domingo, 21 de agosto de 2016

Reflexão dominical:

Banquete supõe acolhida, humildade, serviço

No Evangelho, Jesus está jantando na casa de pessoas importantes da sociedade judaica. Ele observou, não apenas neste jantar, mas em diversas refeições de que participou, especialmente em banquetes, que as pessoas faziam verdadeiras ginásticas para estarem em lugar de destaque, próximas do anfitrião ou do homenageado. Ele aproveitou o momento para fazer algumas observações que não são de etiqueta, mas de postura em relação ao Reino do Céu.
Ele inicia quebrando certa visão conservadora de Deus e de relacionamentos “queridos” por ele.
Para Jesus não existe um Deus distante das pessoas e nem a necessidade de render-lhe homenagem com mortificações, penitências e jejuns. O Deus de Jesus Cristo é o Emanuel, Deus Conosco, que vem armar sua tenda em nosso meio, que vem participar de nossas alegrias e tristezas, que vem viver a nossa vida e nos quer ver alegres, felizes, em paz.
Jesus acolhe a todos com infinita misericórdia
Em seguida, o Senhor faz uma advertência sobre quem convidar para o festim.
Os convidados deverão ser os coxos, os aleijados, os excluídos, aqueles que jamais poderão retribuir o convite. Dentro da tradição, os convidados seriam irmãos, parentes, amigos e vizinhos. Jesus, rejeitou esse costume e deu novas orientações, como vimos.
Jesus dá o alerta em relação aos marginalizados, aos esquecidos. É com eles, com os que estão presentes apenas para servir, que o Senhor se identificou. Do mesmo modo Maria, nas Bodas de Caná, se identificou com os servidores, por isso ela percebeu a falta de vinho. Se estivesse sentada à mesa, não perceberia, mas como certamente estava ajudando a servir, apesar de convidada, percebeu.
Neste momento poderemos nos perguntar de que lado nos posicionamos? Qual é nosso lugar social no mundo em que habitamos? Lugar social não tanto de nascimento, mas de opção. Colocamo-nos ao lado dos ricos, dos incluídos ou nos identificamos com os despossuídos?
Depois o Senhor entra na questão do acolhimento. Banquete, almoço, jantar ou uma simples refeição, supõem acolhida. Acolhemos apenas os sadios, os perfeitos, os íntegros, os santos, ou temos espaço para os doentes, para os que levam vida irregular e estão fora do politicamente e eticamente aceito?
Acolher os cegos, coxos e aleijados, significava na sociedade judaica acolher os pecadores, já que o defeito físico, a doença e a miséria eram vistos como consequências de pecados.
Jesus não está se referindo a uma refeição concreta, mas a uma postura de vida que aceita os puros, perfeitos, santos aos olhos dos valores éticos de nossa sociedade e rejeita aqueles que deveriam estar cobertos de vergonha pela vida que levam ou que levaram, pelas suas opções erradas, pela demonstração pública de que rejeitaram as inspirações para o bom caminho. Podemos pensar nos alcoólatras, drogados, viciados em jogos de azar, prostitutas e outros praticantes de atitudes que desabonam mocinhas e mocinhos virtuosos.
Concluindo nossa reflexão, peçamos ao Senhor a graça de mudarmos nosso lugar social e de nos identificarmos com aqueles que ele, sua e nossa bendita Mãe, se identificaram, ou seja, com os pobres, com os marginalizados.
Que a celebração eucarística, que nossa presença na igreja durante a missa, seja sinal do que acontece em nosso interior, e sintamo-nos irmanados com aquele que estiver ao nosso lado, seja conhecido ou não, bem apresentável ou não.
Não importa tanto se em nossa vida é frequente esse tipo de refeição, mas é fundamental que isso faça parte de nosso coração, de nosso querer, de nossa identificação, de nosso lugar de fé.
                                                                                     Padre Cesar Augusto dos Santos
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Mês Vocacional - Domingo da Vida Consagrada

“...Eles imediatamente deixaram as redes e seguiram a Jesus!”

Na continuidade do mês vocacional celebramos no domingo, dia 21 de agosto, a vocação à Vida Consagrada. O Vaticano II ensina que na Igreja todo batizado é consagrado e todos são chamados à santidade (cf. LG 39-42). Há, porém, cristãos que sentem-se chamado/as a uma consagração especial, tendo por inspiração e modelo o próprio Jesus em seu estado de vida – pobre, casto e obediente, vivendo dons e carismas doados pelo Espírito Santo à própria Igreja (cf. LG 43-47). Pessoas que se permitiram possuir pelo Mestre Jesus deixam tudo para trás. Consagram-se para a oração, para o serviço missionário e apostólico, e no meio do mundo assumindo profissões comuns como consagrados.
Poderíamos fazer um percurso histórico passando pelas inúmeras Congregações, Ordens e Institutos de vida consagrada ao longo da história. Pode-se ainda sublinhar seu aspecto teológico e espiritual. Ficamos com o “rosto” da vida consagrada, para assim visualizarmos sua presença em nosso meio e perceber que é uma força viva que se esconde no tecido social e eclesial; homens e mulheres que pela sua vida dão sabor e perfume do amor misericordioso de Deus no mundo. 
Homens e mulheres que vivem no silêncio e momentos de solidão, mas habitam a plenitude do amor na vida de contemplação nos mosteiros, abadias e conventos. Falam pouco do mundo, mas com ele rezam e dialogam com Deus apresentando suas dores e sofrimentos. Mulheres e homens que parecem ter “fugido” do barulho e se refugiaram na calmaria e no sossego rotineiro, quase incompreensível às pessoas “de fora”, mas lá se fortalecem na vida espiritual, não sem lutas com sua humanidade interior, fortificando seu ser no amor concreto e vivo do Deus-Amor. Na aparência de estar “atrás das grades” desde o olhar de fora, vivem a liberdade de filhos e filhas de Deus, cuja alegria brota de poder estar com Ele na intimidade da oração (Lc 10, 41).
Luz que queima para Deus e para os irmãos
A vida consagrada tem o rosto de jovens e adultos que deixaram tudo – família, cultura, país, projetos pessoais – para se aventurarem na missão do amor doação. Estão nas fronteiras missionárias arriscando a própria vida a serviço do evangelho e doando-se ao próximo. São profetas muitas vezes calados, como a Ir. Dorothy Stang.
Vida consagrada é a irmã religiosa que se curva para se fazer mãe de órfãos e menores aos quais a pátria não lhes é mãe amorosa e cuidadora. Órfãos de pais e da pátria. Vida consagrada é o rosto de Deus misericordioso junto aos doentes, aos portadores de HIV, aos dependentes químicos, aos encarcerados, aos que vivem “das sobras” das cidades, aos refugiados, aos migrantes...
A vida consagrada se faz presente nas escolas, colégios, universidades e centros de saber e pesquisa científica. Ela está na favela e no bairro nobre. Está no campo e nas cidades, está nas metrópoles e está junto às populações ribeirinhas de nossa Amazônia e nos vários continentes. Ela está inserida nos ambientes como presença comum e diferente. 
A vida consagrada se mostra no hábito das religiosas, que se distinguem pela sua congregação ou instituto construindo e administrando hospitais, escolas, creches ou obras sociais. Está escondida e disfarçada num médico, numa professora, numa advogada, numa enfermeira e em tantas outras profissões como “pessoas comuns” que vivem nos institutos seculares, vivendo uma consagração silenciosa e testemunhando o evangelho como “fermento na massa”. 
A vida consagrada são as pessoas que cativadas pelo chamado do Senhor dizem sim à sua voz colocando sua vida a serviço de Deus e da humanidade, no despojamento pessoal e na humildade da entrega do vazo de perfume (Mt 26, 6-13) – sua vida – ao Senhor e sua Igreja.
                                               Dom Adilson Pedro Busin - Bispo auxiliar de Porto Alegre
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                                                                         Fonte: cnbb.org.br    Ilustração: domtotal.com

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