Jesus é radical,
dá tudo e pede tudo
O Papa Paulo VI,
Dom Oscar Romero, Francisco Spinelli, Vicente Romano, Maria Catarina Kasper,
Nazária Inácia e Núncio Sulprizio foram canonizados pelo Papa Francisco na
manhã deste domingo, 14 de outubro, em cerimônia realizada na Praça São Pedro,
na presença de 70 mil fiéis.
Cidade do
Vaticano - “Jesus é radical. Dá tudo e pede tudo (…). Não Se contenta com uma
«percentagem de amor»: não podemos amá-Lo a vinte, cinquenta ou sessenta por
cento. Ou tudo ou nada”.
Dirigindo-se aos
mais de 70 mil fiéis presentes na Praça São Pedro na Missa em que foram
proclamados sete novos Santos, o Papa Francisco recordou que somos chamados a
viver a “vocação comum à santidade, não às meias medidas, mas à santidade”.
E os novos
santos, “em diferentes contextos, traduziram na vida a Palavra de hoje: sem
tibieza, nem cálculos, com o ardor de arriscar e deixar tudo. Que o Senhor nos
ajude a imitar os seus exemplos”, foi o convite do Santo Padre.
A canonização
Após o canto do Veni
Creator, no início da celebração, o cardeal Angelo Becciu, prefeito da
Congregação para as Causas dos Santos, acompanhado pelos postuladores,
dirigiu-se ao Santo Padre pedindo que se procedesse à canonização dos sete
Beatos, lendo então a biografia de cada um deles. Foi então cantada a Ladainha
de todos os Santos e ao final o Papa Francisco leu a fórmula da canonização,
inserindo-os assim no álbum dos Santos, para então serem venerados por toda a
Igreja. Seguiu-se o canto do Jubilate.
As relíquias de
cada Santo apresentadas na cerimônia foram: de Paulo VI, a camiseta com manchas
de sangue das feridas provocadas pelo atentado ocorrido em Manilla, nas
Filipinas; de Dom Óscar Arnulfo Romero, parte de um osso; de Francisco
Spinelli, osso do pé; de Vicente Romano, uma vértebra; de Núncio Sulprizio, o
fragmento do osso do dedo da mão; de Maria Catarina Kasper, osso da espinha
dorsal e de Nazária Inácia de Santa Teresa de Jesus, mecha de cabelos.
Da observância
da lei ao dom de si mesmo
“O que devo
fazer para ter em herança a vida eterna?”. A pergunta deste desconhecido – que
pode ser cada um de nós – narrada no Evangelho de Marcos, ofereceu ao Pontífice
a inspiração para falar em sua homilia sobre
a radicalidade exigida no seguimento sincero de Jesus.
A mesma proposta
Jesus faz a cada um de nós. E para ser dele – observa o Papa – “não basta não
fazer nada de mal”, ou segui-lo apenas quando nos apetece, ou ainda "ficar
contentes com observar preceitos, dar esmolas e recitar algumas orações”, mas devemos
encontrar n’Ele o Deus que sempre nos ama, o sentido da nossa vida, a força
para nos entregarmos.
Abandonar o que
deixa pesado o coração
Ao dizer
para vender tudo o que tem e dar o dinheiro aos pobres, Jesus pede a cada um de
nós “para deixar aquilo que torna pesado o coração, esvaziar-se de bens
para dar lugar a Ele, único bem”:
“Não se pode
seguir verdadeiramente a Jesus, quando se está estivado de coisas. Pois, se o
coração estiver repleto de bens, não haverá espaço para o Senhor, que Se
tornará uma coisa mais entre as outras. Por isso, a riqueza é perigosa e –
di-lo Jesus – torna difícil até mesmo salvar-se. Não, porque Deus seja severo;
não! O problema está do nosso lado: o muito que temos e o muito que
ambicionamos sufocam-nos o coração e tornam-nos incapazes de amar (…). Quando
se coloca no centro o dinheiro, vemos que não há lugar para Deus; e não há
lugar sequer para o homem”.
Ou tudo ou nada
“Jesus é radical
– reitera o Papa - dá tudo e pede tudo: dá um amor total e pede um coração
indiviso”. E pergunta:
“Também hoje Se
nos dá como Pão vivo; poderemos nós, em troca, dar-Lhe as migalhas? A Ele, que
Se fez nosso servo até ao ponto de Se deixar crucificar por nós, não Lhe
podemos responder apenas com a observância de alguns preceitos. A Ele, que nos
oferece a vida eterna, não podemos dar qualquer bocado de tempo. Jesus não Se
contenta com uma «percentagem de amor»: não podemos amá-Lo a vinte, cinquenta
ou sessenta por cento. Ou tudo ou nada”.
“O nosso
coração é como um íma: deixa-se atrair pelo amor, mas só se pode apegar a um
lado e tem de escolher: amar a Deus ou as riquezas do mundo; viver para amar ou
viver para si mesmo”
“O nosso coração
é como um íman: deixa-se atrair pelo amor, mas só se pode apegar a um lado e
tem de escolher: amar a Deus ou as riquezas do mundo; viver para amar ou viver
para si mesmo”:
“Perguntemo-nos
de que lado estamos nós... Perguntemo-nos a que ponto nos encontramos na nossa
história de amor com Deus... Contentamo-nos com alguns preceitos ou seguimos
Jesus como enamorados, prontos verdadeiramente a deixar tudo por Ele? Jesus
pergunta a cada um e a todos nós como Igreja em caminho: somos uma Igreja que
se limita a pregar bons preceitos ou uma Igreja-esposa, que pelo seu Senhor se
lança no amor? Seguimo-Lo verdadeiramente ou voltamos aos passos do mundo, como
aquele homem? Em suma, basta-nos Jesus ou procuramos as seguranças do mundo?”
Peçamos a graça
– foi a exortação de Francisco - de saber deixar por amor do Senhor
"as riquezas, os sonhos de funções e poderes, as estruturas já inadequadas
para o anúncio do Evangelho, os pesos que travam a missão, os laços que nos
ligam ao mundo”.
Autocomplacência
egocêntrica
“Sem um salto em
frente no amor - disse o Papa - a nossa vida e a nossa Igreja adoecem de
«autocomplacência egocêntrica»”, procurando a alegria em qualquer prazer
passageiro. “Fechamo-nos numa tagarelice estéril, acomodamo-nos na monotonia
duma vida cristã sem ardor, onde um pouco de narcisismo cobre a tristeza de
permanecermos inacabados”.
“Sem um salto
em frente no amor, a nossa vida e a nossa Igreja adoecem de «autocomplacência
egocêntrica»”
Foi o que
aconteceu com aquele homem que “retirou-se pesaroso” – disse o Papa. “Embora
tivesse encontrado Jesus e recebido o seu olhar amoroso, foi-se embora triste.
A tristeza é a prova do amor inacabado. É o sinal dum coração tíbio. Pelo
contrário, um coração aliviado dos bens, que ama livremente o Senhor, espalha
sempre a alegria, aquela alegria de que hoje temos tanta necessidade”.
Voltar às fontes
da alegria
“Hoje -
prosseguiu o Santo Padre - Jesus convida-nos a voltar às fontes da alegria, que
são o encontro com Ele, a opção corajosa de arriscar para O seguir, o gosto de
deixar tudo para abraçar o seu caminho. Os Santos percorreram este caminho”:
“Paulo VI fez
isso, seguindo o exemplo do Apóstolo cujo nome assumira. Como ele, consumiu a
vida pelo Evangelho de Cristo, cruzando novas fronteiras e fazendo-se
testemunha d’Ele no anúncio e no diálogo, profeta duma Igreja extroversa que
olha para os distantes e cuida dos pobres. Mesmo nas fadigas e no meio das
incompreensões, Paulo VI testemunhou de forma apaixonada a beleza e a alegria
de seguir totalmente Jesus. Hoje continua a exortar-nos, juntamente com o
Concílio de que foi sábio timoneiro, a que vivamos a nossa vocação comum: a
vocação universal à santidade; não às meias medidas, mas à santidade”.
O Papa recorda
que é significativo que ao lado dos outros Santos proclamados neste dia, está
Dom Óscar Romero, “que deixou as seguranças do mundo, incluindo a própria
incolumidade, para consumir a vida – como pede o Evangelho – junto dos pobres e
do seu povo, com o coração fascinado por Jesus e pelos irmãos”.
O mesmo
aconteceu com os outros santos - observou o Pontífice, citando um a um -
"que em diferentes contextos, traduziram na vida a Palavra de hoje: sem
tibieza, nem cálculos, com o ardor de arriscar e deixar tudo. Que o Senhor nos
ajude a imitar os seus exemplos!”
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Papa no Angelus:
Novos santos contribuíram
para o progresso espiritual e social dos respectivos
países
Francisco
iniciou agradecendo aos cardeais, bispos e sacerdotes de todo o mundo, assim
como “às Delegações oficiais de muitos países, que vieram prestar homenagem aos
novos santos, que contribuíram para o progresso espiritual e social de suas respectivas
nações”.
Cidade do Vaticano - Gratidão! Este é
o sentimento que resume as palavras do Santo Padre ao final da celebração de
canonização e antes de rezar o Angelus com os milhares de fiéis reunidos na
Praça São Pedro em um domingo de festa para a Igreja.
Francisco
iniciou agradecendo aos cardeais, bispos e sacerdotes de todo o mundo, assim
como “às Delegações oficiais de muitos países, que vieram prestar homenagem aos
novos santos, que contribuíram para o progresso espiritual e social de suas
respectivas nações”.
Em particular, o
Papa saudou a Rainha Sofia, o Presidente da República Italiana, os Presidentes
do Chile, El Salvador e Panamá, presentes na Missa.
Também foi
dirigido um “pensamento especial (…) a Sua Graça Rowan Williams e à delegação
do Arcebispo de Cantuária, com profunda gratidão por sua presença”.
O Pontífice
também agradeceu a todos os peregrinos presentes e a todos que acompanharam a
cerimônia pela rádio e televisão. “Em particular, saúdo o grande grupo da ACLI,
muito agradecidos ao Papa Paulo VI.”
Antes de rezar o Angelus,
o Papa pediu a Virgem Maria, “a primeira e perfeita discípula do Senhor, para
nos ajudar a seguir o exemplo dos novos santos”.
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Assista:
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Fonte: vaticannews.va
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