Sentidos em função
Deus nos deu de
presente os sentidos para percebermos tudo ao redor e dentro de nós, em bem de
nossa proteção e realização. Enxergando adequadamente evitamos os tropeços, os
caminhos diversos para nossa escolha, os sinais de trânsito, os outros que
caminham, os veículos... Percebemos os sons, os odores, o paladar, o tato...
Enfim, usamos todos esses dons para nos ajudar a caminhar buscando nossa
realização. Quando os sentidos não funcionam bem ou os usamos de modo nocivo,
temos conseqüências danosas para nós mesmos e para os outros.
Escutar Deus, falar de seu amor |
Na caminhada
terrena precisamos abrir os olhos do amor para enxergarmos o caminho melhor,
superando as exclusões, praticando a justiça, colaborando com a promoção de
quem é deixado de lado, fazendo com que a família seja valorizada, a política
seja um real serviço ao bem comum, a honestidade seja um instrumento de
respeito à cidadania... Nesta linha os pobres deveriam ser os primeiros
contemplados no caminho da solidariedade, como lembra o Apóstolo Tiago: “Não
escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do
Reino?” (Tiago 2,5).
Quando temos
distúrbios nos sentidos, somos levados a procurar ajuda. A medicina nos oferece
muito auxílio. O próprio Jesus fez milagres e curou tantas pessoas de seus
males físicos e psíquicos, mas não sem estimulá-las a querer a cura da alma,
abrindo-se para seguir o que Ele ensinava. A saúde física é boa, mas se a
pessoa não tiver a saúde da alma, ela pode usar mal dos sentidos e não realizar
o bem moral ou de amor a Deus e ao semelhante, fazendo nisso, o bem a si mesma.
A maior preocupação do Mestre era com o bem total da pessoa humana. Ele veio
para dar vida em plenitude. Para isso, corrigiu as atitudes falsas das pessoas
que enganavam o povo. Exigiu sinceridade, boa vontade, conversão, humildade e
compromisso com o bem da comunidade. Ele deu o exemplo de doação total de si e
nos chama a fazer o mesmo. Se quisermos ter a vida plenamente realizada,
precisamos dar de nós pelo bem da realização do semelhante.
A vida de
sentido nos faz viver com altivez de caráter. Este faz mostrar aos outros que
somos pessoas de valor pela convivência na promoção da vida digna. Só com
riquezas materiais, culturais e bem estar não valeremos muito. Deus vai nos
julgar e premiar pelo bem que fazemos às pessoas e à comunidade, desenvolvendo os
talentos e os sentidos para servir o próximo.
Dom José Alberto Moura - Arcebispo de Montes Claros (MG)
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