Festa dos Santos Reis
Quando eu era
criança, lá na roça onde nasci, o dia 6 de janeiro era feriado e dia santo de
guarda em comemoração à visita dos Reis Magos ao Menino Jesus, em Belém. Hoje
essa festa passou para o domingo seguinte, quando se celebra na Liturgia a
solenidade da Epifania (manifestação) do Senhor. Neste dia Jesus se manifestou
como Salvador de todos os povos, nas figuras dos Reis do Oriente, que chegaram
a Belém seguindo uma misteriosa estrela. Na interpretação de Santo Agostinho
“Aquela estrela era a graça divina” que passou por suas vidas.
“Ajoelharam-se diante dele e o adoraram" |
Segundo os
biblistas, os magos do Oriente seriam naturais da Pérsia, estudiosos dos astros
e também conhecedores das escrituras sagradas. Portanto, não podiam ser
confundidos com outros magos, conhecidos como feiticeiros perigosos, que a
Bíblia sempre rejeitou. Estes magos do Oriente, pesquisando o significado
daquela estrela nova que apareceu nos céus, descobriram o seu significado e,
seguindo o seu movimento, chegaram até Belém, onde encontraram Jesus, o rei de
Israel.
Os primeiros
cristãos, a partir do começo do século III, foram reconhecendo estes magos do
Oriente como reis, pois eles tinham tudo o que os reis tinham: séquito com
camelos e servidores, cofres com tesouros, postura real e modo solene e
respeitoso de proceder. Tudo isso transparece nos Evangelhos e, em
consequência, a tradição eclesial acabou incorporando como verdade o que os
fiéis foram acreditando sobre estes magos. Inclusive com base na tradição e em
evangelhos apócrifos foram dados a eles até nomes: Melquior, Baltazar e Gaspar.
Com base no “sensu fidelis” (o senso dos fiéis), como que um tipo de plebiscito
popular, eles acabaram sendo canonizados, isto é, reconhecidos como santos pelo
povo cristão e, por fim, os seus nomes foram registrados no “Catálogo dos
Santos da Igreja Católica”. Ainda hoje o povo católico os venera como santos e
o dia de sua festa é dia santo de guarda, o primeiro do calendário civil.
Embora sendo persas, receberam nomes de origem judaica, cada um com o seu
significado: Melquior = rei da luz, Baltazar = senhor do tesouro e Gaspar = o
tesoureiro. E também segundo a tradição, representariam os três continentes
conhecidos na época: Europa, Ásia e África. Assim sendo, Gaspar, representando
a Europa, seria de cor branca e foi o que ofereceu a Jesus o ouro, sinal da sua
natureza real, presente dado a reis. Melquior, representando a Ásia, seria
moreno, e ofereceu o incenso, que era empregado no culto e altares, em sinal da
natureza divina de Jesus. Baltazar, negro, representava a África e foi o que
ofereceu a mirra, que era destinada a embalsamar os mortos, evocando o
sofrimento e a morte futura de Jesus, sinal da sua imortalidade.
A devoção aos
santos Reis chegou ao Brasil por Portugal. Foram os nossos descobridores que
deram à enseada mais ao sul do Rio de Janeiro o nome de Angra dos Reis. Em
Natal, no Rio Grande do Norte, fica o monumento aos Reis Magos e o Forte dos
Reis Magos. Ali na Capela dos Reis Magos, o rei de Portugal, Dom José I, doou,
em 1752, as imagens que os devotos consideram milagrosas.
Folia de Reis |
Dom Caetano
Ferrari - Diocese de Bauru (SP)
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Fonte: www.cnbb.net.br 1ª foto: www.cleofas.com.br
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