os povos da Amazônia
Puerto
Maldonado, coração amazônico do Peru
Cidade do
Vaticano - No primeiro dia de sua intensa agenda no Peru, onde chegou ontem a
noite proveniente do Chile, o Papa Francisco encontra hoje os povos da Amazônia
em Puerto Maldonado. Retornando a Lima encontra-se coma as autoridades civis do
país e, em particular, um grupo de confrades jesuítas.
Na manhã desta
sexta-feira o Papa encontra em Puerto Maldonado, coração amazônico do Peru às
10h30 locais, os povos da Amazônia no Coliseu Regional Madre de Dios. Uma hora
depois, o encontro com a população local no Instituto Jorge Basadre. Às 12h15
Francisco visitará o Hogar Principito, uma casa de acolhida para jovens
desfavorecidos.
Às 13h15, hora
local, o almoço com os representantes dos povos da Amazônia no Centro Pastoral
Apaktone. O Papa Francisco retorna depois em avião a Lima onde se encontrará
com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático no Pátio de Honra
do Palácio do Governo. Meia hora depois fará uma visita de cortesia ao
Presidente da República Pedro Pablo Kuczynski no Salão dos embaixadores.
Às 17:55, enfim,
o encontro privado com os membros da Companhia de Jesus na igreja de São Pedro.
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Respeitar as
diferenças é a chave do bem-viver?
Padre Fernando
Roca Sj, teólogo,entropólogo e especialista em etnobiologia, morou em Belo
Horizonte (MG), na França - onde se especializou -, e 15 anos no ‘mato’, como
ele diz, no norte do Peru.
Puerto Maldonado
- “Identificar caminhos para a evangelização dessa porção especial do Povo de
Deus, os indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro
sereno”: estas palavras não retornam aos ouvidos e corações apenas dos povos
amazónicos nesta sexta-feira (19/01), mas de todas as pessoas que querem bem à
Casa Comum e ao planeta onde vivemos. São as palavras pronunciadas pelo Papa
Francisco no último dia 15 de outubro, quando anunciou que em outubro de
2019, vai se realizar um Sínodo no Vaticano para analisar os desafios sociais
e, sobretudo, eclesiais, da Pan-amazônia.
Riqueza de
culturas e etnias
Nesta região de
diversidades culturais imensas, uma das principais mensagens que o Papa está
trazendo é precisamente ‘aprender a respeitar nossas diferenças, e não apenas
tolerá-las’. A opinião é do Padre Fernando Roca Sj, teólogo, professor de
antropologia na PUC de Lima e também especialista em etnobiologia, botânica e
estudioso de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Morou em Belo Horizonte
(MG), na França - onde se especializou -, e 15 anos no ‘mato’, como ele diz, no
norte do Peru.
Na véspera do
encontro no Coliseu Madre de Dios com o Papa Francisco, bispos de vicariatos
dos 9 países da Amazônia se reuniram com uma representação de povos indígenas
em uma grande Assembleia com cores e sons amazônicos e muita reflexão sobre a
Encíclica Laudato si.
O parecer de
quem participou
Irmã Irene Lopes,
assessora da Rede Eclesial Pan-amazônica, REPAM, falou com o Vatican News logo
após o evento que a seu ver, foi uma bela preparação para a visita do Papa.
Já para Dom
Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo e vice-Presidente da REPAM, “esta
experiência de Assembléia indígena é única na história”.
“Os povos
indígenas querem uma Igreja que os acompanhe em suas lutas; e pedem uma
presença concreta, permanente e inculturada”, afirma com segurança Maurício
Lopez, secretário-executivo da REPAM.
Participarão do
encontro no ginásio de esportes de Puerto Maldonado líderes de toda selva do
Peru e centenas de índios provenientes da Bolívia e do Brasil, os três países
cujos territórios representam 13, 11 e 67% da Amazônia, respectivamente.
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Assista:
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Assista:
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Papa Francisco:
Plasmar
uma Igreja com rosto amazônico
Francisco se
reuniu com milhares de indígenas em Puerto Maldonado e os encorajou à
resistência diante dos desafios atuais.
Cidade do
Vaticano - A visita do
Papa Francisco ao Peru começou na Amazônia, na cidade de Puerto Maldonado.
O ginásio Mãe
de Deus acolheu cerca de três mil indígenas, entre os quais muitos brasileiros,
entre fiéis, sacerdotes, bispos e Dom Cláudio Hummes, presidente da Rede
Eclesial Pan-Amazônica.
O encontro
foi marcado por testemunhos e um longo discurso do Pontífice, em que o Papa
manifestou a sua preocupação pela ameaça que os povos e o território da
Amazônia está sofrendo.
“Provavelmente,
nunca os povos originários amazônicos estiveram tão ameaçados nos seus
territórios como estão agora”, disse Francisco, citando os grandes interesses
econômicos da indústria extrativista e das monoculturas agro-industriais. O
Papa criticou também “a perversão de certas políticas”, que promovem a
«conservação» da natureza sem ter em conta o ser humano.
Todos estes
interesses “sufocam” os povos nativos e causa a migração das novas gerações.
“Devemos romper com o paradigma histórico que considera a Amazônia como uma
despensa inesgotável dos Estados, sem ter em conta os seus habitantes.”
Para romper
este paradigma e transformas as relações marcadas pela exclusão, Francisco
sugeriu a criação de espaços institucionais de respeito, reconhecimento e
diálogo com os povos nativos. Estes não são um “estorvo”, mas memória viva da
missão que Deus nos confiou: cuidar da Casa Comum.
Tráfico de
pessoas
“A defesa da
terra não tem outra finalidade senão a defesa da vida”, disse ainda o Papa.
Poluição ambiental e devastação da vida comportam ainda outro sofrimento:
tráfico de pessoas e o abuso sexual.
“A violência
contra os adolescentes e contra as mulheres é um grito que chega ao céu.
«Sempre me angustiou a situação das pessoas que são objeto das diferentes
formas de tráfico. Quem dera que se ouvisse o grito de Deus, perguntando a
todos nós: “Onde está o teu irmão?” (Gn 4, 9). Onde está o teu irmão escravo?
(…) Não nos façamos de distraídos! Há muita cumplicidade... A pergunta é para
todos! ”
Francisco
recordou que já São Toríbio denunciava essas violências cinco século atrás.
Esta profecia, defendeu, “deve continuar presente na nossa Igreja, que nunca
cessará de levantar a voz pelos descartados e os que sofrem”.
Para
Francisco, as povos nativos jamais devem ser considerados uma minoria, mas
autênticos interlocutores. Além de constituir uma reserva da biodiversidade, a
Amazônia é também uma reserva cultural que deve ser preservada face aos novos
colonialismos.
Família e
educação
“A família é,
e sempre foi, a instituição social que mais contribuiu para manter vivas as
nossas culturas. Em períodos de crises passadas, face aos diferentes
imperialismos, a família dos povos indígenas foi a melhor defesa da vida.”
O Pontífice
falou também da educação, que deve ser uma prioridade e um compromisso do
Estado; compromisso integrador e inculturado que assuma, respeite e integre
como um bem de toda a nação a sua sabedoria ancestral.
Igreja na
Amazônia
Por fim,
Francisco comentou a presença da Igreja na Amazônia, enaltecendo o trabalho dos
missionários em defender as culturas locais. O Papa exortou a não
sucumbir às tentativas em ato para desarraigar a fé católica de seus povos.
“Cada cultura
e cada cosmovisão que recebe o Evangelho enriquecem a Igreja com a visão de uma
nova faceta do rosto de Cristo. A Igreja não é alheia aos seus problemas e à
sua vida, não quer ser estranha ao seu modo de viver e de se organizar.
Precisamos que os povos indígenas plasmem culturalmente as Igrejas locais
amazônicas.” Francisco pede ajuda mútua e diálogo entre os povos locais e os
bispos para “plasmar uma Igreja com rosto amazônico e uma Igreja com rosto
indígena. Com este espírito, convoquei um Sínodo para a Amazônia no ano de
2019”.
O Papa
concluiu encorajando os povos indígenas a resistirem, demonstrando capacidade
de reação perante os momentos difíceis que são obrigados a viver. E se despediu
em língua: quechua Tinkunakama [Até um próximo encontro].
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Papa:
Violência contra as mulheres não pode ser vista como normal
Não posso
deixar de fazer menção de Maria, jovem mulher que vivia numa aldeia remota,
perdida, considerada também por muitos como «terra de ninguém», disse o Santo
Padre.
Cidade do
Vaticano - “Onde há mãe,
família e comunidade, os problemas poderão não desaparecer, mas certamente
encontra-se força para os enfrentar de maneira diferente. Foi o que disse o
Papa em Puerto Maldonado esta sexta-feira (19/01) no encontro com a comunidade
local, realizado no Instituto Jorge Basadre – no grande campo do Instituto
Público de Educação Superior Tecnológico –, no segundo compromisso de Francisco
em terras peruanas.
Já no início
de seu discurso, o Santo Padre destacou a proveniência dos presentes, não só
das várias regiões desta Amazônia peruana, mas também dos Andes e de outros
países vizinhos, acrescentando a importância destes momentos em que “podemos
encontrar-nos e, “independente da proveniência, encorajar-nos a gerar uma
cultura do encontro que nos renova na esperança”, afirmou.
Terra
esquecida, ferida e marginalizada
Aludindo à
experiência contada por Arturo e Margarita, que falaram de uma terra esquecida,
ferida e marginalizada, Francisco endossou as palavras deles, de que aquele
lugar não era terra de ninguém. “Esta terra tem nomes, tem rostos: tem-vos”,
disse.
A região é
designada com o nome muito belo de “Madre de Dios” (Mãe de Deus]. Não posso
deixar de fazer menção de Maria, jovem mulher que vivia numa aldeia remota,
perdida, considerada também por muitos como «terra de ninguém». Lá recebeu Ela
a saudação e o convite maior que uma pessoa possa experimentar: ser a Mãe de
Deus; há alegrias que só as podem escutar os pequeninos,” acrescentou.
“Vós tendes
em Maria, não só uma testemunha para quem olhar, mas uma Mãe e, onde houver uma
mãe, não existe esse mal terrível de sentir que não pertencemos a ninguém, esse
sentimento que nasce quando começa a desaparecer a certeza de pertencer a uma
família, a um povo, a uma terra, ao nosso Deus. Queridos irmãos, a primeira
coisa que gostaria de vos transmitir – e quero fazê-lo com força – é: esta não
é uma terra órfã, é a terra da Mãe! E, se há uma mãe, há filhos, há família, há
comunidade.”
Esta terra
não é órfã
“É triste
constatar que há alguns que querem apagar esta certeza e tornar a Madre de Dios
uma terra anônima, sem filhos, uma terra infecunda. Um lugar que se deixe
facilmente vender e explorar. Por isso, faz-nos bem repetir nas nossas casas,
nas comunidades, no mais fundo do coração de cada um: esta não é uma terra
órfã! Tem uma Mãe!”, disse ainda.
Francisco
referiu-se mais uma vez à cultura do descarte, explicitando de que se trata:
“Uma cultura
que não se contenta apenas com excluir, mas que cresceu silenciando, ignorando
e rejeitando tudo o que não serve aos seus interesses; parece que o consumismo
alienante de alguns não consegue perceber a dimensão do sofrimento sufocante de
outros. É uma cultura anónima, sem laços, nem rostos. Uma cultura sem mãe, que
só quer consumir.”
“A terra é
tratada dentro desta lógica, acrescentou. As florestas, os rios e as torrentes
são aproveitados, utilizados até ao último recurso, e depois deixados como
baldios e inúteis. As próprias pessoas são tratadas com esta lógica: são usadas
até ao exaurimento e depois deixadas como ‘inúteis’. ”
É triste
constatar como, nesta terra que está sob a proteção da Mãe de Deus, muitas
mulheres sejam tão desvalorizadas, desprezadas e sujeitas a violências sem fim,
disse o Pontífice tendo pouco antes afirmado que estamos habituados a usar a
expressão “tráfico de pessoas”, mas que, na realidade, deveríamos falar de
escravatura.
“Não se pode
‘olhar como normal’ a violência contra as mulheres, mantendo uma cultura
machista que não aceita o papel de protagonista da mulher nas nossas
comunidades. Não nos é lícito virar cara para o outro lado e deixar que tantas
mulheres, especialmente adolescentes, sejam ‘espezinhadas’ na sua
dignidade."
Teto,
trabalho e terra
Por fim,
recordou que várias pessoas emigraram para a Amazônia à procura de teto, terra
e trabalho. “Vieram à procura dum futuro melhor para elas mesmas e sua família.
Abandonaram a sua vida humilde, pobre, mas digna. Muitas delas, com a promessa
de que certos trabalhos poriam termo a situações precárias, basearam-se no
brilho promissor da extração do ouro. Mas o ouro pode-se tornar num falso deus,
que pretende sacrifícios humanos.”
“Os falsos
deuses, os ídolos da avareza, do dinheiro, do poder corrompem tudo. Corrompem a
pessoa e as instituições; e destroem também a floresta”, acrescentou.
Francisco
deixou aos presentes uma veemente exortação:
“Encorajo-vos
a continuar a organizar-vos em movimentos e comunidades de todos os tipos, para
procurar superar estas situações; e também a organizar-vos, a partir da fé,
como comunidades eclesiais que vivem ao redor da pessoa de Jesus.”
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Papa a
crianças:
Sois o tesouro mais precioso de que devemos cuidar
Lar
"Pequeno Príncipe": trata-se de uma casa de acolhimento onde moram
cerca de 40 crianças e adolescentes menos favorecidos.
Cidade do
Vaticano - “Gostaria de
vos encorajar a estudar: preparai-vos, aproveitai as oportunidades que tendes
para vos formar.” Foi uma das exortações do Papa no comovente encontro esta
sexta- feira (19/01) com os meninos e meninas no Lar “O Pequeno Príncipe”, em
Puerto Maldonado – coração amazônico do Peru –, em seu terceiro compromisso no
país andino.
Quando me
falaram da existência desta casa “O Pequeno Príncipe” da Fundação Apronia,
senti que não podia deixar Puerto Maldonado sem vir encontrar-vos, disse o
Santo Padre no início de sua saudação. Trata-se de uma casa de acolhimento onde
moram cerca de 40 crianças e adolescentes menos favorecidos.
Dirigindo-se
a eles Francisco lembrou que acabamos de celebrar o Natal. “Enterneceu-nos o
coração a imagem do Menino Jesus. Ele é o nosso tesouro, e vós meninos, sendo o
seu reflexo, sois também o nosso tesouro, o tesouro de todos nós, o tesouro
mais precioso de que devemos cuidar. Perdoai as vezes que nós, grandes, não o
fazemos ou não vos damos a importância que mereceis. O vosso olhar, a vossa
vida requerem um compromisso e esforços sempre maiores para não ficarmos cegos
ou indiferentes perante tantas outras crianças que sofrem e passam necessidade.
“Não há
dúvida, vós sois o tesouro mais precioso de que devemos cuidar.”
Dizendo saber
que às vezes, alguns deles passam noites tristes e que há feridas que doem
muito, o Sucessor de Pedro disse-lhes que eles são “para todos nós o sinal das
potencialidades imensas que cada pessoa tem. Para estes meninos e meninas, sois
o melhor exemplo a seguir, a esperança de que também eles hão de conseguir”.
“Alguns de
vós, jovens que nos acompanhais, vindes das comunidades nativas. Vedes, com
tristeza, a destruição das florestas. Os vossos avós ensinaram-vos a
descobri-las: nelas encontravam o seu alimento e os remédios que os curavam.
Hoje, são devastadas na vertigem dum equivocado progresso.”
“O mundo
precisa de vós, jovens dos povos nativos, e precisa de vós assim como sois.”
“Não vos
conformeis com ser o vagão de cauda da sociedade, enganchados e deixando-se
levar! Precisamos de vós como locomotiva, puxando”, exortou.
Francisco
convidou-os a escutar seus avós, a apreciar suas tradições, a não reprimir sua
curiosidade, e antes de agradecer ao Padre Xavier de Morsier que em 1996 fundou
aquela casa de acolhimento, e aos demais que ali realizam um fabuloso trabalho,
quis deixar mais uma exortação:
“Precisamos
de vós autênticos, jovens orgulhosos de pertencer aos povos amazônicos e que
oferecem à humanidade uma alternativa de vida autêntica. Amigos, muitas vezes,
as nossas sociedades precisam de corrigir o rumo e estou certo de que vós,
jovens dos povos nativos, podeis ajudar imenso neste desafio, sobretudo
ensinando-nos um estilo de vida que se baseie no cuidado, e não na destruição,
de tudo aquilo que se opõe à nossa ganância.”
E concluiu:
“Quero agradecer também a quantos fortalecem estes jovens na sua identidade
amazónica e os ajudam a construir um futuro melhor para as vossas comunidades e
para todo o planeta.”
Francisco:
Corrupção
é um “vírus social” na América Latina
No discurso às
autoridades peruanas, Francisco falou da corrupção como forma sutil de
degradação do meio ambiente que contamina progressivamente todo o tecido vital.
Cidade do
Vaticano - O lema da viagem
ao Peru, “Unidos pela esperança”, foi o tema do discurso que o Papa Francisco
fez às autoridades no Palácio do Governo de Lima, em seu primeiro dia de
atividades em solo peruano.
“Olhar esta
terra é, por si só, um motivo de esperança. Vocês possuem uma pluralidade
cultural muito rica e cada vez mais interativa, que constitui a alma deste
povo”, disse o Papa.
Os motivos de
esperança são os jovens, presente mais vital que a sociedade possui, e o rosto
de santidade do país. Francisco mencionou os Santos peruanos que abriram
caminhos de fé para todo o continente americano, como S. Martinho de Porres.
Ameaças
Todavia, sobre
esta esperança estende-se uma ameaça: o despojamento da terra dos recursos
naturais, sem os quais nenhuma forma de vida é possível.
“Neste contexto,
‘unidos para defender a esperança’ significa fomentar e desenvolver uma
ecologia integral. E isto exige escutar, reconhecer e respeitar as pessoas e os
povos locais como válidos interlocutores.”
Para Francisco,
a degradação do meio ambiente está intimamente ligada à degradação moral das
comunidades. “Não podemos concebê-las como duas questões separadas.”
O Papa citou
como exemplo as extrações minerárias irregulares e a devastação de
florestas e rios com toda a sua riqueza. Como consequência, há o tráfico de
seres humanos – nova forma de escravatura –, trabalho irregular e delinquência.
Vírus social
Porém, Francisco
incluiu outra forma mais sutil de degradação ambiental que contamina
progressivamente todo o tecido vital: a corrupção.
“Quanto mal
faz, aos nossos povos latino-americanos e às democracias deste abençoado
continente, este 'vírus' social! É um fenômeno que tudo infeta, sendo os pobres
e a mãe-terra os mais prejudicados. Tudo o que se puder fazer para lutar contra
este flagelo social merece a maior das considerações e cooperações; e esta luta
pertence-nos a todos.”
Portanto,
‘unidos para defender a esperança’ implica maior cultura da transparência entre
entidades públicas, setor privado e sociedade civil. “Ninguém pode ficar alheio
a este processo; a corrupção é evitável e exige o compromisso de todos.”
O Papa concluiu
seu discurso exortando os que ocupam cargos de responsabilidade a trabalharem
para que o Peru seja um espaço de esperança e oportunidades não só para poucos,
mas para todos.
Neste esforço,
Francisco renovou o compromisso da Igreja Católica, que acompanhou e acompanha
a nação peruana para que continue a ser uma terra de esperança.
“Santa Rosa de
Lima interceda por cada um de vocês e por esta abençoada nação. De novo,
obrigado!”
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Fonte: www.vaticannews.va/pt
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