Papa na Casa Branca:
Washington (RV) – Como primeiro compromisso desta quarta-feira (23) nos Estados Unidos, Papa Francisco, recebido no país como chefe de Estado, chegou à Casa Branca num carro simples e foi recepcionado pelos anfitriões Barack Obama e sua esposa Michelle. Cerca de 20 mil pessoas acompanharam a cerimônia de boas-vindas no parque localizado ao sul da residência oficial do presidente. Entre os presentes, cardeais e bispos estadunidenses.
Proteger os excluídos que batem com força nas portas de casa
Washington (RV) – Como primeiro compromisso desta quarta-feira (23) nos Estados Unidos, Papa Francisco, recebido no país como chefe de Estado, chegou à Casa Branca num carro simples e foi recepcionado pelos anfitriões Barack Obama e sua esposa Michelle. Cerca de 20 mil pessoas acompanharam a cerimônia de boas-vindas no parque localizado ao sul da residência oficial do presidente. Entre os presentes, cardeais e bispos estadunidenses.
Depois das
honras militares e da execução dos hinos do Vaticano e dos EUA, o presidente
Barack Obama começou sua saudação de boas-vindas, enaltecendo o dia lindo que
recebia o Papa no país e, em nome da família, agradeceu oficialmente a visita.
“O nosso jardim não está sempre assim lotado”, brincou Obama, “mas o espírito e
o tamanho do encontro de hoje é um pequeno exemplar dos 70 milhões de católicos
dos EUA. Reflete também a sua mensagem de amor e fé”, disse o presidente ao
Papa, uma mensagem que chega às pessoas do mundo inteiro.
Francisco entre Michelle e Obama |
Obama, então,
sublinhou que todos os estadunidenses sabem do papel que a Igreja católica tem
no país. Inclusive o próprio presidente, quando lembrou do tempo em que morava
em Chicago e trabalhava com os pobres: “Pude testemunhar isso todos os dias com
as irmãs e os sacerdotes que alimentavam as famílias, com a fé de tantos. Da
Argentina ao Quênia, a Igreja está presente em diversas atividades”, enalteceu
Obama sobre uma Igreja que quer quebrar as correntes da pobreza.
Justiça social
“Precisamos
tirar os pobres da pobreza e os marginalizados das ruas. Lutar contra a
desigualdade, porque todos somos feitos à imagem de Deus. A mensagem mais
poderosa de Deus é a misericórdia”, disse Obama ao enfatizar a compaixão e o
amor que todos precisamos ter por quem sofre, citando refugiados, imigrantes,
cristãos perseguidos, igrejas destruídas. “Ajudar eles é imperativo pela paz!”.
Em público,
então, Barack Obama agradeceu a mediação do Papa entre as negociações entre
Cuba e EUA: “agradecemos pelo novo início com o povo cubano e vamos manter a
promessa de manter uma melhor relação entre os nossos países”. O presidente
também agradeceu pela voz ativa do Papa contra os conflitos armados e os sinais
da guerra, pela proteção tanto do planeta e como dos mais vulneráveis devido às
mudanças climáticas. “O senhor está nos sacudindo pra gente acordar! O senhor
mexe com a nossa consciência”, finalizou Obama em sua saudação de boas-vindas
ao Papa.
Obama
Já no seu
primeiro discurso nos Estados Unidos, em uma das “primeiras ocasiões” como
salientou Obama, Francisco disse se sentir feliz, “como filho de uma família de
imigrantes, por ser hóspede nesta nação, que foi construída em grande parte por
famílias semelhantes”.
Sobre a visita
ao Congresso dos Estados Unidos, o Santo Padre falou que espera encorajar
“todos aqueles que são chamados a guiar o futuro político da nação com
fidelidade aos seus princípios fundadores”. Já sobre a ida à Filadélfia para o
VIII Encontro Mundial das Famílias, o Papa comentou que irá “para celebrar e
apoiar as instituições do matrimônio e da família, neste momento crítico da
história da nossa civilização”.
Sociedade de paz
Ao se referir
aos católicos dos Estados Unidos, Papa Francisco reiterou a construção de uma
sociedade tolerante e inclusiva, “na defesa dos direitos dos indivíduos e das
comunidades, e rejeitando qualquer forma de discriminação injusta”.
“A liberdade
religiosa permanece como uma das conquistas mais valiosas da América. E, como
os meus irmãos bispos dos Estados Unidos nos lembraram, todos somos chamados a
vigiar, precisamente como bons cidadãos, para preservar e defender essa
liberdade de tudo que possa colocá-la em perigo ou comprometê-la.”
Medida contra
mudanças climáticas
Ao se dirigir ao
presidente Obama, o Santo Padre considerou promissor o fato de ele ter proposto
uma iniciativa para a redução da poluição do ar.
“A história nos
colocou num momento crucial quanto ao cuidado da nossa ‘casa comum’. Mas ainda
estamos em tempo de empreender mudanças que assegurem ‘um desenvolvimento
sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar’ (Enc. Laudato
si’, 13). São mudanças que exigem de nós um reconhecimento sério e responsável
do tipo de mundo que podemos deixar não só aos nossos filhos, mas também aos
milhões de pessoas sujeitas a um sistema que as tem negligenciado. A nossa casa
comum foi parte deste grupo de excluídos que grita aos céus e que hoje bate com
força às portas das nossas casas, cidades e sociedade.”
Martin Luther
King
Papa Francisco
citou Martin Luther King ao afirmar “que estivemos em falta quanto a alguns
compromissos e, agora, chegou a hora de honrâ-los”. Além do “cuidado consciente
e responsável da nossa casa comum”, o Santo Padre pontuou o caminho da
reconciliação, da justiça e da liberdade através dos “esforços feitos
recentemente para reconciliar relações que haviam sido rompidas e para a
abertura de novas vias de cooperação dentro da família humana”.
“Almejo que
todos os homens e mulheres de boa vontade desta grande e próspera nação apoiem
os esforços da comunidade internacional para proteger os mais vulneráveis no
nosso mundo e promover modelos integrais e inclusivos de desenvolvimento, de
modo que, em todo o lado, os nossos irmãos e irmãs possam conhecer as bênçãos
da paz e da prosperidade que Deus deseja para todos os seus filhos.”
Com o Coro da
Arquidiocese de Washington que finalizava a cerimônia de boas-vindas, o Papa
Francisco e o presidente Barack Obama se dirigiram para um encontro privado na
Sala Oval da Casa Branca. Além da apresentação de familiares e fotos oficiais,
houve troca de presentes: o Pontífice deu a Obama um quadro com a insígnia em
bronze do VIII Encontro Mundial das Famílias de Filadélfia, com o mesmo desenho
da medalha pontifícia preparada para a viagem apostólica. (AC)
Assista:
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Papa os bispos dos EUA:
“O diálogo é o nosso método”
O Papa Francisco encontrou-se com os bispos dos Estados Unidos na manhã desta
quarta-feira (23/9), na Catedral de São Mateus, na capital estadunidense. Em um
discurso aberto e acolhedor, Francisco disse que o “coração do Papa dilata-se
para incluir a todos”.
O Pontífice
disse que vem “de uma terra que também é americana”, compartilhou com os irmãos
no episcopado uma série de reflexões “oportunas para a nossa missão” e falou
sobre a superação da chaga dos abusos sexuais cometidos por integrantes do
clero.
Superação da
ferida dos abusos
Francisco lamenta não ter tempo para cumprimentar cada um dos bispos |
E acrescentou:
“Sei quanto
pesou a ferida dos últimos anos e acompanhei o esforço de vocês para curar as
vítimas – conscientes de que, curando, também nós ficamos curados – e para
continuar a agir a fim de que tais crimes nunca mais se repitam”.
Narcisismo que
cega
Ao afirmar que a
Igreja de Roma preside na caridade e, como Bispo de Roma, guarda a unidade da
Igreja no mundo inteiro, Francisco convidou os bispos a “velar também sobre nós
para fugirmos da tentação do narcisismo, que cega os olhos do pastor, torna irreconhecível
a sua voz, e estéril o seu gesto”.
“Certamente é
útil ao bispo possuir a clarividência do líder e a esperteza do administrador,
mas decaímos inexoravelmente quando confundimos a potência da força com a força
da impotência, através da qual Deus nos redimiu”, advertiu o Papa.
Diálogo: o
método dos pastores
Ao reiterar que
os bispos são defensores da “cultura do encontro”, o Pontífice garantiu que não
mede esforços ao incentivar o diálogo – “o método dos Pastores”.
“Não temam o
êxodo que é necessário em cada diálogo autêntico”, sublinhou o Papa.
Diante “da
solidão das nossas fadigas”, Francisco convidou os bispos a entrar na mansidão
e humildade de Jesus por meio da contemplação do Seu agir, para introduzir na
Igreja “a suavidade do jugo do Senhor”, diante da rígida ansiedade do sucesso
que, muitas vezes, “esmaga o nosso povo”.
Alicerce de
unidade
Ao recordar que
a missão episcopal é, primariamente, a de “cimentar a unidade” cujo conteúdo é
determinado pela Palavra de Deus, Francisco disse que em um mundo “transtornado
que busca novos equilíbrios de paz”, parte essencial da missão dos bispos é
“oferecer aos Estados Unidos da América o fermento humilde e poderoso da
comunhão”.
Migrantes
latino-americanos
Por fim, o Papa
fez duas recomendações aos bispos: para que sejam “pastores servidores próximos
das pessoas” e para que acolham sem medo os migrantes latinos que chegam em
muitas das dioceses dos EUA.
“Como Pastor
vindo do Sul, sinto a necessidade de lhes encorajar e agradecer. Talvez não
seja fácil ler a alma dos migrantes, talvez vocês se sintam desafiados pela sua
diversidade. No entanto, eles também possuem recursos para compartilhar. Por
isso, acolham os migrantes sem medo. Ofereçam a eles o calor do amor de Cristo
e assim vocês vão decifrar o mistério do seu coração”, finalizou
Francisco. (RB)
Assista:
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Papa:
São Junípero soube viver aquilo que é a Igreja em saída
Washington (RV)
- O Papa Francisco presidiu, nesta quarta-feira (23/9) à missa de canonização
do Beato Pe. Junípero Serra, apóstolo da Califórnia, no Santuário Nacional da
Imaculada Conceição, em Washington.
“Alegrai-vos
sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!” Um convite que toca fortemente
a nossa vida. Alegrai-vos – diz-nos São Paulo, com a força quase duma ordem. Um
convite no qual ecoa o desejo de que todos experimentemos uma vida plena, uma
vida que tenha sentido, uma vida jubilosa. É como se Paulo tivesse a capacidade
de ouvir cada um dos nossos corações e desse voz àquilo que sentimos, àquilo
que vivemos. Há algo dentro de nós que nos convida à alegria, não nos
contentando com paliativos que procuram simplesmente tranquilizar-nos”, disse
Francisco.
“Por outro lado,
vivemos as tensões da vida diária”, frisou o pontífice. “Muitas são as
situações que parecem pôr em dúvida este convite. A dinâmica, a que muitas
vezes estamos sujeitos, parece levar-nos a uma resignação triste que pouco a
pouco se vai transformando num hábito com uma consequência letal: anestesiar o
coração.”
“Não queremos
que a resignação seja o motor da nossa vida; ou será que queremos? Não queremos
que a rotina se apodere da nossa vida; ou sim? Por isso podemos questionar-nos:
como proceder para que não se anestesie o nosso coração? Como aprofundar a
alegria do Evangelho nas várias situações da nossa vida?”, perguntou o Papa.
Anunciar
“O espírito do
mundo nos convida ao conformismo, à comodidade. Perante este espírito mundano é
necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma
responsabilidade para com os outros e o mundo, a responsabilidade de anunciar a
mensagem de Jesus. Porque a fonte da nossa alegria situa-se naquele desejo
inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia
infinita do Pai e a sua força difusiva. Ide ter com todos, a fim de anunciar
ungindo e ungir anunciando.”
“A isto, nos
convida hoje o Senhor dizendo: A alegria, o cristão experimenta-a na missão:
ide ter com os povos de todas as nações. A alegria, o cristão encontra-a num
convite: ide e anunciai. A alegria, o cristão renova-a e atualiza-a com uma
vocação: ide e ungi. Envia-vos a todas as nações, a todos os povos. E, neste
todos de há dois mil anos, estávamos incluídos também nós. Jesus não dá uma
lista seletiva com aqueles a quem se deve ir e a quem não ir, com aqueles que
são dignos, ou não, de receber a sua mensagem, a sua presença. Pelo contrário,
abraçou sempre a vida como esta Lhe aparecia: com cara de tristeza, fome,
doença, pecado; com cara de ferimentos, sede, cansaço; com cara de dúvidas e de
fazer piedade.”
“Longe de
esperar uma vida embelezada, decorada, maquiada, abraçou-a como a encontrava;
mesmo que fosse uma vida que muitas vezes se apresentava arruinada, suja,
destroçada. A todos – disse Jesus –, ide e anunciai; a toda esta vida, tal como
é e não como gostaríamos que fosse: ide e abraçai no meu nome.”
Cura
“Ide pelas
encruzilhadas dos caminhos, ide... anunciar, sem medo, sem preconceitos, sem
superioridade nem purismos; a todos aqueles que perderam a alegria de viver,
ide anunciar o abraço misericordioso do Pai. Ide ter com aqueles que vivem com
o peso da tristeza, do fracasso, da sensação duma vida destroçada, e anunciai a
loucura dum Pai que procura ungi-los com o óleo da esperança, da salvação. Ide
anunciar que os erros, as ilusões enganadoras, as incompreensões não têm a
última palavra na vida duma pessoa. Ide com o óleo que cura as feridas e
restabelece o coração.”
“A missão nunca
nasce dum projeto perfeitamente elaborado ou dum manual bem estruturado e programado;
a missão nasce sempre duma vida que se sentiu procurada e curada, encontrada e
perdoada. A missão nasce de se fazer uma, duas e mais vezes a experiência da
unção misericordiosa de Deus”, disse ainda Francisco.
“A Igreja, o
povo santo de Deus, sabe percorrer as estradas poeirentas da história,
frequentemente permeadas por conflitos, injustiças, violência, para ir
encontrar os seus filhos e irmãos. O santo povo fiel de Deus não teme o erro;
teme o fechamento, a cristalização em elite, o agarrar-se às próprias
seguranças. Sabe que o fechamento, nas suas múltiplas formas, é a causa de
tantas resignações. Por isso saiamos, vamos oferecer a todos a vida de Jesus
Cristo. O povo de Deus sabe envolver-se, porque é discípulo d'Aquele que Se
ajoelhou diante dos seus, para lhes lavar os pés.”
Tradição
“Hoje
encontramo-nos aqui, porque houve muitos que tiveram a coragem de responder a
este chamado; muitos que acreditaram que na doação a vida se fortalece, e se
enfraquece no comodismo e no isolamento. Somos filhos da ousadia missionária de
muitos que preferiram não se fechar nas estruturas que nos dão uma falsa
proteção, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma
multidão faminta. Somos devedores duma Tradição, duma cadeia de testemunhas que
tornaram possível que a Boa Nova do Evangelho continue a ser, de geração em
geração, Nova e Boa.”
“Hoje,
recordamos uma daquelas testemunhas que souberam testemunhar nestas terras a
alegria do Evangelho: Padre Junípero Serra. Soube viver aquilo que é «a Igreja
em saída», esta Igreja que sabe sair e ir pelas estradas, para partilhar a
ternura reconciliadora de Deus. Soube deixar a sua terra, os seus costumes,
teve a coragem de abrir sendas, soube ir ao encontro de muitos aprendendo a
respeitar os seus costumes e as suas características.”
Esperança
Francisco disse
que que o Apóstolo da Califórnia, “aprendeu a gerar e acompanhar a vida de Deus
nos rostos daqueles que encontrava, tornando-os seus irmãos. Junípero procurou
defender a dignidade da comunidade nativa, protegendo-a de todos aqueles que
abusaram dela; abusos que hoje continuam a encher-nos de pesar, especialmente
pela dor que provocam na vida de tantas pessoas”.
“Escolheu um
lema que inspirou os seus passos e plasmou a sua vida: «Sempre avante». Soube-o
dizer, mas sobretudo viver. Esta foi a maneira que Junípero encontrou para
viver a alegria do Evangelho, para que não se anestesiasse o seu coração. Foi
sempre avante, porque o Senhor espera; sempre avante, porque o irmão espera;
sempre avante por tudo aquilo que ainda tinha para viver; foi sempre avante.
Como ele então, possamos também nós hoje dizer: sempre avante”, concluiu
Francisco. (MJ)
Assista:
Fonte: radiovaticana.va news.va
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