domingo, 6 de setembro de 2015

Francisco:
Jesus é o grande construtor de pontes
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco assomou à janela do apartamento pontifício neste XXIII do Tempo Comum para rezar, com os milhares de fieis reunidos na Praça São Pedro, a tradicional oração mariana do Angelus. Eis a íntegra de sua reflexão:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
"Deus não é fechado em si mesmo,
mas se abre e se coloca em comunicação com a humanidade"
O Evangelho de hoje narra a cura de um surdo-mudo por parte de Jesus, um evento prodigioso que mostra como Jesus restabelece a plena comunicação do homem com Deus e com os outros homens. O milagre é ambientado na região de Decapoli, isto é, em pleno território pagão; portanto aquele surdo-mudo que é levado até Jesus torna-se o símbolo do não-crente que realiza um caminho em direção à fé. De fato, a sua surdez expressa a incapacidade de escutar e de compreender não somente as palavras dos homens, mas também a Palavra de Deus. E São Paulo nos recorda que “a fé nasce da escuta da pregação”.
A primeira coisa que Jesus faz é levar aquele homem para longe da multidão: não quer fazer publicidade do gesto que está por realizar, mas não quer tampouco que a sua palavra seja coberta pelo rumor das vozes e dos mexericos do ambiente. A Palavra de Deus que o Cristo nos transmite tem necessidade de silêncio para ser ouvida como Palavra que cura, que reconcilia e restabelece a comunicação.
São depois evidenciados dois gestos de Jesus. Ele toca os ouvidos e a língua do surdo-mudo.  Para iniciar a relação com aquele homem “travado” na comunicação, procura primeiro restabelecer o contato. Mas o milagre é um dom do alto, que Jesus implora ao Pai; por isto eleva os olhos aos céus e ordena: “Abre-te!”. Os ouvidos do surdo se abrem, se dissolve o nó da sua língua e começa a falar corretamente.
O ensinamento que tiramos deste episódio é que Deus não é fechado em si mesmo, mas se abre e se coloca em comunicação com a humanidade. Na sua imensa misericórdia, supera o abismo da infinita diferença entre ele e nós e vem ao nosso encontro. Para realizar esta comunicação com o homem, Deus se faz homem: não lhe basta falar-nos mediante a lei e os profetas, mas se torna presente na pessoa de seu Filho, a Palavra feita carne. Jesus é o grande “construtor de pontes”, que constrói em si mesmo a grande ponte da comunhão plena com o Pai.
Mas este Evangelho nos fala também de nós: frequentemente nós somos voltados e fechados em nós mesmos e criamos tantas ilhas inacessíveis e inóspitas. Até mesmo as relações humanas mais elementares às vezes criam realidades incapazes de abertura recíproca: o casal fechado, a família fechada, o grupo fechado, a paróquia fechada, a pátria fechada...e isto não é de Deus, é nosso, o nosso pecado".
E ainda na origem da nossa vida cristã, no batismo, existem aquele gesto e aquela palavra de Jesus: “Effatà! – Abre-te!”. E o milagre se realizou: fomos curados da surdez do egoísmo e da mudez do fechamento e do pecado, e fomos inseridos na grande família da Igreja; podemos ouvir Deus que nos fala e comunicar a sua Palavra àqueles que nunca a ouviram, ou a quem a esqueceu e sepultou sob os espinhos das preocupações e dos enganos do mundo.
Peçamos a Virgem Santa, mulher de escuta e do testemunho jubiloso, de sustentar-nos no compromisso de professar a nossa fé e de comunicar as maravilhas do Senhor àqueles que encontramos em nosso caminho".
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Francisco apela para que casas religiosas acolham os migrantes
Após recitar a oração do Angelus, o Papa Francisco voltou seu pensamento ao drama dos refugiados que fogem das guerras e da fome “e estão a caminho de uma esperança de vida”, lançando um veemente apelo às paróquias, comunidades religiosas, mosteiros e santuários para que os acolham.
Milhares de refugiados da guerra e da fome
chegam diariamente à Europa
Francisco inicialmente lembrou que “a misericórdia de Deus é reconhecida pelas obras”, como bem testemunhou “a  vida da Beata Madre Teresa de Calcutá”, cujo aniversário de morte foi celebrado no sábado (06). O Evangelho – disse o Santo Padre – nos chama a sermos próximos dos “mais pequenos” e dos abandonados, a quem se deve dar “uma esperança concreta”. “Não basta somente dizer “Coragem, paciência!” – advertiu -, mas “a esperança é combativa, com a tenacidade de quem vai em direção à uma meta segura. Então, lançou um forte apelo:
“Portanto, na proximidade do Jubileu da Misericórdia, dirijo um apelo às paróquias, às comunidades religiosas, aos mosteiros e aos Santuários de toda a Europa para expressarem a concretude do Evangelho e acolher uma família de refugiados. Um gesto concreto em preparação ao Ano Santo. Cada paróquia, cada comunidade religiosa, cada mosteiro, cada santuário na Europa hospede uma família, começando pela minha diocese de Roma”.
O Papa dirigiu-se então aos “irmãos Bispos da Europa, verdadeiros pastores”, para que acolham e apoiem em suas dioceses seu apelo, recordando que “a Misericórdia é o segundo nome do amor”.
As duas paróquias do Vaticano acolherão duas famílias de refugiados, anuncio o Pontífice. (JE)
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Papa pede superação da crise entre Venezuela e Colômbia
A situação  tensa entre a Colômbia e a Venezuela também mereceu a atenção do primeiro Pontífice latino-americano, no tradicional encontro dominical na Praça São Pedro. O Papa, em espanhol, lançou um apelo ao entendimento:
“Nestes dias, os Bispos da Venezuela e da Colômbia reuniram-se para examinar juntos a dolorosa situação que se criou na fronteira entre os dois países. Vejo neste encontro um claro sinal de esperança. Convido a todos, em particular os povos venezuelano e colombiano, a rezar para que, com um espírito de solidariedade e fraternidade, possam superara as atuais dificuldades”.
A solidariedade e a fraternidade superam as divergências e discórdias
De fato, a Venezuela vem expulsando colombianos que habitam em seu território, sob o pretexto de combater grupos armados e o contrabando.  Os episcopados dos dois países estiveram reunidos na quinta-feira para trabalhar em favor da paz e em sinal de solidariedade com os dois países.
Neste contexto, repropomos a entrevista da Rádio Vaticano ao Presidente da Conferência Episcopal Colombiana, Dom Luis Augusto Castro Quiroga:
Dom Luis Augusto“Eu penso que mesmo sendo grave e dolorosos o que aconteceu aos colombianos expulsos da Venezuela, o problema do povo venezuelano é mil vezes maior porque é um problema político, social e econômico de intensidade muito forte. Por isto é importantíssimo que possamos ter manifestações de mútua solidariedade, porém também estudar a possibilidade de colaborar pastoralmente naquela região de fronteira onde existem dioceses colombianas e também venezuelanas”.
RV: Na sua opinião, existe o risco de que a atual crise entre Venezuela e Colômbia possa incidir também no processo de paz com as Farc em andamento em Cuba?
Dom Luis Augusto“A minha posição é de um enérgico “não” em relacionar o processo de paz de Cuba com isto que aconteceu. São duas coisas diferentes. Se nós começarmos a relacionar uma coisa com a outra, faremos com que isto adquira, num determinado momento, dimensões incontroláveis. Pelo contrário, são duas coisas muito diferentes e devemos respeitar a contribuição da Venezuela ao processo de paz. Não se pode relacionar uma coisa com a outra. Por este motivo eu sou muito enérgico contra aqueles que começam a dizer: “É melhor que a Venezuela não esteja mais na frente do processo de paz”. Isto é uma insensatez”.
RV: Como são acolhidas as palavras da Igreja na Colômbia?
Dom Luis Augusto“Certamente, na Colômbia a voz da Igreja é muito ouvida e temos boas relações. Por isto penso que podemos influenciar de alguma maneira em todo este processo”. (JE)
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                                                                    Fonte: radiovaticana.va      news.va

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