sexta-feira, 8 de abril de 2016

Dom Itamar Vian na missa dedicada aos bispos eméritos:
"A Igreja
não pode permanecer indiferente às dores de seu povo"
“Jesus, olhando as multidões, revela o rosto misericordioso do Pai. Deixa uma lição: quem não se sentir atingido pela fome do outro não pode ser meu seguidor. Um cristão indiferente não pode ser discípulo missionário de Jesus”, disse o arcebispo emérito de Feira de Santana (BA), dom Itamar Vian, que presidiu a missa dedicada aos bispos eméritos, nesta sexta-feira, 8, no Santuário Nacional de Aparecida (SP). Segundo dom Itamar, "a Igreja não pode permanecer indiferente às dores de seu povo". É chamada "a crer com as mãos, lutando para que haja pão em todas as mesas”.
Liturgia Eucarística
A missa foi concelebrada pelo arcebispo emérito de Manaus (AM), dom Luiz Soares Vieira, e pelo bispo emérito de Palmares (PE), dom Genival Saraiva.  A celebração é parte da programação da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que ocorre em Aparecida, de 6 a 15 de abril.
Ao comentar o Evangelho de João, sobre a multiplicação dos pães,  dom Itamar disse que “Jesus, acolhendo e alimentando as multidões, revela o rosto misericordioso do Pai”.  Porém, ao citar o exemplo de Felipe, que sugeriu dispersar o povo e que cada um procurasse arranjar comida nos povoados vizinhas, lembrou que a mentalidade dos discípulos ainda se perpetua nos tempos atuais. “Diante de tanta dor e sofrimento, de tanta corrupção e falta de ética, da fome e da injustiça social, podemos nos sentir impotente para encontrar as soluções necessárias”, afirmou ao lembrar que no mundo há cerca de um bilhão de pessoas que passam fome. 
No final da missa, bispos de oito dioceses recebem a Imagem Peregrina
Ao abordar os Atos dos Apóstolos, recordou que os discípulos sofriam perseguições dos judeus por causa do nome de Jesus. “Isso era motivo de alegria para eles. As injúrias sofridas eram a certeza da autenticidade da Palavra anunciada, mesmo que contrariasse o interesse dos poderosos. Gamaliel, mestre da lei, intercede por eles e deixa um ensinamento que ainda hoje nos dá a certeza da confirmação da obra de Deus na vida da nossa Igreja: se este projeto é de origem humana será destruído. Mas, se vem de Deus, vós não conseguireis eliminá-lo”, alertou. 
Conforme dom Itamar, “a Igreja, comprovadamente, ‘vem de Deus" e continua sendo por Ele assistida”. Recordou que hoje, como no passado, ainda há muitas perseguições. “Sofremos pela nossa opção preferencial pelos pobres, na defesa da vida e dignidade para nosso povo, por exigir saneamento básico, por defender um mundo que seja uma Casa Comum para todos. Diante dos sofrimentos e perseguições, façamos como os discípulos: não cessavam de ensinar e anunciar o evangelho de Jesus Cristo”, exortou. 
Bispos eméritos
Bispos eméritos
Ao final da sua homilia, dom Itamar explicou o significado do ‘ser’ bispo emérito. Segundo ele, o bispo emérito, ao deixar a administração ou o governo pastoral, ingressa na condição de “avô” da diocese. “Ser bispo emérito é ingressar na tranquilidade da vida. Sua função é mais livre, sem a responsabilidade de resolver problemas administrativos e disciplinares”, disse. Porém ressaltou que isto não significa viver na ociosidade, dado que os bispos eméritos continuam atuando de muitas maneiras como nas paróquias, no atendimento às confissões, proferindo palestras, visitando os doentes, orientando retiros e tantas outras atividades compatíveis com a idade do bispo. 
“Nós, bispos eméritos, alimentamos os fiéis com o pão de que necessitam, de esperança em sua caminhada, de escuta em sua solidão, de conforto em sua angústia, de solidariedade em seu abandono, de justiça em sua exploração, de alegria em seu êxito, de formação em sua carência, de graça sacramental em sua espiritualidade”, acrescentou. 
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CNBB estuda trabalhos pastorais
com Famílias, Juventude e Amazônia
No terceiro dia da Assembleia Geral da CNBB, as discussões refletiram importantes trabalhos pastorais da Igreja do Brasil. O arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal Cláudio Hummes, o bispo de Caxias (MA), dom Vilson Basso, e o bispo de Osasco (SP), dom João Bosco Barbosa, atenderam a imprensa na tarde desta sexta-feira (08) e comentaram assuntos relacionados.
Igreja na Amazônia e desafios ambientais
Dom Cláudio Hummes, que também é o presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, ressaltou problemáticas ambientais e pontuou a responsabilidade da Igreja nestas questões.
Dom Cláudio Hummes
“A igreja tem que ajudar a proteger o planeta. O Papa Francisco nos mostrou que temos motivos religiosos e éticos para cuidar do planeta, portanto a Igreja deve ser uma das grandes estimuladoras dessa mudança”, afirmou.
O arcebispo emérito também explanou o panorama da realidade Amazônica: “A Igreja da Amazônia é dinâmica, mas muito sacrificada por falta de recursos. Faltam missionários e como não ocupamos todos os espaços, outras crenças têm chegado à Amazônia”.
Ele ainda ressaltou a importância de se ter uma Igreja mais “inculturada” e destacou a situação dos indígenas, dizendo que é necessária uma “igreja católica indígena”, que devolva a esses povos o “protagonismo da sua cultura religiosa”.
Dom Cláudio Hummes encerrou sua fala chamando a atenção para a realidade específica do Marajó. “Saí de lá de coração cortado por conta do abandono que aquela região sofre”.
Segundo ele, o povo marajoara não tem possibilidades de emprego e há o grande problema de prostituição de menores e abuso sexual infantil cuja responsabilidade o bispo remeteu à falta de vigilância e punição. “Impunidade é inaceitável! É intolerante, ela tem que ser denunciada constantemente”, encerrou.
Pastoral Juvenil e Romaria Nacional da Juventude
Dom Vilson Basso, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, deu sequência à coletiva abordando os trabalhos da Igreja com os jovens do Brasil.
Dom Vilson Basso
Ele iniciou dizendo que a Igreja tem se preocupado com a realidade dos jovens que enfrentam violência e drogas, muitos não trabalham, não procuram emprego e nem estudam. “Essa realidade faz parte da representação pastoral da Igreja. Temos a missão de animar a juventude, fazer chegar ao coração essa preocupação da igreja, dizendo: ‘vocês são importantes, queremos que vocês possam crescer com a dignidade de filhos de Deus’”.
Como linha de atuação da Pastoral, o bispo destacou o projeto Rota 300, que prepara a juventude para a celebração do Jubileu de encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Dentro deste projeto, acontece a Romaria Nacional da Juventude neste final de semana, no Santuário Nacional. “Queremos colocar os jovens no coração dos bispos e os bispos no coração dos jovens”, completou. 
Exortação “A Alegria do Amor” e Pastoral Familiar
Sobre a exortação apostólica de Papa Francisco “A Alegria do Amor”, publicada nesta sexta-feira, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, dom João Bosco Barbosa, refletiu sobre pontos importantes para a atuação da pastoral familiar.
Dom João Bosco
Segundo ele, “a grande novidade é o tom de misericórdia. As palavras que o Papa mais repete diante das situações difíceis são: misericórdia, acolhimento carinhoso, inclusão e o papel de mãe da Igreja”.
Nesse sentido, o bispo explicou que um decreto da Igreja não pode acabar com as polêmicas e resolver os problemas do mundo. Ao invés disso, “o papa insiste no acompanhamento pastoral de maneira de que cada situação tome sua possível resolução”.
O bispo encerrou ressaltando que a Exortação será objeto de estudos da Comissão e da Pastoral Familiar, como próximos passos. Ele também anunciou a publicação de um subsídio anual para grupos da Pastoral Familiar, chamado “Hora da Família” que está disponível no site da Comissão.
Também divulgou o 6º Simpósio Nacional da Família, que será realizado em Aparecida nos dias 21 e 22 de maio, e a 8ª Peregrinação da Família a Aparecida, no dia 22, com o tema: “Família e misericórdia se encontram no coração da Mãe”.
Outras temáticas a Assembleia Geral da CNBB 
Dom Darci Niciolli, presidente da Comissão de Comunicação, afirmou também que durante a sexta-feira da Assembleia estão sendo discutidos temáticas como o Dízimo, o projeto Pensando o Brasil – que trata da realidade social, econômica e política no Brasil – e o trabalho da Comissão dos Bispos Eméritos.
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Cardeal Scherer comenta
nova exortação apostólica do papa Francisco
Dentro das atividades da 54ª Assembleia Geral da CNBB, o Arcebispo de São Paulo (SP), Cardeal Odilo Pedro Scherer, comentou a nova Exortação Apostólica do papa Francisco “Amoris laetitia” – sobre o Amor na Família, apresentada no Vaticano nesta sexta-feira (08).
De maneira geral, Dom Odilo Scherer explicou aos jornalistas as principais partes da Exortação Apostólica e ressaltou que o ponto culminante do documento do Papa é o discernimento e o acompanhamento pastoral das famílias.
Cardeal Odilo Scherer
O Cardeal afirmou que o Santo Padre quer dar destaque aos pontos positivos do matrimônio, as diversas qualidades do amor no casamento, a felicidade e o valor humano iluminados pela Palavra de Deus.
Dom Odilo também destacou que a exortação traz indicações para a necessidade de preparação dos noivos até o acompanhamento dos primeiros anos da vida matrimonial, além dos divorciados e também da viuvez.
Sobre os pontos de fragilidade do casamento, o Arcebispo destacou que a palavra-chave é discernimento.
“O Papa nos apresenta citações de fragilidade nas famílias, situações irregulares, casamentos rompidos, segunda união, casamento apenas no civil ou uma convivência sem vinculo consolidado. Existe em tudo isso, diz o Papa, circunstâncias atenuantes que devem ser consideradas na compreensão dessas pessoas e ajudando-as a caminhar, para que cheguem, também ao ideal do casamento”, afirmou.
Sobre a comunhão para casais de segunda união, Dom Odilo acredita que o Papa Francisco não fecha essa possibilidade, mas que é preciso ter um acompanhamento pastoral dos bispos, padres. “O Papa delega ao acompanhamento pastoral dos bispos e padres, sobretudo no confessionário e na direção espiritual, no contato pessoal. O Papa pede atenção na pura e simples aplicação das normas gerais”.
Nesse sentido, Dom Odilo não vê grandes mudanças com relação ao que se refere a Exortação Apostólica do Papa João Paulo II ‘Familiaris Consortio’. “O que o Papa insiste aqui é no acompanhamento pastoral e no discernimento dos Pastores da Igreja”, afirmou. Dom Odilo reafirmou ainda que existem inúmeras maneiras dos casais de segunda união ou os que ainda não receberam o matrimônio de participarem da vida da Igreja.
A Exortação Apostólica é fruto das reflexões da Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, realizada em outubro de 2015. Um ano antes, em 2014, o papa convocou um Sínodo Extraordinário sobre o mesmo tema. 
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                                                                                                 Fontes: cnbb.org.br    a12.com

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