No dia em que
celebramos os mortos, tudo fala de vida, de modo que podemos afirmar, com toda
a certeza e alegria, que morrer é viver. A razão disso tudo é a pessoa de Jesus
Cristo, morto e ressuscitado, primeiro fruto dentre os que ressuscitam dos
mortos, nosso irmão mais velho e vencedor da morte.
De algum modo, a
ressurreição de Jesus foi sendo preparada na fé e na esperança do povo, em meio
ao qual está o autor do livro da Sabedoria. Ele afirma que a luta do justo pela
justiça é cheia de imortalidade.
O amor de Jesus
para com Lázaro – representante de toda a humanidade que Deus ama sem limites –
não é barrado pela morte. Pelo contrário, esse amor o leva a agir: chega ao
túmulo, manda tirar a pedra, dá graças ao Pai por ouvi-lo sempre, ordena a
Lázaro que saia e manda os presentes desamarrarem o ressuscitado e deixá-lo ir.
Em poucas palavras, o Evangelho de São João se torna extremamente dinâmico,
fazendo com que o túmulo se abra, o morto saia e caminhe. E a força que
movimenta tudo isso se chama amor que não termina com a morte; chama-se também
comunhão perfeita com o projeto do Pai, que é vida e liberdade.
O acontecimento
da ressurreição de Lázaro compromete todos os que acreditam em Jesus e no Pai
que o enviou. Jesus é, sem dúvida, o Pastor que conduz suas ovelhas para fora
dos currais, E compromete também os que lhe dão sua adesão. De fato, os
presentes têm que desamarrar Lázaro e deixar que ande. É nesse ponto que se
pode fazer a passagem de ontem para hoje. Como atualizar o episódio da
ressurreição de Lázaro? Em outras palavras, quais são as amarras que os
cristãos têm de desfazer para que muitas pessoas comecem a caminhar?
A morte é o
termo da vida terrena. As nossas vidas são medidas pelo tempo no decurso do
qual nós mudamos e envelhecemos. E como acontece com todos os seres vivos da
terra, a morte surge como o fim normal da vida. Este aspecto da morte confere
uma urgência às nossas vidas: a lembrança da nossa condição de mortais também
serve para nos lembrar de que temos um tempo limitado para realizar a nossa
vida: «Lembra-te do teu Criador nos dias da mocidade [...], antes que o pó
regresse à terra, donde veio, e o espírito volte para Deus que o concedeu» (Ecl
12, 1.7).
Ao morrer: cada
homem recebe, na sua alma imortal, a sua retribuição eterna, num juízo
particular feito por Cristo, Juiz dos vivos e dos mortos. «Nós cremos que as
almas de todos os que morrem na graça de Cristo [...] constituem o povo de Deus
no além da morte, a qual será definitivamente destinada no dia da ressurreição,
quando estas almas forem reunidas aos seus corpos».
Cada católico é
obrigado a crer na ressurreição de Cristo que é a prefiguração da sua própria
Ressurreição. Rezemos, pois, por todos os fiéis defuntos. Este costume bonito,
de nossa fé, nos leva a certeza de que a vida não é tirada, mais refeito nosso
corpo mortal, nos é dado no céu a coroa imperecível da vida que não se
extingue!
Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora - MG
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Ouça esta bela mensagem musical do Pe. Zezinho:
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