Sem o fogo do Espírito Santo a Igreja torna-se fria
Cidade do
Vaticano (RV) – Neste XX Domingo do Tempo Comum o Papa encontrou-se com
milhares de fieis de todo o mundo na Praça São Pedro, para a tradicional Oração
mariana do Angelus. Francisco dedicou sua alocução ao fogo do Espírito Santo,
inspirado na passagem de Lucas “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como
gostaria que já estivesse aceso”.
Eis a reflexão
do Santo Padre na íntegra:
“O Evangelho
deste domingo faz parte dos ensinamentos de Jesus dirigidos aos discípulos
durante a sua subida à Jerusalém, onde lhe espera a morte na cruz. Para indicar
o objetivo de sua missão, Ele se serve de três imagens: o fogo, o batismo e a
divisão. Hoje quero falar da primeira imagem: o fogo.
Todos nós necessitamos da ajuda do Espírito Santo |
Jesus a expressa
com estas palavras: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que
já estivesse aceso”. O fogo do qual Jesus fala é o fogo do Espírito Santo,
presença viva e atuante em nós desde o dia do Batismo. Ele - o fogo - é uma
força criadora que purifica e renova, queima toda humana miséria, todo egoísmo,
todo pecado, nos transforma a partir de dentro, nos regenera e nos torna
capazes de amar. Jesus deseja que o Espírito Santo irrompa como fogo no nosso
coração, porque somente partindo do coração que o incêndio do amor divino
poderá propagar-se e fazer progredir o Reino de Deus. Não parte da cabeça,
parte do coração. E por isto Jesus quer que o fogo entre em nosso coração. Se
nos abrirmos completamente à ação deste fogo que é o Espírito Santo, Ele nos
dará a audácia e o fervor para anunciar a todos Jesus e a sua consoladora
mensagem de misericórdia e de salvação, navegando em mar aberto, sem medo. Mas
o fogo começa no coração.
No cumprimento
de sua missão no mundo, a Igreja - isto é, todos nós Igreja - tem necessidade
de ajuda do Espírito Santo para não deixar-se frear pelo medo e pelo cálculo,
para não habituar-se a caminhar dentro de fronteiras seguras. Estes dois
comportamentos levam a Igreja a ser uma Igreja funcional, que não arrisca
nunca. Pelo contrário, a coragem apostólica que o Espírito Santo acende em nós
como um fogo nos ajuda a superar os muros e as barreiras, nos faz criativos e
nos impele a colocarmo-nos em movimento para caminhar também por caminhos
inexplorados ou desconfortáveis, oferecendo esperança a quantos encontramos.
Com este fogo do Espírito Santo somos chamados a nos tornar sempre mais
comunidade de pessoas guiadas e transformadas, cheias de compreensão, pessoas
de coração dilatado e de rosto alegre. Mais do que nunca existe a necessidade,
mais do que nunca existe a necessidade de sacerdotes, de consagrados e de fieis
leigos, com o olhar atento do apostolado, para mover-se e parar diante das
dificuldades e das pobrezas materiais e espirituais, caracterizando assim o
caminho da evangelização e da missão com o ritmo curador da proximidade.Há
precisamente o fogo do Espírito Santo que nos leva a nos fazer
"próximos" dos outros: das pessoas que sofrem, dos necessitados; de
tantas misérias humanas, de tantos problemas; dos refugiados, daqueles que
sofrem. Aquele fogo que vem do coração. Fogo.
Neste momento,
penso também com admiração sobretudo aos numerosos sacerdotes e religiosos que,
em todo o mundo, se dedicam ao anúncio do Evangelho com grande amor e
fidelidade, não raro a custo da própria vida. O exemplar testemunho deles nos
recorda que a Igreja não tem necessidade de burocratas e de diligentes
funcionários, mas de missionários apaixonados, imbuídos pelo ardor de levar a
todos a consoladora palavra de Jesus e a sua graça.Este é o fogo do Espírito
Santo. Se a Igreja não recebe este fogo ou não o deixa entrar em si, torna-se
uma Igreja fria ou somente morna, incapaz de dar vida, porque é feita de
cristãos frios e mornos. Nos fará bem hoje, tomar cinco minutos e nos
perguntar: "Mas, como está o meu coração? É frio? É morno? É capaz de
receber este fogo?". Tomemos cinco minutos para isto. Nos fará bem a
todos.
E peçamos a
Virgem Maria para rezar conosco e por nós ao Pai celeste, para que derrame
sobre todos os fieis o Espírito Santo, fogo divino que aquece os corações e nos
ajude a ser solidários com as alegrias e os sofrimentos dos nossos irmãos. Nos
sustente no nosso caminho o exemplo de São Maximiliano Kolbe, mártir da
caridade, cuja festa recorre hoje: que ele nos ensine a viver o fogo do amor de
Deus e pelo próximo”. (JE)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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