“Continuaremos a
ser o que somos, uma voz crítica, um grupo
aberto ao diálogo, procurando aquilo
que é melhor para todos”
O arcebispo de
Salvador (BA) e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), dom Murilo Krieger, comentou a intenção do Conselho Episcopal Pastoral
(Consep) da entidade ao divulgar a nota por ocasião do segundo turno das
Eleições 2018. Neste momento delicado, apontado até como “muito difícil”, os
bispos procuraram “acender uma luz em meio de tanta reclamação e de tanta
ferida”. Dom Murilo também ressaltou a postura da conferência, independente do
resultado das urnas.
“Infelizmente
esse segundo turno tem se marcado por divisão entre pessoas da mesma família,
entre amigos, por polarizações. Estamos mostrando que as eleições passarão, um
dos candidatos será eleito, qualquer que for o candidato eleito, o Brasil terá
que aprender a conviver com ele e nós também, como Igreja”, afirma o
vice-presidente da CNBB.
Na nota
divulgada na última quarta-feira, os bispos exortaram os brasileiros a deixarem
de lado “armas de ódio e de vingança que têm gerado um clima de violência,
estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em
risco as bases democráticas da sociedade brasileira”. Para os membros do
Consep, toda atitude que incita à divisão, à discriminação, à intolerância e à
violência, deve ser superada. “Revistamo-nos, portanto, do amor e da
reconciliação, e trilhemos o caminho da paz”, sugeriram.
Neste novo
cenário que se apresentará com o resultado das urnas, a CNBB reafirmou seu
compromisso, “sobretudo através do diálogo, de colaborar na busca do bem comum
com as instituições sociais e aqueles que, respaldados pelo voto popular, forem
eleitos para governar o País”.
“Continuaremos a
ser o que somos, uma voz crítica, um grupo aberto ao diálogo, procurando aquilo
que é melhor para todos, não o melhor para a Igreja, para nós, mas para o
Brasil”, garante dom Murilo Krieger.
A nota que
ratifica a posição da CNBB e suas orientações a respeito das eleições “foi
bastante equilibrada”, como explica dom Murilo. Ela não indica partidos, nem
candidatos, como todos os pronunciamentos da entidade neste ano, quando foi
divulgada a mensagem “Compromisso e Esperança”, na 56ª Assembleia Geral,
realizada em maio. O vice-presidente da CNBB ressalta que, como toda nota e
como toda decisão de uma reunião da CNBB, o texto não é expressão de uma pessoa
ou de um grupo, “mas da média de todos os que participaram” o pronunciamento
“expressa um consenso da maioria. Porque a nossa finalidade é essa: servir à
Igreja, não criar paixões, não acentuar diferenças de distâncias”.
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O assessor da
Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacioinal dos
Bispos do Brasil (CNBB), monsenhor Antônio Luiz Catelan, apresentou o processo
de elaboração das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE) que vão
orientar a caminhada da Igreja no Brasil para o período de 2019-2023.
Segundo o
monsenhor, a equipe de redação composta por bispos e peritos e coordenada pelo
arcebispo de São Luiz (MA), dom José Belisário da Silva, já se reuniu duas
vezes. Atualmente, explicou, os sub-grupos estão redigindo partes do documento,
num processo que vai até o fim deste mês de outubro.
Até o final de
outubro, a equipe reunirá todas as partes e todos os membros farão um estudo
pessoal do material. De acordo com Catelan, está marcada para dezembro uma nova
reunião onde o texto integral será lido e acrescentadas as observações de cada
membro.
Após esta fase,
a equipe enviará em janeiro de 2019 um texto mais consolidado aos bispos.
Estes, informa o monsenhor, poderão em suas dioceses estudá-lo individualmente
e em equipes, para que sejam levantadas novas propostas de modificação que
deverão ser enviadas para a equipe de redação até o final de janeiro.
A equipe então
se reúne mais uma vez para discutir cada uma das propostas. Em seguida o texto
é novamente enviado aos bispos que até o início da assembleia poderão
apresentar novas emendas. E então o texto segue a discussão padrão definido no
regimento da Conferência para os temas centrais dentro da Assembleia com
apresentação geral, trabalho de grupos, discussão e aprovação de emendas ao
texto final.
Finalidade
pastoral – Na avaliação de Catelan, as DGAE são o texto mais significativo
da própria Conferência. “Elas exprimem melhor a natureza da própria Conferência
Episcopal que é a mútua ajuda entre os bispos com finalidade pastoral”, disse.
No texto, explica o monsenhor, se identificam os elementos do contexto atual
que precisam de maior atenção na evangelização e em seguida se faz orientações
e pistas gerais de atuação.
O texto das
diretrizes é renovado a cada 4 anos, às vezes reformulado inteiramente, às
vezes apenas modificado em alguns de seus pontos. “No caso atual, em 2019
haverá uma reformulação significativa sem que os pontos fundamentais, que já
vêm de 7 anos, sejam modificados”, explica Catelan.
Para as DGAE
2019-2023, o religioso informa que a equipe propôs um eixo fundamental em torno
do qual giram as outras urgências. E esse eixo, em profunda fidelidade à
intuição da Conferência de Aparecida (SP), e sobretudo ao magistério do papa
Francisco, é o eixo missionário. “A imagem da comunidade missionária foi
escolhida para ajudar na redação e divulgação do documento e a partir disto as
outras urgências são trabalhadas”, conclui.
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Fonte: cnbb.org.br
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