A “primeira
celebração da Palavra”, segundo o Livro de Neemias, foi realizada quando se
percebeu a desordem que havia no meio do povo, onde cada um fazia o que desejava
O Livro de
Neemias nos dá um relato do que poderíamos chamar a “primeira celebração da
Palavra”. Ela foi realizada quando se percebeu a desordem que havia no meio do
povo, onde cada um fazia o que desejava. Por ignorância, não se praticava a Lei
e o caos imperava.
Esdras, doutor
da Lei mosaica, foi enviado por Artaxerxes, rei persa, a Jerusalém, para
colocar ordem na cidade.
Ele preparou o
povo e esperou o primeiro dia do novo ano para fazer uma solene celebração
litúrgica, com todas as pessoas capazes de compreender.
Os convocados
compareceram, com absoluta boa vontade e sabiam que a solenidade duraria muitas
horas, e na verdade era o Senhor quem os convocava.
Esdras,
consciente de que o momento era emblemático, usou de sua sensibilidade para
demonstrar ao povo a grandeza do momento: mandou erguer um estrado de madeira,
em um lugar visível a todos, e nele criou um ponto elevado para ser o
local da tribuna, onde seria proclamada a Lei do Senhor. Era necessário
que todos o vissem e ouvissem quando fosse abrir o livro e fazer sua leitura.
Quando isso
aconteceu, o povo todo ficou de pé e o ouvia com atenção. Esdras explicava seu
sentido para que o povo pudesse compreender a leitura. Ao final da proclamação
o povo disse “Amém! Amém! e se prostrou por terra. Era o Senhor que falava
através de Esdras e a prostração foi o sinal de que todos estavam conscientes
disso.
O povo,
conhecedor de suas próprias falhas, chorava, contudo Esdras chamava-lhes a atenção
para o aspecto da amizade de Deus; ela é mais importante que tudo, daí não
chorar, mas festejar. Mais ainda, a alegria do Senhor é e será a força do povo.
Por outro lado, sentir-se pecador, deve ser celebrado com alegria, pois ter
essa consciência é um dom de Deus!
São Lucas, logo
no início de seu Evangelho, escreveu: “...história dos acontecimentos que se
realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por aqueles ministros da
palavra”. O evangelista nos diz que o que vai narrar não é uma fábula, mas
aconteceu realmente e nos foi transmitido pelos servidores de Jesus Cristo, o
personagem central de seus relatos.
Para mostrar a
todos a excelência de Jesus dentro da tradição dos profetas, Lucas recorda o
dia em que o Mestre, com trinta anos de idade, foi à sinagoga e o presidente
dela convidou-o a fazer a segunda leitura do dia. Jesus abriu o rolo que
continha os escritos que falavam sobre sua vinda, mas indecifráveis até então.
Escolheu o texto do profeta Isaías que diz: “O Espírito do Senhor está sobre
mim e...enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres”. Ao enrolar o volume e
entregá-lo ao assistente, Jesus diz, com esse gesto, que todos os escritos do
Antigo Testamento acabaram, naquele instante, de cumprir sua missão: conduzir
as pessoas até ele. Por isso podem ser enrolados e guardados.
Nesse exato
momento, todos os olhos estão voltados para ele. Todos desejam ouvir o que o
Mestre irá dizer. Começaram os novos tempos!
Se hoje
continuamos a ler textos do Antigo Testamento, os lemos antes dos do Novo, pois
eles são indispensáveis para nossa preparação à acolhida de Jesus Cristo.
Padre César Augusto
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Fonte: vaticannews.va
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