Injustiças nascem
do nosso comportar como patrões da vida dos outros
Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco conduziu a oração mariana do Angelus, deste
domingo (07/08), com os fiéis e peregrinos provenientes de várias partes do
mundo que se reuniram na Praça São Pedro.
“No Evangelho de
hoje, Jesus fala aos seus discípulos sobre a atitude a ser tomada em vista do
encontro final com Ele, e explica como a expectativa deste encontro deve
conduzir a uma vida rica de boas obras”, disse o Pontífice em sua
alocução.
“Vendam os seus
bens e deem o dinheiro em esmola. Façam bolsas que não envelhecem, um tesouro
que não perde o seu valor no céu: lá o ladrão não chega, nem a traça rói”, diz
Jesus.
"É um
convite a dar valor à esmola como obra de misericórdia, a não colocar a
confiança nos bens efêmeros, a usar as coisas sem apego e egoísmo, mas segundo
a lógica de Deus, a lógica da atenção aos outros, a lógica do amor. Nós podemos
ser muito apegados ao dinheiro, ter muitas coisas, mas no final, não podemos
levar tudo isso conosco. Recordem que o sudário não tem bolsos”, frisou o Papa.
O ensinamento de
Jesus prossegue com três parábolas breves sobre o tema da vigilância. “Isto é
importante: a vigilância, estar atentos, ser vigilantes na vida”, disse o Papa.
Devemos trabalhar par que o mundo seja mais justo e habitável |
A primeira é a
Parábola dos Servos que esperam na noite o retorno do patrão. “Felizes os
servos que o senhor encontra acordados quando chega”: é a beatitude do
esperar o Senhor com fé, de estar preparado, em atitude de serviço. Ele está
presente a cada dia, bate à porta do nosso coração. Será feliz aquele que o
abrir a porta, porque terá uma grande recompensa: De fato, o Senhor se fará servo
de seus servos. É uma recompensa bonita. No grande banquete de seu Reino ele os
servirá. Com esta parábola, ambientada na noite, Jesus prevê a vida como uma
vigília de expectativa operante, um prelúdio ao luminoso dia da eternidade.
Para ter acesso
a essa vida “é preciso estar preparado, vigilante e comprometido com o serviço
aos outros, na perspectiva consoladora de que, de lá, não seremos nós a servir
a Deus, mas Ele nos acolherá em sua mesa. Pensando bem, isto acontece já hoje
toda vez que encontramos o Senhor na oração ou quando servimos os pobres, mas
sobretudo na Eucaristia, onde Ele prepara um banquete para nos nutrir com a sua
Palavra e seu Corpo”.
A segunda
parábola tem como imagem a chegada imprevisível do ladrão. Este fato exige
vigilância; de fato, Jesus exorta: “Estejam preparados! Porque o Filho do Homem
vai chegar na hora em que vocês menos esperarem”. O discípulo é aquele que
espera o Senhor e o seu Reino.
“O Evangelho
esclarece esta perspectiva com a terceira parábola: o administrador de uma casa
depois da partida do patrão. Na primeira parte, o administrador cumpre
fielmente as suas tarefas e recebe a recompensa. Na segunda, o administrador
abusa de sua autoridade e espanca os servos, e no retorno inesperado do patrão,
será punido. Esta cena descreve uma situação frequente também em nossos dias:
muitas injustiças, violências e maldades cotidianas nascem da ideia de nos
comportar como patrões da vida dos outros. Temos um patrão que não gosta de ser
chamado de patrão, mas como Pai. Somos servos, pecadores e filhos. Ele é o
único Pai.”
“Jesus hoje nos
recorda que a espera da bem-aventurança eterna não nos exime do compromisso de
tornar o mundo mais justo e habitável. Aliás, esta nossa esperança de possuir o
Reino na eternidade nos impulsiona a trabalhar para melhorar as condições da
vida terrena, especialmente dos irmãos desfavorecidos”, disse ainda o Papa.
Francisco
pediu à Virgem Maria para que nos ajude a ser pessoas e comunidades não
achatadas no presente, ou, pior, nostálgicas do passado, mas inclinadas ao
futuro de Deus, ao encontro com Ele, nossa vida e nossa esperança. (MJ)
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