Homenagem aos pais
A celebração do
dia dos pais é, para todos, uma oportunidade para pensar na grande missão do
pai, na sociedade em que vivemos. As mudanças rápidas e profundas, que
caracterizam nossa época, atingiram também a maneira de ser pai nos dias de
hoje. No passado existia, com frequência, especialmente na roça, um família
ampla, formada pelos avós, tios e primos, todos na mesma casa e na mesma mesa.
E cada casal normalmente tinha muitos filhos.
Mas, nas últimas
décadas, a cidade moderna e as formas de trabalho impuseram a forma nuclear da
família, reduzida aos pais e a poucos filhos. Essa forma implica em uma maior
intimidade e mais diálogo entre os esposos e numa maior responsabilidade direta
com os filhos. Além disso, no passado valorizava-se muito a autoridade do pai,
enquanto que na sociedade moderna valoriza-se, acima de tudo, a liberdade.
Podemos pensar naquela afirmação do Antigo Testamento que, interpretada ao pé
da letra, chega até a escandalizar, nos dias de hoje, a saber: “Quem poupa a
vara odeia seu filho” (Provérbios 13,24). Uma afirmação muito semelhante se
encontra neste provérbio africano: “Os filhos se educam com a vara”.
Deus é Pai, Deus é Amor |
Na sociedade
moderna a “paridade de direitos” e as novas oportunidades abriram maior espaço
para a mulher: no campo do trabalho, na política, no mundo da cultura etc. E o
espírito de “liberdade”, aliado a uma sociedade sempre mais “laica”, facilitou
as separações e os divórcios.
Acrescenta-se,
nos dias de hoje, que os jovens, especialmente os que chegam ao ensino
superior, entram no mercado do trabalho bem mais tarde, em comparação com o
passado. E a crise da família leva muitos deles a aceitar o “provisório”, a não
assumir a responsabilidade de formar uma própria família e a depender dos pais
por muito tempo: não raramente até 30 e 40 anos. Trata-se daquela que foi
definida como a “geração canguru”.
Este “quadro” da
família atual, que não pretende ser completo, mostra onde, hoje, alguém se
torna “pai”. Trata-se de um desafio, pois não raramente os pais de hoje são
chamados a educar os filhos de uma maneira diferente de como eles foram
educados.
Ser bom pai é espelhar o Criador |
Quanto mais os
“pais da terra” se aproximam do “Pai de Jesus Cristo”, mais irão cumprir sua
missão de dar a vida, de amar sem medida.
E os filhos, por
sua vez, são chamados a reconhecer, a retribuir o amor recebido dos pais. E a
prova maior do amor dos filhos para com os pais vai ser dada na hora em que os
pais irão precisar dos filhos: o momento da doença, da velhice. Em vários
lugares do mundo, não só no Brasil, há um triste provérbio que, infelizmente,
retrata uma realidade frequente, a saber: “Um pai cuida de dez filhos, mas dez
filhos não cuidam de um pai”. O mandamento “honra pai e mãe” é particularmente
significativo na “hora” em que não são os filhos que precisam do pai, mas o
contrário.
O dia dos pais
nos lembra tudo isso: é o dia de manifestar, ainda mais, que amamos nossos
pais.
E se nossos pais
já deixaram este mundo, mais uma vez a fé cristã nos ajuda: a morte não nos
separa deles. Continua aquela comunhão misteriosa, e até mais profunda, em
Cristo, na espera do dia em que “estaremos sempre com o Senhor” (1Tessalonicenses,
4,17).
Que o dia dos
pais una sempre mais os filhos aos pais e os pais aos filhos!
Lino Rampazzo, pai
de três filhos muito amados
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