Ser e viver
A
vida é cheia de novidades e surpresas. Isto faz parte da dinâmica da sociedade,
porque ela provoca as pessoas para reagir e descobrir situações novas. Também é
o que dá sentido para o existir e o bem viver com qualidade. Há o perigo da
pessoa se fechar no próprio individualismo e não conseguir ser feliz
plenamente. É fundamental o relacionamento social e a abertura para o outro.
Existe alguma
coisa de especial no ser da pessoa humana. Não é apenas sentimento vazio, mas
um verdadeiro mistério que a faz ser algo diferente e viver sem muito controle
das coisas que acontecem em seu redor e na sua própria vida. É o caso do
sentimento de medo que atinge a população nos últimos tempos. Somos
influenciados pela situação social de insegurança.
Jesus nos aponta o caminho da vida plena |
Mas não podemos
ser reféns do medo, mesmo conscientes de nossa vulnerabilidade e incapacidade
para nos defender. A sensação é de dizer a frase popular: “É Deus que nos
defende”. Para quem tem fé, realmente tem sentido, porque a criminalidade vem
sendo como um “câncer” na sociedade moderna. Ela é inesperada e a população é
surpreendida a todo instante, sem poder reagir.
Muitas pessoas
têm perdido o gosto de ser e de viver, paralisam seus projetos e se fecham no
anonimato. É a experiência negativa da vida, que não faz bem e até inviabiliza
o progresso da nação, ficando toda a população prejudicada. Só um espírito de
muita coragem é capaz de reverter a sensação de impotência e desânimo que tomou
conta da vida de muitos brasileiros.
A prática cristã
diz que não podemos ficar no comodismo. Por isso é imprescindível confiar em
nossas reais possibilidades e na fidelidade da ação de Deus. Não estamos
totalmente abandonados como “ovelhas sem pastor”, no linguajar de Jesus.
Resta-nos um pouco de esperança, que nos move para a ação. O mal não pode
abafar a nossa capacidade de construir o bem.
Valorizando o
seguimento de Jesus Cristo, que não nos deixa perder nossas raízes cristãs,
podemos dizer que, ser e viver significa encarar as contradições da história
para construir uma sociedade ideal. Para isto, a pessoa tem que se sujeitar aos
prejuízos advindos daí, entre eles, a própria fragilidade diante da violência e
da agressividade das pessoas mal intencionadas.
Dom Paulo Mendes
Peixoto - Arcebispo de Uberaba
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