“As CEBs possam ser um instrumento
de evangelização e de promoção da pessoa humana”
Música,
apresentações e o colorido que marca a cultura do povo brasileiro deram a
tônica na abertura do 14º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de
Base (CEBs), nas proximidades do lago Igapó, em Londrina (PR). Cerca de três
mil pessoas entre leigos, padres, religiosos e bispos participaram das atividades
que deram início ao encontro que reúne delegados de todo o Brasil. Também nesta
terça, foi divulgada a mensagem enviada pelo papa Francisco aos participantes
com uma palavra de “estímulo e bênção, que possa ajudar as CEBs a trazerem aos
desafios do mundo urbano ‘um novo ardor evangelizador e uma capacidade de
diálogo com o mundo que renovam a Igreja’”.
Cerimônia de abertura |
Uma orquestra
de violas deu o tom do início da celebração de abertura, recordando o
trabalhador caipira, importante para a história da construção da cidade de
Londrina. Na sequência, as apresentações culturais daqueles que se juntaram aos
londrinenses, como a colônia japonesa. Segundo a organização, “o caráter da
celebração de abertura era o de mostrar o rosto identitário do Paraná e de
Londrina”.
Na acolhida
de cada região, a música e os costumes foram representados em meio à poesia do
texto lido pelos apresentadores e no som característico da “Folia de Reis”. A
riqueza da cultura indígena também foi apresentada pelos próprios
protagonistas.
Dom Geremias Steinmetz |
A entrada dos
ícones do 14º intereclesial, a Cruz e a imagem de Nossa Senhora do Rocio,
emocionou o público.
Mensagem do
papa
No texto
enviado a dom Geremias Steinmetz e assinado pelo secretário de Estado do
Vaticano, cardeal Pietro Parolin, é lembrado o lema do intereclesial “Eu vi e
ouvi o clamor do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3, 7-8): “Deus nunca é
indiferente ao sofrimento do seu povo, enviando Moisés, para salvar o povo
hebreu da escravidão do Egito e, na plenitude dos tempos, enviando o seu Filho
Unigênito, Jesus Cristo, para nos libertar da escravidão do pecado e da morte”,
recorda. “Essa ação redentora, que celebramos com fé na Liturgia, deve depois
se manifestar numa vida pessoal onde brilhe a luz do Evangelho, isto é, numa
existência inspirada no amor e na solidariedade, que é a linguagem do amor”,
continua.
Papa Francisco |
Ao final, o
cardeal Parolin informa que o papa Francisco deposita os votos e preces aos pés
de Nossa Senhora Aparecida e concede aos participantes e suas famílias,
comunidade de base, paróquias e dioceses, “uma propiciadora Bênção Apostólica”,
além de pedir que “não deixem de rezar por ele”.
Leia a carta
na íntegra:
“O Papa
Francisco, informado do XIV Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de
Base, que terá lugar na Arquidiocese de Londrina, de 23 a 27 de janeiro de
2018, deseja transmitir aos participantes vindos de todos os cantos do Brasil a
sua palavra de estímulo e bênção, que possa ajudar as CEBs a trazerem aos
desafios do mundo urbano “um novo ardor evangelizador e uma capacidade de
diálogo com o mundo que renovam a Igreja” (Exort. ap. Evangelii gaudium, 29).
Com efeito, como vê-se pelo lema do Encontro — “Eu vi e ouvi o clamor do meu
povo e desci para libertá-lo” (Ex 3, 7-8) — Deus nunca é indiferente ao
sofrimento do seu povo, enviando Moisés, para salvar o povo hebreu da
escravidão do Egito e, na plenitude dos tempos, enviando o seu Filho Unigênito,
Jesus Cristo, para nos libertar da escravidão do pecado e da morte. Essa ação
redentora, que celebramos com fé na Liturgia, deve depois se manifestar numa
vida pessoal onde brilhe a luz do Evangelho, isto é, numa existência inspirada
no amor e na solidariedade, que é a linguagem do amor. Assim o Santo Padre,
unido espiritualmente a essa Assembleia, invoca do Altíssimo a abundância dos
seus dons e luzes sobre todos os presentes, de modo que, ouvindo o clamor dos
pobres e famintos de Deus, de justiça e de pão, as Comunidades Eclesiais de
Base possam ser, na sociedade e Nação brasileira, um instrumento de
evangelização e de promoção da pessoa humana — sempre em comunhão com a
realidade paroquial e com as diretrizes da Igreja local (cf. Ibidem, 29) —
capaz de vir encontro aos terríveis efeitos da cultura do “descarte”, que leva
tantos irmãos e irmãs a viverem excluídos, numa exclusão que fere “na própria
raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na
periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são
“explorados”, mas resíduos, sobras” (Ibidem,53). Como penhor destes votos e
preces, que em espírito deposita aos pés de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco
de todo coração, concede aos participantes, extensiva às suas famílias,
comunidade de base, paróquias e dioceses, uma propiciadora Bênção Apostólica,
pedindo que, por favor, não deixem de rezar por ele”.
Cardeal
Pietro Parolin, Secretário de Estado».
Do Vaticano,
4 de janeiro de 2018
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Fonte: www.cnbb.net.br
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