Papa Francisco:
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa Francisco voltou à janela do Palácio Apostólico nesta
segunda-feira (15/08), feriado no Vaticano por ocasião da Solenidade da
Assunção de Maria.
Assunção de Maria, mistério que diz respeito a todos
Aos milhares de
fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa disse que Maria nos precede na
“estrada dos batizados”, recordou as vítimas inocentes que "não têm
peso sobre a opinião mundial" e todas as mulheres que vivem situações
dramáticas:
“Que a elas
possa chegar o quanto antes o início de uma cidade de paz, de justiça, de amor,
à espera do dia em que finalmente se sentirão seguradas por mãos que não
humilham, mas que com ternura as reerguem e as conduzem até o céu”, pediu o
Pontífice.
Abaixo, a
íntegra da alocução na tradução da redação brasileira:
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O Evangelho da
Solenidade da Assunção de Maria descreve o encontro entre Maria e a prima
Elisabete, destacando que “Maria levantou-se e com pressa foi até a região
montanhosa, em uma cidade de Judá”.
Naqueles dias,
Maria corria em direção a uma pequena cidade próximo a Jerusalém para encontrar
Elisabete. Hoje a contemplamos na sua estrada em direção à Jerusalém celeste,
para encontrar finalmente o rosto do Pai e rever o rosto do seu Filho Jesus.
Muitas vezes na sua vida terrena havia percorrido áreas montanhosas, até a
última dolorosa estação do Calvário, associada ao mistério da paixão de Cristo.
Francisco abençoa os fiéis |
Ela foi a
primeira a acreditar no Filho de Deus, e é a primeira a subir aos céus em corpo
e alma. Inicialmente, acolheu e tomou conta de Jesus quando ainda era criança,
e é a primeira a ser acolhida pelos braços de seu Filho para ser levada ao
Reino eterno do Pai.
Maria, moça
humilde e simples de uma vila perdida na periferia do império, justamente
porque acolheu e viveu o Evangelho, foi admitida por Deus para estar pela
eternidade ao lado do trono do Filho. É assim que o Senhor tira os potentes dos
tronos e eleva os humildes.
A Assunção de
Maria é um grande mistério que diz respeito a todos nós, sobre o nosso futuro. Maria
nos precede na estrada para a qual são encaminhados aqueles que, diante do
Batismo, ligaram a sua vida a Jesus, como Maria entrelaçou a Ele a sua própria
vida.
A festa de hoje
preanuncia os “novos céus e a nova terra”, com a vitória de Cristo ressuscitado
sobre a morte e a derrota definitiva do mal. Para tanto, a exaltação da humilde
moça da Galileia, expressada no canto do Magnificat, se torna canto de
toda a humanidade, que se compraz no ver o Senhor que se inclina sobre todos os
homens e todas as mulheres, humildes criaturas, e assume com Ele todos no céu.
Pensemos, em
particular, às mulheres cansadas do fardo da vida e do drama da violência, às
mulheres escravas da prepotência dos potentes, às meninas obrigadas a realizar
trabalhos desumanos, às mulheres obrigadas a renderem-se no corpo e no
espírito à cobiça dos homens.
Que a elas possa
chegar o quanto antes o início de uma vida de paz, de justiça, de amor, à
espera do dia em que finalmente se sentirão seguradas por mãos que não
humilham, mas que com ternura as reerguem e as conduzem pela estrada da vida
até o céu.
E agora, nos
voltemos com confiança a Maria, doce Rainha do céu, e a peçamos: “Doai-nos dias
de paz, vigia o nosso caminho, faz que vejamos o teu Filho, cheios da alegria
do Céu”.
Vítimas
inocentes
Quero confiar
mais uma vez à Rainha da Paz, que hoje contemplamos na glória celeste, as
ansiedades e as dores das populações que em tantas partes do mundo são vítimas
inocentes de persistentes conflitos.
O meu pensamento
vai aos habitantes do Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, que
recentemente foram vítimas de novos massacres, que há muito são perpetrados no
silêncio vergonhoso sem sequer chamar a nossa atenção. Fazem parte,
infelizmente, de tantos inocentes que não têm peso sobre a opinião mundial.
Obtenha Maria
por todos sentimentos de compreensão e desejo de concórdia.
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Reflexão para a Solenidade da Assunção de Maria
A própria missão
do Arcanjo já é uma ação de inclusão. Deus quer o ser humano ao seu lado,
vivendo sua vocação eterna. Gabriel vem iniciar o reatamento da amizade
Deus-Homem rompida por Adão e Eva. A pessoa a quem o Arcanjo se dirige,
para ser convidada a colaborar com a ação redentora de Deus, é uma jovem pobre,
chamada Maria, moradora de um lugar desprezível e mal afamado, chamado Nazaré.
Maria, Mãe de Deus e nossa, abençoai-nos! |
Imediatamente ao
portar em si o Verbo, encarnado em seu seio, Maria vai servir Isabel. É o
início da nova sociedade: os mais importantes vão servir os subalternos. Aliás,
a nova sociedade já havia sido iniciada desde quando o Verbo se fez homem,
desde quando a Trindade fez do homem sua morada permanente.
A primeira
leitura nos apresenta a luta da Mulher contra o Dragão. Ela é apresentada
vestida de sol, isto é, de Deus e com a lua sob seus pés, significando ser
possuidora de eternidade. A coroa de doze estrelas (doze é o número das tribos
de Israel e dos Apóstolos) que traz na cabeça a identifica como vitoriosa.
Quem é esta
mulher? Muitos logo a identificam com a Virgem Maria, dando à luz Jesus, mas
também pode ser identificada com a Igreja, de modo especial, com as comunidades
da época em que o livro do Apocalipse foi escrito.
O Dragão
simboliza o quê? Ele significa as forças do mal que dificultam e, muitas vezes,
até impedem o testemunho dos cristãos, desvirtuando e pervertendo a estrutura
social e familiar, e desejando engolir aquilo que vai contra seus interesses de
morte. Mas ele é impotente. Só consegue arrastar um terço das estrelas. Seu
poder é limitado.
Maria, a serva
do Senhor, que vimos no Evangelho, é a Mulher que está totalmente identificada
com Deus e, por isso, aparece na 1ª leitura como a vencedora e protetora dos cristãos.
Identificando-se
com ela através do sim dado a Deus, as comunidades cristãs são verdadeiras
encarnações do Verbo, atuam no mundo como servos da Vida e lutando por ela,
destroem a morte e geram filhos para Deus.
A 2ª leitura,
tirada da 1ª Carta aos Coríntios, nos fala da ressurreição e do aniquilamento
das forças hostis ao Reino de Deus, da destruição da cultura da morte. A
reflexão de Paulo nos leva a concluir que a tarefa de Jesus Cristo só estará
completada quando ele vencer o Mal através de nossas ações. Daí, a necessidade
de nos deixarmos preencher pelo Senhor, sermos seus servos como Maria, para
que, em nós, através de nossa vida, Cristo complete sua Missão Redentora.
Nossa Senhora da
Glória nos remete ao êxito, à vitória de Cristo, que destruiu o pecado e a
morte, e quis se servir de nossa participação em sua redenção.
Sendo de Deus,
sendo de Cristo, sendo da Vida, estaremos com Ele e com Ele reinaremos
eternamente, no céu.
Pe. César
Augusto dos Santos SJ
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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