Graças ao Espírito Santo Jesus é presença
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco e a Cúria Romana ouviram, nesta sexta-feira (19/02), na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a primeira pregação da Quaresma feita pelo frei capuchinho Raniero Cantalamessa.
Na pregação
intitulada “A adoração em Espírito e verdade. Reflexão sobre a Constituição
Sacrosanctum Concilium” o religioso frisou que após o Concílio Vaticano II
houve um despertar do Espírito Santo. “Ele não é mais ‘o desconhecido’ na
Trindade. A Igreja tornou-se mais consciente de sua presença e de sua ação”,
disse.
O papel do
Espírito Santo
Francisco e membros da Cúria Romana acompanham a reflexão |
"Todo o
trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II tão
providencialmente propôs e iniciou [...] não pode ser realizado a não ser no
Espírito Santo, isto é, com a ajuda da sua luz e do seu poder ".
A Constituição
conciliar Sacrosanctum concilium, sobre a Sagrada Liturgia, “nasce da
necessidade, sentida por um longo tempo e por muitos, de uma renovação das
formas e ritos da liturgia católica. A partir deste ponto de vista, os seus
frutos foram muitos e, no conjunto, benéficos para a Igreja”.
Espírito,
protagonista escondido
Segundo
Cantalamessa, o Espírito Santo permanece ainda um pouco escondido em relação às
Pessoas da Santíssima Trindade. Um problema encontrado no texto conciliar sobre
a renovação litúrgica:
“Toda celebração
litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja,
ação sagrada por excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau,
não é igualada por nenhuma outra ação da Igreja ”.
“Nós indivíduos
ou atores da liturgia, hoje, somos capazes de perceber uma lacuna nesta
descrição”, disse o frei ao Papa e à Cúria Romana. “Os protagonistas aqui
realçados são dois: Cristo e a Igreja. Falta alguma alusão ao lugar do Espírito
Santo. Também no resto da Constituição, o Espírito Santo nunca é sujeito de um
discurso direto, só nomeado aqui e ali, e sempre oblíquo.”
“Se a liturgia
cristã é o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a melhor maneira de
descobrir a sua natureza, é ver como Jesus exerceu a sua função sacerdotal em
sua vida e em sua morte”.
A liturgia como
obra do Espírito Santo
“A tarefa do
sacerdote é oferecer ‘orações e sacrifícios’ a Deus. Agora sabemos que era o
Espírito Santo que colocava no coração do Verbo feito carne o grito “Abba”! que
encerra toda a sua oração. Lucas observa explicitamente quando escreve:
"Naquela mesma hora Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra...". A própria oferta do
seu corpo em sacrifício na cruz aconteceu, segundo a Carta aos Hebreus, “em um
Espírito eterno”, isto é, por um impulso do Espírito Santo”.
“O silêncio
sobre o Espírito Santo, inevitavelmente, atenua o caráter trinitário da
liturgia. Por isso parece-me particularmente oportuno o convite que São João
Paulo II fazia na Novo Millennio Ineunte:
"Obra do
Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à
contemplação do rosto do Pai. Aprender esta lógica trinitária da oração cristã,
vivendo-a plenamente sobretudo na liturgia, meta e fonte da vida eclesial, mas
também na experiência pessoal, é o segredo dum cristianismo verdadeiramente
vital, sem motivos para temer o futuro porque volta continuamente às fontes e
aí se regenera ".
Espírito e
oração de adoração
Cantalamessa deu
algumas “orientações práticas para o nosso modo de viver a liturgia e fazer que
com ela execute uma das suas principais tarefas, que é a santificação das
almas”.
“O Espírito
Santo não autoriza a inventar novas e arbitrárias formas de liturgia ou
modificar de própria iniciativa aquelas existentes. Ele é o único, no entanto,
que renova e dá vida a todas as expressões da liturgia”, disse ele.
“O Espírito
Santo vivifica especialmente a oração de adoração que é o coração de toda
oração litúrgica. A sua peculiaridade deriva do fato de que é o único
sentimento que podemos alimentar somente e exclusivamente pelas pessoas
divinas”.
Espírito e
oração de intercessão
“O Espírito
Santo intercede por nós e nos ensina a interceder pelos outros. A intercessão é
uma componente essencial da oração litúrgica. Em toda a sua oração, a Igreja
não faz outra coisa a não ser interceder: por si mesma e pelo mundo, pelos
justos e pelos pecadores, pelos vivos e pelos mortos. Também esta é uma oração
que o Espírito Santo quer animar e confirmar”.
“A oração de
intercessão é, portanto, agradável a Deus, porque é livre de egoísmo, reflete
mais de perto a gratuidade divina e está de acordo com a vontade de Deus, que
quer que todos os homens sejam salvos”, concluiu Cantalamessa. (MJ)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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