Papa Francisco:
"Chamados a edificar o Corpo de Cristo que é a Igreja"
Nova Iorque (RV)
– Neste penúltimo dia em terras estadunidenses, o Papa se despediu de Nova
Iorque na manhã deste sábado (26/9), e se transferiu para Filadélfia onde
presidiu à celebração Eucarística para os bispos, o clero, os religiosos e
religiosas da Pensilvânia na Basílica de São Pedro e São Paulo.
No patamar da Basílica,
Francisco foi acolhido por um grupo de crianças e algumas famílias, enquanto no
interior, estavam presentes cerca de 2 mil fiéis e, na capela lateral, outros
500. Durante a Missa votiva da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja,
o Papa pronunciou sua homilia referindo-se inicialmente à história daquela bela
Catedral, que o levou a aprofundar o aspecto histórico, não material mas
espiritual, da Igreja da Filadélfia e da Pensilvânia:
Herança
É nossa missão transmitir a alegria do Evangelho e edificar a Igreja |
Esta história da
Igreja local pode ser vista ainda, acrescentou o Papa, nos esforços de todos
aqueles sacerdotes, religiosos e leigos que, com dedicação, ao longo de dois
séculos, trabalharam pelas necessidades espirituais dos pobres, dos imigrantes,
dos doentes e dos encarcerados; pode ser vista também nas inúmeras escolas,
onde consagrados e consagradas ensinaram as crianças a ler e a escrever, a amar
a Deus e ao próximo, e a contribuir como bons cidadãos para a vida da sociedade
americana.
Missionariedade
A seguir,
Francisco recordou a história de Santa Catarina Drexel, uma das grandes santas
daquela Igreja local. Quando ela falou ao Papa Leão XIII da necessidade das
missões, o Papa, que era muito sábio, perguntou-lhe: «E você, o que vai fazer?»
Tais palavras mudaram a vida e o rumo de Santa Catarina. E o Papa
explicou: “Cada um de nós deve responder, da melhor forma possível, o
chamado do Senhor para construir seu Corpo, que é a Igreja: ‘E você o que vai
fazer?’”.
Jesus é o sólido alicerce em que se fundamenta nossa missão |
Primeiro,
referindo-se ao numerosos jovens que, nas paróquias e escolas, têm os mesmos
ideais elevados, generosidade de espírito e amor a Cristo e à Igreja, o Santo
Padre recordou: “Um dos grandes desafios que a Igreja tem pela frente, nesta
geração, é promover, em todos os fiéis, o sentido de responsabilidade pessoal
pela missão da Igreja e torná-los capazes de a cumprir como discípulos
missionários, sendo fermento do Evangelho no nosso mundo.
Criatividade
Isto, porém,
frisou o Pontífice, exige criatividade para se adaptar às situações em mudança,
para levar adiante a herança do passado, dóceis ao Espírito, e comunicar a
alegria do Evangelho, todos os dias e em todas as estações da vida. Aqui, o
Papa explicou o segundo aspecto da nossa missão cristã:
Rezem com fervor pelo Sínodo dos Bispos sobre a família |
Porém, advertiu
o Pontífice ao clero, isto não significa descuidar da autoridade espiritual que
nos foi confiada, mas discernir e usar sabiamente os múltiplos dons que o
Espírito concede à Igreja. De forma particular, valorizar a contribuição imensa
que as mulheres, leigas e consagradas, deram e continuam a oferecer à vida das
nossas comunidades. Por fim, o Pontífice deixou a seguinte exortação aos bispos
e clero da Pensilvânia:
Apoio
“Encorajo-os a
deixar-se renovar na alegria daquele primeiro encontro com Jesus, extraindo, de
tal alegria, renovada fidelidade e vigor. Durante estes dias de Encontro
Mundial das Famílias, peço-lhes para refletir sobre a qualidade do nosso
ministério com as famílias, os casais de noivos e os jovens. Peço-lhes que
rezem com fervor pelas famílias e pelas decisões do próximo Sínodo dos Bispos
sobre a família”.
O Santo Padre
concluiu sua homilia, dirigindo seu olhar a Maria, nossa Mãe Santíssima, para
que, com o seu amor materno, interceda pelo crescimento da Igreja na América,
levando alegria, esperança e força ao mundo.
Ao término da
Santa Missa, o Papa deixou a Catedral e se transferiu para o Seminário São
Carlos Borromeu, em Filadélfia, onde ficará hospedado até o final desta sua 10ª
Viagem Internacional. Na parte da tarde deste sábado (26/9), o Bispo de
Roma manterá um encontro pela “Liberdade Religiosa”, com a Comunidade hispânica
e outros imigrantes, no Parque Histórico da Independência Nacional.
O Pontífice
concluirá suas atividades, neste quinto dia de permanência em terras
norte-americanas, presidindo, às 20h20, hora de Brasília, à Vigília de Oração,
durante a qual encontrará as Famílias, no Parque Benjamin Franklin de
Filadélfia, no âmbito do VIII Encontro Mundial das Famílias. (MT)
Assista:
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Papa:
Que as religiões unam sua voz para invocar paz e tolerância
Filadélfia (RV)
- Um povo que recorda não repete os erros do passado; pelo contrário, olha
confiante para os desafios do presente e do futuro: foi o que disse o Papa
Francisco no encontro em prol da liberdade religiosa, realizado no Independece
National Historical Park de Filadélfia, lugar do nascimento dos EUA.
Partindo do
simbolismo que o lugar representa, o Pontífice evocou a Declaração de
Independência deste país para, em seguida, desenvolver a sua reflexão acerca
das liberdades e, depois, discorrer sobre a liberdade religiosa.
A dimensão transcendente da existência humana nos garante a liberdade |
Após evidenciar
que a verdade deve ser constantemente reafirmada, assumida e defendida,
Francisco afirmou que todos nos beneficiamos quando se faz memória do
nosso passado. “A memória salva a alma dum povo de tudo aquilo ou de todos
aqueles que poderiam tentar dominá-lo ou utilizá-lo para os seus interesses”,
reiterou.
Referindo-se
novamente ao lugar símbolo do espírito estadunidense, o Santo Padre disse que a
liberdade religiosa “é um direito fundamental que plasma o modo como
interagimos social e pessoalmente com nossos vizinhos, cujos pontos de vista
religiosos são diferentes dos nossos”.
“A liberdade
religiosa implica certamente o direito de adorar a Deus, individual e
comunitariamente, como a nossa consciência dita. Mas, por outro lado, a
liberdade religiosa transcende, por sua natureza, os lugares de culto, bem como
a esfera dos indivíduos e das famílias.”
As nossas
diferentes tradições religiosas “lembram-nos a dimensão transcendente da
existência humana e a nossa liberdade irredutível contra qualquer pretensão de
poder absoluto”.
“Basta lançar um
olhar à história, especialmente à do século passado, para ver as atrocidades
perpetradas pelos sistemas que pretenderam construir este ou aquele ‘paraíso
terrestre’ dominando os povos, subjugando-os com princípios aparentemente
indiscutíveis e negando-lhes qualquer tipo de direito.”
Num mundo onde
as diferentes formas de moderna tirania procuram suprimir a liberdade
religiosa, ou reduzi-la a uma subcultura sem direito de expressão na esfera
pública, ou ainda – continuou – usar a religião como pretexto para o ódio e a
brutalidade, “torna-se forçoso que os seguidores das diferentes religiões unam
a sua voz para invocar a paz, a tolerância, o respeito pela dignidade e os
direitos dos outros”, foi o premente convite do Papa.
Referindo-se aos
fundadores de Filadélfia, os Quakers – que viviam inspirados por um profundo
sentido evangélico da dignidade de cada pessoa –, Francisco aproveitou a
ocasião para agradecer a todos aqueles que procuram, qualquer que seja a sua
religião, servir o Deus da paz “cuidando do próximo necessitado, defendendo a
dignidade do dom divino da vida em todas as suas fazes, defendendo a causa do
pobre e dos imigrantes”.
A última parte
de seu discurso foi dedicada à grande população hispânica dos EUA, reconhecendo
em muitos deles, representantes de imigrantes recentes neste país.
Em seguida, o
Papa dirigiu-lhes uma palavra de encorajamento e fez um pedido:
“Não desanimeis
com os desafios e as dificuldades que tendes de enfrentar, sejam eles quais
forem. Peço para não vos esquecerdes que, tal como aqueles que vieram antes de
vós, trazeis muitos talentos à vossa nova nação. Não vos envergonheis das
vossas tradições. Não esqueçais as lições que aprendestes dos vossos
antepassados e que podem enriquecer a vida deste país americano.”
Francisco
concluiu dizendo que também eles são chamados a ser cidadãos responsáveis e a
contribuir frutuosamente para a vida das comunidades onde vivem, e que trazendo
suas contribuições, não só encontrariam o seu lugar ali, mas ajudariam “a
sociedade a renovar-se a partir de dentro”. (RL)
Assista:
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Papa na Festa das Famílias:
“A família tem cidadania divina”
Centenas de milhares de pessoas acolheram o Papa na sua chegada ao
Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, na noite do sábado (26/9). No
palco, o espetáculo foi conduzido por grandes nomes da música dos Estados
Unidos e, ao mesmo tempo, pela emoção dos testemunhos das famílias. Após ouvir
diversos testemunhos de famílias das mais diferentes realidades que
compartilharam as experiências de vida, o Papa iniciou a sua reflexão, deixando
de lado o discurso preparado e falando de coração.
“Queridos
irmãos e irmãs, queridas famílias
Nas famílias há cruz, mas, em seguida, há ressurreição |
A beleza nos
leva a Deus. Um testemunho verdadeiro nos leva a Deus. Porque Deus também é
verdade. Beleza e Verdade. E um testemunho dado para servir é bom, nos faz
bons, porque Deus é bondade. Todos os bons, todos os verdadeiros, toda a beleza
nos levam a Deus, porque Deus é bom, é belo, é verdade. Obrigado a todos, a
todos que deram testemunho, e a presença de vocês que também é um testemunho de
que vale a pena a vida em família. De que uma sociedade cresce forte,
cresce boa, cresce sólida se se edifica na família.
Uma vez, uma
criança me perguntou. Sabem, crianças fazem perguntas difíceis. Padre, o que
Deus fazia antes de criar o mundo? Lhes asseguro
que me custou muito responder. E disse o que vou dizer agora: antes de criar o
mundo, Deus amava, porque Deus é amor.
Era tal o amor,
do Pai, Filho e Espirito Santo que transbordava, não sei se e muito teológico,
era tão grande que não poderia ser egoísta, tinha que sair de si mesmo. Para
compartilhar o amor quem ele amava, e então Ele criou esse mundo lindo em que
vivemos. E, por estarmos um pouco confusos, o estamos destruindo. Mas o
mais lindo que Deus fez foi a família.
Criou o homem e
a mulher, e lhes entregou tudo. O mundo. Cresçam, multipliquem-se, cultivem a
terra, façam produzir, crescer, com todo o amor que fez a Criação, entregou a
uma família. Todo o amor, a beleza e entrega a família... quando essa abre
os braços e recebe.
Não existe
paraíso na terra. Existem problemas, porque por astúcia do diabo os homens
aprenderam a se dividir. Todo esse amor que Deus nos deu, foi quase perdido. Em
pouco tempo, o primeiro crime, o primeiro fratricídio. Um irmão mata outro
irmão. A guerra, o amor, a beleza e a verdade de Deus e a destruição da guerra,
e entre essas duas posições, caminhamos hoje.
Cabe a nos escolher,
decidir o caminho que queremos seguir. Vamos para trás...quando o homem e sua
mulher se equivocaram, Deus não os abandonou. É muito grande o amor de Deus,
que começou então a caminhar com seu povo até que chegou o momento justo e deu
a maior expressão de seu Amor, seu Filho: e para onde mandou seu Filho? A um
palácio, uma empresa... não, mandou-O a uma família.
A beleza nos leva a Deus, e na família há beleza |
Pôde fazer isso
porque era uma família que tinha o amor aberto ao coração, as portas abertas.
Pensemos em Maria, não poderia acreditar. Como isso pode acontecer? Quando
explicaram, ela obedeceu. Pensemos em José, cheio de planos e, de repente, se
encontra nessa situação que não entende, mas aceita. E em obediência, de amor
de Maria e José, se dá uma família em que Deus vem. Deus sempre bate às portas
dos corações. Ele gosta de fazer isso. Ele sai de dentro. Mas sabe o que mais
gosta? Bater às portas das famílias, encontrar famílias que se amam, que fazem
crescer seus filhos, que os levam adiante, que criam uma sociedade de bondade,
de verdade e de beleza.
Estamos na festa
da família. A família tem cidadania divina. A carta de identidade que elas têm
foi dada por Deus para que no coração da famílias cresçam a bondade, verdade e
beleza.
Alguns podem
dizer. Padre, você fala isso porque é solteiro. A família tem dificuldade. Em
família discutimos. A família, às vezes quebra pratos. Nas famílias, os filhos
dão dor de cabeça, não falemos das sogras.
Mas, nas
famílias, sempre há cruz. Porque o amor de Deus, do Filho de Deus, também nos
abriu esse caminho. Mas nas famílias depois da cruz há ressurreição, porque o
Filho de Deus nos abriu esse caminho. Por isso a família é uma fábrica de
esperança, de esperança e ressurreição. Deus abriu este caminho e os filhos,
dão trabalho, sim. Nós como filhos demos trabalho. Às vezes, em casa, vejo
alguns de meus colaboradores que vêm trabalhar com olheiras, que têm um bebe de
1 mês, 2 meses...e pergunto: não dormiste? - Não pude porque eles não dormiram
a noite toda. Na família há dificuldades. Mas essas dificuldades se superam com
amor. O ódio não supera nenhuma dificuldade.
A divisão dos
corações não supera nenhuma dificuldade. Somente o amor é capaz de superar. O
amor é festa. O amor é alegria. O amor é seguir em frente. Não quero falar
muito porque já é tarde, mas queria dizer de dois pontos sobre as famílias.
Nas crianças e nos jovens colocamos nossas esperanças |
Queria que se
tivesse... não só queria, mas temos que ter cuidado: das crianças e dos avós.
As crianças e os
jovens são a força, são aqueles nos quais colocamos as esperanças. Os avós são
a memória das famílias. São os que nos deram a fé, nos transmitiram a fé.
Cuidar dos avós e das crianças é a mostra do amor, não sei se maior, mas mais
promissor da família, porque promete o futuro. Um povo que não sabe cuidar das
crianças e um povo que não sabe cuidar dos avós é um povo sem futuro. Porque
não tem a força e não tem a memória que o leva adiante.
A família é
beleza, mas tem problemas. Às vezes há inimizades. Maridos que brigam com as
mulheres, os filhos que não se entendem com os pais. Lhes sugiro um conselho:
nunca terminem um dia sem fazer as pazes. Em uma família não se pode terminar o
dia em guerra. Que Deus os abençoe. Que Deus lhes dê a força que lhes anime a
seguir adiante. Cuidemos a família, defendamos a família, porque aí está em
jogo o nosso futuro. Rezem por mim”. (RB)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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