"Não idolatrar hábitos; a única beleza é Deus"
Cidade do
Vaticano (RV) – Existem dois perigos que ameaçam os fiéis: a tentação de
divinizar as coisas da terra e ‘idolatrar’ os hábitos, como se tudo durasse
para sempre. Ao invés, a única beleza eterna à qual morar é a de Deus. Foi o
que afirmou o Papa na homilia da manhã de sexta-feira (13/11), celebrada na
Capela da Casa S. Marta.
“A grande beleza
é Deus”, reza o Salmo: “os céus narram a beleza de Deus”. O problema do homem é
que quase sempre se inclina diante do esplendor, que é apenas um reflexo
– e que um dia se apagará – ou pior, se torna devoto de prazeres ainda mais passageiros.
Apegados às
belezas daqui
O Papa
desenvolveu sua homilia evidenciando as duas idolatrias nas quais aqueles que
têm fé também podem cair. A primeira leitura e o Salmo, observa Francisco,
falam “da beleza da criação”, mas sublinham também “o erro daquelas pessoas que
– observa – não foram capazes de ver além, ou seja, ao transcendente”. Neste
comportamento, o Papa nota aquilo que define como “a idolatria da imanência”.
Quando nos detemos na beleza “sem além”.
Gesto litúrgico do beijo ao altar |
“Apegaram-se a
esta idolatria; se surpreendem com o seu poder e energia. Não pensaram como seu
soberano é superior, porque os criou Aquele que é o princípio e autor da
beleza. É uma idolatria admirar as belezas – muitas – sem pensar que haverá um
ocaso. O por do sol tem a sua beleza... E esta idolatria de se apegar às
belezas daqui, sem o transcendental, é um risco para todos. É a idolatria da
imanência. Acreditamos que as coisas como são, são como deuses, que nunca
acabarão. Nós nos esquecemos do ocaso”.
Divinizar os
hábitos
A outra
idolatria, sublinha, “é a dos hábitos” que ensurdecem o coração. Francisco a
ilustra evocando as palavras de Jesus no Evangelho do dia, a sua descrição dos
homens e das mulheres dos tempos de Noé aos de Sodoma quando, recorda, “comiam,
bebiam, se casavam” sem pensar nos outros, até o momento do dilúvio ou da chuva
de fogo e enxofre, da destruição absoluta:
“Tudo é normal.
A vida é assim: vivemos assim, sem pensar ao ocaso deste modo de viver. Isso
também é uma idolatria: ser apegado aos hábitos, sem pensar que isso vai acabar.
E a Igreja nos faz olhar para o fim destas coisas. Também os hábitos podem ser
pensados como deuses. A Idolatria? A vida é assim, vamos assim em frente ... E
assim como a beleza vai acabar em outra beleza, o nosso hábito terminará em uma
eternidade, em outro hábito. Mas há Deus”.
Olhar para a
beleza que nunca se desvanece
Em vez disso,
exorta Francisco, devemos dirigir o olhar “para além”, ao hábito final”, ao
único Deus que está além “das coisas criadas”, como ensina a Igreja nestes dias
que concluem o Ano Litúrgico, para não repetir o erro fatal de olhar para trás,
como aconteceu com a mulher de Ló, com a certeza de que, se “a vida é bela,
também o acaso será belo”:
“Nós - os
crentes - não somos pessoas que caminham para trás, que se entregam, mas
pessoas que vão em frente”. Ir sempre avante nesta vida, observando as belezas
e com os hábitos que todos nós temos, mas sem divinizá-las. Elas vão acabar ...
Somos essas pequenas belezas, que refletem a grande beleza, os nossos hábitos
para sobreviver no canto eterno, na contemplação da glória de Deus”. (CM-SP)
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Fonte: radiovaticana.va
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