barbosa, refletiu sobre pontos importantes para a
atuação da pastoral familiar.
Dom João Bosco |
Segundo ele, “a
grande novidade é o tom de misericórdia. As palavras que o Papa mais repete
diante das situações difíceis são: misericórdia, acolhimento carinhoso,
inclusão e o papel de mãe da Igreja”.
Nesse sentido, o
bispo explicou que um decreto da Igreja não pode acabar com as polêmicas e
resolver os problemas do mundo. Ao invés disso, “o papa insiste no
acompanhamento pastoral de maneira de que cada situação tome sua possível
resolução”.
O bispo encerrou
ressaltando que a Exortação será objeto de estudos da Comissão e da Pastoral
Familiar, como próximos passos. Ele também anunciou a publicação de um subsídio
anual para grupos da Pastoral Familiar, chamado “Hora da Família” que está
disponível no site da
Comissão.
Também divulgou
o 6º Simpósio Nacional da Família, que será realizado em Aparecida nos dias 21
e 22 de maio, e a 8ª Peregrinação da Família a Aparecida, no dia 22, com o
tema: “Família e misericórdia se encontram no coração da Mãe”.
Outras temáticas
a Assembleia Geral da CNBB
Dom Darci
Niciolli, presidente da Comissão de Comunicação, afirmou também que durante a
sexta-feira da Assembleia estão sendo discutidos temáticas como o Dízimo, o
projeto Pensando o Brasil – que trata da realidade social, econômica e política
no Brasil – e o trabalho da Comissão dos Bispos Eméritos.
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Cardeal Scherer comenta
nova exortação apostólica do papa Francisco
Dentro das
atividades da 54ª Assembleia Geral da CNBB, o Arcebispo de São Paulo (SP),
Cardeal Odilo Pedro Scherer, comentou a nova Exortação Apostólica do papa
Francisco “Amoris
laetitia” – sobre o Amor na Família, apresentada no Vaticano nesta
sexta-feira (08).
De maneira
geral, Dom Odilo Scherer explicou aos jornalistas as principais partes da
Exortação Apostólica e ressaltou que o ponto culminante do documento do Papa é
o discernimento e o acompanhamento pastoral das famílias.
Cardeal Odilo Scherer |
O Cardeal
afirmou que o Santo Padre quer dar destaque aos pontos positivos do matrimônio,
as diversas qualidades do amor no casamento, a felicidade e o valor humano
iluminados pela Palavra de Deus.
Dom Odilo também
destacou que a exortação traz indicações para a necessidade de preparação dos
noivos até o acompanhamento dos primeiros anos da vida matrimonial, além dos
divorciados e também da viuvez.
Sobre os pontos
de fragilidade do casamento, o Arcebispo destacou que a palavra-chave é
discernimento.
“O Papa nos
apresenta citações de fragilidade nas famílias, situações irregulares,
casamentos rompidos, segunda união, casamento apenas no civil ou uma
convivência sem vinculo consolidado. Existe em tudo isso, diz o Papa,
circunstâncias atenuantes que devem ser consideradas na compreensão dessas
pessoas e ajudando-as a caminhar, para que cheguem, também ao ideal do
casamento”, afirmou.
Sobre a comunhão
para casais de segunda união, Dom Odilo acredita que o Papa Francisco não fecha
essa possibilidade, mas que é preciso ter um acompanhamento pastoral dos
bispos, padres. “O Papa delega ao acompanhamento pastoral dos bispos e padres,
sobretudo no confessionário e na direção espiritual, no contato pessoal. O Papa
pede atenção na pura e simples aplicação das normas gerais”.
Nesse sentido,
Dom Odilo não vê grandes mudanças com relação ao que se refere a Exortação
Apostólica do Papa João Paulo II ‘Familiaris Consortio’. “O que o Papa insiste
aqui é no acompanhamento pastoral e no discernimento dos Pastores da Igreja”,
afirmou. Dom Odilo reafirmou ainda que existem inúmeras maneiras dos casais de
segunda união ou os que ainda não receberam o matrimônio de participarem da
vida da Igreja.
A Exortação
Apostólica é fruto das reflexões da Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos
sobre a Família, realizada em outubro de 2015. Um ano antes, em 2014, o
papa convocou um Sínodo Extraordinário sobre o mesmo tema.
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Fontes: cnbb.org.br a12.com
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