"Pregação só é crível quando há testemunho e caridade"
Cidade do
Vaticano (RV) – Na manhã desta quinta-feira (04/08), no Vaticano, o Papa
recebeu os participantes do Capítulo geral da Ordem dos Dominicanos.
Papa
reza na capela da Porciúncula. Assis, 2013
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O grupo de 70
frades, encabeçados pelo Mestre, Frei Bruno Cadoré, está reunido desde 17 de
julho em Bolonha, neste ano em que se comemoram 8 séculos da confirmação da
Ordem dos Pregadores pelo Papa Honório III.
Pregação,
testemunho e caridade: estas três palavras são os alicerces que garantem o
futuro da Ordem, segundo o Papa.
Em seu discurso,
proferido em espanhol, lembrou que São Domingos, Pai Fundador, dizia: ‘Primeiro
contemplar e depois ensinar’, pois “a pregação não tocará jamais o coração das
pessoas se não houver uma forte união com Deus, em sua raiz”.
“Transmitir
eficientemente a Palavra de Deus requer testemunho. O testemunho encarna o
ensinamento, o faz tangível, acrescenta à verdade a alegria do Evangelho, de
saber que somos amados por Deus e objeto de sua infinita misericórdia”.
Vivenciar o
testemunho
Explicando o
conceito, Francisco afirmou que “os fiéis não necessitam apenas receber a
Palavra em sua integridade, mas também experimentar o testemunho de vida de
quem a prega”.
Por último, o
Papa frisou que o pregador e o testemunho são condicionados à caridade:
“Olhando hoje ao nosso redor, constatamos que o homem e a mulher dos nossos
dias estão sedentos de Deus. Eles são a carne viva de Cristo, que grita «tenho
sede» de palavras autênticas e libertadoras, de gestos fraternos e de ternura.
Este grito nos interpela e deve ser o cerne da missão e da vida de nossas
estruturas e programas pastorais”.
Verdade
anunciada por amor e misericórdia
Neste sentido,
Francisco terminou pedindo que os dominicanos pensem nisso ao programar o
organograma da Ordem, discernindo sobre a resposta a este grito de Deus:
“Quanto mais tentarmos saciar a sede do próximo, mais seremos pregadores da
verdade a verdade anunciada por amor e misericórdia”. (CM)
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Francisco em Assis:
Francisco em Assis:
Perdão, caminho para o Paraíso
Assis (RV) – “A
via mestra para alcançar o tal lugar no Paraíso é, sem dúvida, a estrada do
perdão. E aqui, na Porciúncula, tudo fala de perdão”.
No âmbito dos
800 anos da Festa do Perdão de Assis, Francisco dedicou a tarde desta
quinta-feira (04/08) para rezar na Porciúncula, local que passou a ter um
grande significado na vida de São Francisco e posteriormente considerada
“cabeça e mãe dos Frades Menores”.
”Uma
peregrinação simples, mas muito significativa neste Ano da Misericórdia”, disse
o Papa na Audiência de quarta-feira.
Antes de se
pronunciar, Francisco deteve-se longamente em oração silenciosa dentro da
Porciúncula, onde colocou flores no pequeno altar logo ao chegar.
Linhas mestras
Paraíso,
arrependimento, perdão. Três linhas mestras que guiaram toda a reflexão do
Santo Padre em Assis, que iniciou recordando as palavras do Santo de Assis
pronunciadas ali mesmo, perante os bispos e o povo: «Quero mandar-vos todos
para o paraíso».
Papa reza na Porciúncula |
“Que poderia o
Pobrezinho de Assis pedir de mais belo do que o dom da salvação, da vida eterna
com Deus e da alegria sem fim, que Jesus nos conquistou com a sua morte e
ressurreição?”, pergunta o Papa. Aliás, que é o paraíso senão o mistério de
amor que nos liga para sempre a Deus numa contemplação sem fim?”:
“Desde sempre a Igreja
professa esta fé ao afirmar que acredita na comunhão dos santos. Na vivência da
fé, nunca estamos sozinhos; fazem-nos companhia os Santos, os Beatos e também
os nossos queridos que viveram com simplicidade e alegria a fé e a
testemunharam na sua vida. Há um vínculo invisível – mas não por isso menos
real – que, em virtude do único Batismo recebido, faz de nós «um só corpo»
animados por «um só Espírito»”.
Indulgência
O Papa Francisco
explica, que ao pedir ao Papa Honório III o dom da indulgência para quantos
viessem à Porciúncula, talvez São Francisco tivesse em mente as palavras de
Jesus aos seus discípulos, escritas no Evangelho de São João: «Na casa de meu
Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vou
preparar-vos um lugar?”:
“A via mestra a
seguir para alcançar o tal lugar no Paraíso é, sem dúvida, a estrada do perdão.
E aqui, na Porciúncula, tudo fala de perdão. Que grande presente nos deu o
Senhor ao ensinar-nos a perdoar, para tocar quase sensivelmente a misericórdia
do Pai!”.
“Porque
deveríamos perdoar a uma pessoa que nos fez mal?”, pergunta o Papa. “Porque
antes fomos perdoados nós mesmo – responde - e infinitamente mais”.
Francisco
explica, que quando nos ajoelhamos aos pés do sacerdote no confessionário,
repetimos o mesmo gesto do servo da parábola narrada em Mateus, que tem uma
grande dívida para pagar e que nunca conseguiria fazê-lo. Dizemos: «Senhor, tem
paciência comigo!»:
Perdão
“Na realidade,
sabemos bem que estamos cheios de defeitos e muitas vezes recaímos nos mesmos
pecados. E todavia Deus não se cansa de nos oferecer o seu perdão, sempre que o
pedimos a Ele. É um perdão completo, total, dando-nos a certeza de que, não
obstante podermos voltar a cair nos mesmos pecados, Ele tem piedade de nós e
não cessa jamais de nos amar”.
Como o senhor da
parábola – explica o Papa - Deus compadece-Se, isto é, experimenta um
sentimento de piedade combinada com ternura: é uma expressão para indicar a sua
misericórdia para conosco.
Este, disse o
Papa – é nosso Pai que sempre se compadece de nós quando estamos arrependidos,
“mandando-nos voltar para casa de coração tranquilo e sereno dizendo que todas
as coisas nos foram remidas e nos perdoou tudo”:
“O perdão de
Deus não tem limites; ultrapassa toda a nossa imaginação e alcança toda e
qualquer pessoa que, no íntimo do coração, reconheça ter errado e queira voltar
para Ele. Deus vê o coração que pede para ser perdoado”.
Relações humanas
O problema
surge, infelizmente – recordou Francisco - quando nos encontramos com um irmão
que nos fez uma pequena ofensa. A reação que ouvimos na parábola é muito
expressiva: «Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: “Paga o
que me deves!”» (Mt 18, 28). Nesta cena – disse o Papa - temos todo o
drama das nossas relações humanas:
“Quando estamos
em dívida com os outros, pretendemos misericórdia; mas, quando são os outros em
dívida conosco, invocamos justiça. Esta não é a reação do discípulo de Cristo,
nem pode ser este o estilo de vida dos cristãos. Jesus ensina-nos a perdoar, e
a fazê-lo sem limites: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes
sete»”.
Se nos
detivermos na nossa pretensão de justiça – alertou o Papa – não seríamos
reconhecidos como discípulos de Cristo, “que obtiveram misericórdia ao pé
da Cruz apenas em virtude do amor do Filho de Deus”.
Perdão no
coração
Francisco
exorta, neste sentido, a não esquecermos “as palavras severas com que termina a
parábola: «Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não
perdoar ao seu irmão do íntimo do coração»”.
O perdão de que
São Francisco se fez canal na Porciúncula – afirmou o Pontífice – “continua
ainda a «gerar paraíso» depois de oito séculos. Neste Ano Santo da
Misericórdia, torna-se ainda mais evidente como a estrada do perdão pode,
verdadeiramente, renovar a Igreja e o mundo. Oferecer o testemunho da
misericórdia, no mundo atual, é uma tarefa a que nenhum de nós pode
subtrair-se”:
Humildade
“O mundo tem
necessidade de perdão; demasiadas pessoas vivem fechadas no rancor e incubam
ódio, porque incapazes de perdão, arruinando a vida própria e a dos outros, em
vez de encontrar a alegria da serenidade e da paz. Peçamos a São Francisco que
interceda por nós, para que nunca renunciemos a ser sinais humildes de perdão e
instrumentos de misericórdia”.
Após a visita à
Basílica Santa Maria dos Anjos e a oração na Porciúncula, o Santo Padre saudou
os freis internados na Enfermaria do Convento, e por fim, do átrio da Basílica,
saudou os fieis presentes na Praça.
Assista:
Fonte: radiovaticana.va news.va
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