Francisco chega à República Centro-Africana
Bangui (RV) –
Este I Domingo do Advento marca o início da última etapa da Viagem Apostólica
do Papa Francisco à África. O avião papal aterrissou no aeroporto de M’Poko da
capital da República Centro-Africana às 10h locais.
Peregrino da paz e Apóstolo da esperança |
“Venho à
República Centro-Africana como peregrino da paz e me apresento como um apóstolo
da esperança”, lançou no Twitter o Papa ao tocar o solo centro-africano.
O porta-voz do
Vaticano confirmou, mais cedo, antes da despedida oficial de Uganda, que a programação
em Bangui está confirmada.
Confira abaixo a
lista dos eventos que terão transmissão ao vivo em português da RV. Os horários
referem-se ao de Brasília.
Domingo - 9h - Visita
Campo Refugiados - Bangui 13h45 - 16h45
- Catedral - Santa Missa
Segunda-feira -
30 de novembro - 6h20 - 08h15 –
Estádio Barthelemy. Santa Missa
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Papa pede
serenidade para nova fase na República Centro-Africana
serenidade para nova fase na República Centro-Africana
O
primeiro discurso proferido pelo Papa na República Centro-Africana foi na
presença das Autoridades e do Corpo Diplomático. Diante da Chefe de Estado da
Transição, Catherine Samba-Panza. Francisco expressou seu desejo pelo
sucesso das próximas eleições para que o país possa “empreender serenamente uma
nova fase da sua história”.
Confira, abaixo,
a íntegra do discurso do Pontífice.
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Senhora Chefe de
Estado da Transição,
Distintas Autoridades,
Ilustres membros do Corpo Diplomático,
Dignos representantes das Organizações Internacionais,
Amados Irmãos Bispos,
Senhoras e Senhores!
Distintas Autoridades,
Ilustres membros do Corpo Diplomático,
Dignos representantes das Organizações Internacionais,
Amados Irmãos Bispos,
Senhoras e Senhores!
Feliz por estar
aqui convosco, quero em primeiro lugar manifestar o meu vivo apreço pela
calorosa recepção que me reservastes e agradeço à Senhora Chefe de Estado da
Transição pela sua amável saudação de boas vindas. Deste lugar que, de certo
modo, é a casa de todos os centro-africanos, tenho a satisfação de exprimir,
por seu intermédio e através das outras Autoridades do país aqui presentes, a
minha estima e proximidade espiritual a todos os vossos cidadãos. Quero
igualmente saudar os membros do Corpo Diplomático, bem como os representantes
das Organizações Internacionais, cujo trabalho nos recorda o ideal de
solidariedade e cooperação que deve ser cultivado entre os povos e as nações.
"Unidade - Dignidade - Trabalho" |
Com a República
Centro-Africana que, não obstante as dificuldades, se encaminha gradualmente
para a normalização da sua vida sociopolítica, piso pela primeira vez esta
terra, depois do meu predecessor São João Paulo II. É como peregrino de paz que
venho, e apóstolo de esperança que me apresento. Por isso mesmo, me congratulo
com os esforços feitos pelas várias Autoridades nacionais e internacionais, a
começar pela Senhora Chefe de Estado da Transição, para guiar o país nesta fase.
O meu desejo ardente é que as diferentes consultas nacionais que serão
realizadas dentro de algumas semanas permitam ao país empreender serenamente
uma nova fase da sua história.
Para iluminar o
horizonte, temos o lema da República Centro-Africana, que reflete a esperança
dos pioneiros e o sonho dos pais fundadores: «Unidade – Dignidade – Trabalho».
Hoje, mais do que ontem, esta trilogia exprime as aspirações de cada
centro-africano e constitui, consequentemente, uma bússola segura para as
Autoridades, que têm o dever de guiar os destinos do país. Unidade, dignidade,
trabalho! Três palavras densas de significado, cada uma das quais representa
seja um canteiro de obras seja um programa nunca concluído, um compromisso a
executar constantemente.
Primeiro, a unidade.
Esta é, como se sabe, um valor fulcral para a harmonia dos povos. Trata-se de
viver e construir a partir da maravilhosa diversidade do mundo circundante,
evitando a tentação do medo do outro, de quem não nos é familiar, de quem não
pertence ao nosso grupo étnico, às nossas opções políticas ou à nossa confissão
religiosa. A unidade exige, pelo contrário, que se crie e promova uma síntese
das riquezas que cada um traz consigo. A unidade na diversidade é um desafio
constante, que requer criatividade, generosidade, abnegação e respeito pelo
outro.
Depois, a
dignidade. É precisamente este valor moral – sinônimo de honestidade, lealdade,
garbo e honra – que caracteriza os homens e mulheres conscientes tanto dos seus
direitos como dos seus deveres e que os leva ao respeito mútuo. Cada pessoa tem
a própria dignidade. Soube, com prazer, que a República Centro-Africana é o
país do «Zo kwe zo», o país onde cada pessoa é uma pessoa. Então, que tudo se
faça para tutelar a condição e a dignidade da pessoa humana. E quem tem os
meios para levar uma vida decente, em vez de estar preocupado com os
privilégios, deve procurar ajudar os mais pobres a terem, também eles, acesso a
condições de vida respeitosas da dignidade humana, nomeadamente através do
desenvolvimento do seu potencial humano, cultural, econômico e social. Por
conseguinte, o acesso à instrução e à assistência sanitária, a luta contra a
malnutrição e o empenho por garantir a todos uma habitação decente deveriam
aparecer na vanguarda dum desenvolvimento cuidadoso da dignidade humana. Em
última análise, a dignidade do ser humano é trabalhar pela dignidade dos seus
semelhantes.
Por último, o
trabalho. É pelo trabalho que podeis melhorar a vida das vossas famílias. São
Paulo disse: «Não compete aos filhos entesourar para os pais, mas sim aos pais
para os filhos» (2 Cor 12, 14). O esforço dos pais exprime o seu amor pelos
filhos. E também vós, centro-africanos, podeis melhorar esta terra maravilhosa,
explorando sensatamente os seus abundantes recursos. O vosso país situa-se numa
área considerada como um dos dois pulmões da humanidade, por causa da sua
excepcional riqueza de biodiversidade. A tal propósito, a que já me referi na
Encíclica Laudato si’, tenho particularmente a peito chamar a atenção de todos
– cidadãos, responsáveis do país, parceiros internacionais e sociedades
multinacionais – para a grave responsabilidade que vos cabe na exploração dos
recursos ambientais, nas opções e projectos de desenvolvimento que, duma forma
ou doutra, afetam a terra inteira. O trabalho de construção duma sociedade
próspera deve ser uma obra solidária. Desde há muito tempo que a sabedoria do
vosso povo compreendeu esta verdade, traduzindo-a neste provérbio: «As formigas
são pequenas, mas, em grande número, conseguem trazer a presa para o seu
buraco».
É supérfluo, sem
dúvida, sublinhar a importância crucial do comportamento e administração das
Autoridades públicas. Estas deveriam ser as primeiras a encarnar,
coerentemente, na sua vida os valores da unidade, da dignidade e do trabalho,
para servir de modelo aos seus compatriotas.
A história da
evangelização desta terra e a história sociopolítica do país dão testemunho do
compromisso da Igreja na linha destes valores da unidade, da dignidade e do
trabalho. Ao mesmo tempo que faço memória dos pioneiros da evangelização na
República Centro-Africana, saúdo os meus irmãos Bispos que detém presentemente
a responsabilidade daquela. Com eles, renovo a disponibilidade da Igreja
presente nesta nação a contribuir cada vez mais para a promoção do bem comum,
nomeadamente através da busca da paz e reconciliação. Tenho a certeza de que as
Autoridades centro-africanas atuais e futuras terão solicitamente a peito
garantir à Igreja condições favoráveis ao cumprimento da sua missão espiritual.
Assim ela poderá contribuir cada vez mais para «promover todos os homens e o
homem todo» (Populorum progressio, 14), para usar a feliz expressão do meu
predecessor, o Beato Paulo VI, que foi o primeiro Papa dos tempos modernos que,
há cerca de 50 anos, veio à África encorajá-la e confirmá-la no bem ao
despontar duma nova alvorada.
Por minha vez,
quero neste momento congratular-me com os esforços envidados pela comunidade
internacional, aqui representada pelo Corpo Diplomático e os membros de várias
Missões das Organizações Internacionais. Encorajo-a vivamente a avançar sempre
mais pelo caminho da solidariedade, fazendo votos de que a sua obra, unida à
ação das Autoridades centro-africanas, ajude o país a progredir sobretudo na
reconciliação, no desarmamento, na consolidação da paz, na assistência
sanitária e no cultivo duma sã administração a todos os níveis.
Ao concluir,
gostaria de reafirmar a minha alegria por visitar este país maravilhoso,
situado no coração da África, pátria dum povo profundamente religioso, com um rico
patrimônio natural e cultural. Nele vejo um país cumulado dos benefícios de
Deus. Possa o povo centro-africano, bem como os seus dirigentes e todos os seus
parceiros apreciar, no seu justo valor, estes benefícios, trabalhando sem
cessar pela unidade, a dignidade humana e a paz fundada na justiça. Deus vos
abençoe a todos. Obrigado.
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Papa em campo de refugiados:
“Somos todos irmãos, por isso queremos a paz”
Por volta das 12h30 locais de domingo (29/11), o Papa visitou o Campo de
Refugiados “Carmelo” de São Salvador, um dos cinco campos da capital da
República Centro-Africana.
Somos todos irmãos |
O campo da
Paróquia de São Salvador, dividido em 12 bairros, abriga ao menos 7,5 mil
pessoas, em grande parte crianças. Foram elas que receberam o Pontífice, com
cantos e danças.
Uma refugiada
fez uma rápida saudação ao Papa, a quem agradeceu pela presença e disse esperar
que a visita possa trazer reconciliação para todo o país.
Francisco, por
sua vez, improvisou algumas palavras.
“Nós temos que
trabalhar para a paz. A paz sem amor, sem amizade, sem tolerância, sem perdão,
não é possível. Cada um de nós deve fazer algo. Eu desejo que vocês e todos os
centro-africanos, a paz. Uma grande paz entre vocês. Que vocês possam viver em
paz qualquer que seja a etnia, a cultura, a religião, o estado social, mas em
paz, porque todos somos irmãos. Eu gostaria que, todos juntos, repetíssemos.
‘Somos todos irmãos’. É por isso, porque todos somos irmãos, que queremos a
paz”, concluiu.
Atualmente,
cerca de 75 mil pessoas vivem em campos de refugiados no país, gravemente
afetado pelo conflito civil de fundo religioso. (RB)
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Francisco abre o
Jubileu da Misericórdia da República Centro-Africana
O
Papa Francisco inaugurou oficialmente o Ano Santo da Misericórdia na República
Centro-Africana ao abrir, no início da noite de domingo (29/11), a Porta Santa
na Catedral de Nossa Senhora da Conceição de Bangui.
Francisco abre a Porta Santa |
"Hoje,
Bangui se transforma na capital espiritual do mundo. O Ano Santo da
Misericórdia chega antes à esta terra, uma terra que há muitos anos sofre com a
guerra, o ódio, a incompreensão, a falta de paz", disse o Pontífice antes
de abrir a Porta Santa, de madeira e vidro.
"Nesta
terra sofredora – continuou o Papa – estão todos os países que
viveram a cruz da guerra. Bangui se transforma na capital espiritual da oração
pela misericórdia do Pai. Todos pedimos paz, misericórdia, reconciliação,
perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana e por todos os
países que sofrem com a guerra, pedimos a paz!".
Em seguida,
falando em idioma local, Francisco pediu a todos os fiéis para que repetissem
com ele a seguinte oração: "Ndoye siriri, (Todos juntos pedimos) amor e
paz!".
"E agora,
prosseguiu o Papa, com esta oração começamos o Ano Santo aqui, nesta capital
espiritual do mundo hoje". O Pontífice então voltou-se à porta principal
da catedral, abrindo-a e, por alguns instantes, permaneceu com os braços
abertos, enquanto dentro da igreja fiéis aplaudiam e se ajoelhavam.
Já em sua
homilia, dirigindo-se aos sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas,
Francisco destacou que “os agentes de evangelização devem ser, antes de mais
nada, artesãos do perdão, especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia”.
E acrescentou:
“Mesmo quando se
desencadeiam as forças do mal, os cristãos devem responder ao apelo, de cabeça
erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a última palavra. E
será uma palavra de amor”.
Abaixo,
publicamos a íntegra da homilia do Papa
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Neste I Domingo
de Advento, tempo litúrgico da expectativa do Salvador e símbolo da esperança
cristã, Deus guiou os meus passos até junto de vocês, nesta terra, enquanto a
Igreja no mundo inteiro se prepara para inaugurar o Ano Jubilar da
Misericórdia.
E sinto-me
particularmente feliz pelo fato de a minha visita pastoral coincidir com a
abertura em seu país deste Ano Jubilar. A partir desta Catedral, com o coração
e o pensamento, quero alcançar afetuosamente todos os sacerdotes, os
consagrados, os agentes pastorais deste país, que estão espiritualmente unidos
conosco neste momento.
Inicia-se o Jubileu da Misericórdia na República Centro-Africana |
Em vocês, quero
saudar todos os centro-africanos, os doentes, as pessoas idosas, os feridos
pela vida. Talvez alguns deles estejam desesperados e já não tenham força
sequer para reagir, esperando apenas uma esmola, a esmola do pão, a esmola da
justiça, a esmola de um gesto de atenção e bondade.
Mas, como os
apóstolos Pedro e João que subiam ao templo e não tinham ouro nem prata para
dar ao paralítico indigente, venho oferecer-lhes a força e o poder de Deus que
curam o homem, fazem-no levantar e tornam-no capaz de começar uma nova vida,
«passando à outra margem» (cf. Lc 8, 22).
Jesus não nos
envia sozinhos para a outra margem, mas convida-nos a fazer a travessia
juntamente com Ele, respondendo cada qual a uma vocação específica. Devemos,
pois, estar cientes de que esta passagem para a outra margem só se pode fazer
com Ele, libertando-nos das concepções de família e de sangue que dividem, para
construir uma Igreja-Família de Deus, aberta a todos, que cuida dos mais
necessitados.
Proximidade
Isto pressupõe a
proximidade aos nossos irmãos e irmãs, isto implica um espírito de comunhão.
Não se trata primariamente de uma questão de recursos financeiros; realmente
basta compartilhar a vida do Povo de Deus, dando a razão da esperança que está
em nós (cf. 1 Ped 3, 15), sendo testemunhas da misericórdia infinita de Deus,
que – como sublinha o Salmo Responsorial deste domingo - «é bom e (…) ensina o
caminho aos pecadores» (Sal 25/24, 8). Jesus ensina-nos que o Pai celeste «faz
com que o Sol se levante sobre os bons e os maus» (Mt 5, 45).
Depois de nós
mesmos termos feito a experiência do perdão, devemos perdoar. Aqui está a nossa
vocação fundamental: «Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai
celeste» (Mt 5, 48). Uma das exigências essenciais desta vocação à perfeição é
o amor aos inimigos, que protege contra a tentação da vingança e contra a
espiral das retaliações sem fim. Jesus fez questão de insistir sobre este
aspecto particular do testemunho cristão (cf. Mt 5, 46-47).
Consequentemente,
os agentes de evangelização devem ser, antes de mais nada, artesãos do perdão,
especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia. É assim que podemos
ajudar os nossos irmãos e irmãs a «passar à outra margem», revelando-lhes o
segredo da nossa força, da nossa esperança, e da nossa alegria que têm a sua
fonte em Deus, porque estão fundadas na certeza de que Ele está conosco no
barco. Como fez com os Apóstolos na altura da multiplicação dos pães, é a nós
que o Senhor confia os seus dons para irmos distribuí-los por todo o lado,
proclamando a sua palavra que garante: «Eis que virão dias em que cumprirei a
promessa favorável que fiz à casa de Israel e à casa de Judá» (Jr 33, 14).
Nos textos
litúrgicos deste domingo, podemos descobrir algumas características desta
salvação anunciada por Deus, que servem igualmente como pontos de referência
para nos guiar na nossa missão. Antes de mais nada, a felicidade prometida por
Deus é anunciada em termos de justiça. O Advento é o tempo para preparar os
nossos corações a fim de acolher o Salvador, isto é, o único Justo e o único Juiz
capaz de dar a cada um a sorte que merece. Aqui, como em outros lugares, muitos
homens e mulheres têm sede de respeito, justiça, equidade, sem avistar no
horizonte qualquer sinal positivo.
Vinda do
Salvador
Para eles, o
Salvador vem trazer o dom da sua justiça (cf. Jr 33, 15). Vem tornar fecundas
as nossas histórias pessoais e coletivas, as nossas esperanças frustradas e os
nossos votos estéreis. E manda-nos anunciar sobretudo àqueles que são oprimidos
pelos poderosos deste mundo, bem como a quantos vivem vergados sob o peso dos
seus pecados: «Judá será salvo e Jerusalém viverá em segurança. Este é o nome
com o qual será chamada: “Senhor-nossa justiça”» (Jr 33, 16). Sim, Deus é
Justiça! Por isso mesmo nós, cristãos, somos chamados a ser no mundo os artesãos
duma paz fundada na justiça.
A salvação que
esperamos de Deus, tem igualmente o sabor do amor. Na verdade, preparando-nos
para o mistério do Natal, assumimos de novo o caminho do povo de Deus para
acolher o Filho que nos veio revelar que Deus não é só Justiça mas é também e
antes de tudo Amor (cf. 1 Jo 4, 8).
Em todos os
lugares, mas sobretudo onde reinam a violência, o ódio, a injustiça e a
perseguição, os cristãos são chamados a dar testemunho deste Deus que é Amor.
Reconhecimento
humilde
Ao encorajar os
sacerdotes, as pessoas consagradas e os leigos que, neste país, vivem por vezes
até ao heroísmo as virtudes cristãs, reconheço que a distância, que nos separa
do ideal tão exigente do testemunho cristão, às vezes é grande.
Por isso faço
minhas, sob a forma de oração, estas palavras de São Paulo: «O Senhor vos faça
crescer e superabundar de caridade uns para com os outros e para com todos» (1
Ts 3, 12). A este respeito, deve permanecer presente no nosso horizonte como um
farol o testemunho dos pagãos sobre os cristãos da Igreja Primitiva: «Vede como
se amam, amam-se verdadeiramente» (Tertuliano, Apologético, 39, 7).
Por fim, a
salvação anunciada por Deus reveste o carácter de uma força invencível que
triunfará sobre tudo. De fato, depois de ter anunciado aos seus discípulos os
sinais tremendos que precederão a sua vinda, Jesus conclui: «Quando estas
coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e levantai a cabeça, porque a vossa
redenção está próxima» (Lc 21, 28). E, se São Paulo fala de um amor «que cresce
e superabunda», é porque o testemunho cristão deve refletir esta força
irresistível de que se trata no Evangelho.
Assim, é também
no meio de convulsões inauditas que Jesus quer mostrar o seu grande poder, a
sua glória incomparável (cf. Lc 21, 27) e a força do amor que não recua diante
de nada, nem diante dos céus transtornados, nem diante da terra em chamas, nem
diante do mar revolto. Deus é mais forte que tudo. Esta convicção dá ao crente
serenidade, coragem e a força de perseverar no bem frente às piores adversidades.
Mesmo quando se desencadeiam as forças do mal, os cristãos devem responder ao
apelo, de cabeça erguida, prontos a resistir nesta batalha em que Deus terá a
última palavra. E será uma palavra de amor.
A todos aqueles
que usam injustamente as armas deste mundo, lanço um apelo: deponde esses
instrumentos de morte; armai-vos, antes, com a justiça, o amor e a
misericórdia, autênticas garantias de paz. Discípulos de Cristo, sacerdotes,
religiosos, religiosas ou leigos comprometidos neste país de nome tão
sugestivo, situado no coração da África e que é chamado a descobrir o Senhor
como verdadeiro Centro de tudo o que é bom, a vossa vocação é encarnar o
coração de Deus no meio dos vossos concidadãos. Oxalá o Senhor nos torne a
todos «firmes (...) e irrepreensíveis na santidade diante de Deus, nosso Pai,
por ocasião da vinda de Nosso Senhor Jesus com todos os seus santos» (1 Ts 3,
13). Assim seja!
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Francisco aos jovens em Bangui:
Resistam à guerra e à divisão!
Após abrir a Porta Santa e inaugurar o Jubileu da Misericórdia na República
Centro-Africana, na noite de domingo (29/11), o Papa deu início à Vigília de
Oração para a Missa que encerrará sua visita à África, na manhã da
segunda-feira.
O Pontífice,
antes de confessar alguns jovens no átrio da Catedral de Nossa Senhora,
discursou de improviso à multidão que o aguardava diante da igreja para, ao
final, enviar os jovens da África.
“A estrada que
lhes é proposta neste momento difícil de guerra e divisão: a estrada da
resistência. Fugir dos desafios da vida jamais é uma solução. É preciso
resistir, ter a coragem para resistir e lutar pelo bem! Quem foge, não tem
coragem de dar vida”.
Como podemos
resistir? – Perguntou o Papa.
“Antes de tudo:
a oração. A oração é poderosa. A oração vence o mal. A oração nos aproxima de
Deus que é Todo-Poderoso”.
“Em segundo
lugar: trabalhar pela paz. A paz não é um documento que se assina e fica na
gaveta. A paz se faz todos os dias. A paz é um trabalho de artesãos, se faz com
as mãos. Se faz com a própria vida”.
Mas como posso
eu, ser um artesão da paz? – Questionou ainda o Pontífice.
“Não odiar,
jamais! Se alguém te faz mal, procure perdoar. Nada de ódio. Muito perdão.
Digamos juntos, nada de ódio, muito perdão!”
“Se você não
tiver ódio no coração, se perdoares, serás um vencedor! Porque serás vencedor
da mais difícil batalha da vida: vencedor no amor! E pelo amor, vem a paz”.
“Somente se
vence pela estrada do amor. É possível amar o inimigo? Sim! Podemos perdoar
quem nos fez mal? Sim! Assim, com o amor e com o perdão, vocês serão
vencedores”.
“Com o amor,
vocês serão vencedores na vida e darão vida sempre. O amor jamais fará de vocês
derrotados. Corajosos no amor, no perdão e na paz!”,
Ao dizer que
estava muito contente de poder encontrar os jovens, Francisco finalizou:
“Hoje abrimos
esta Porta, isto significa a Porta da Misericórdia de Deus. Confiem em Deus,
porque ele é misericordioso. Ele é amor. Ele é capaz de dar a vocês a paz”.
(RB)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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