"Cristãos na Europa perderam o contato com suas raízes"
Cidade do
Vaticano (RV) – Foi publicada na manhã desta segunda-feira (29/08) a mensagem
enviada pelo Papa Francisco ao Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício
Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Ele participou de um
simpósio em Salonica, na Grécia, intitulado “A necessidade de re-evangelizar as
comunidades cristãs na Europa”, cujo objetivo é “favorecer o confronto
teológico e cultural entre católicos e ortodoxos”.
Encontro entre
católicos e ortodoxos
O encontro é
promovido pelo Instituto Franciscano de Espiritualidade da Universidade
Pontifícia Antonianum e pela Faculdade Teológica Ortodoxa da Universidade
Aristoteles de Salonica.
Em sua mensagem,
o Pontífice encoraja a realização deste Simpósio porque a seu ver, existe a
clara necessidade de uma nova obra de evangelização na Europa: “Muitas pessoas
batizadas não são conscientes do dom de fé que receberam e não participam da
vida da comunidade cristã porque perderam o contato com suas raízes cristãs”,
afirma o Papa.
Novos caminhos,
métodos e linguagens
Assim, Francisco
diz esperar que as reflexões propostas no Simpósio, com o intercâmbio entre os
estudiosos católicos e ortodoxos, contribuam para identificar novos caminhos,
métodos criativos e uma linguagem apropriada para levar o anúncio de Jesus
Cristo, em toda a sua beleza, ao homem contemporâneo.
A mensagem de
Bartolomeu
Por sua vez, o
Patriarca ecumênico Bartolomeu I também se manifestou, de Constantinopla,
enviando a sua saudação aos participantes.
Tenhamos consciência da nossa fé |
Para ele, a
falta de valores estáveis e saudáveis e a liberdade desenfreada do homem têm
conduzido a humanidade ao desespero: “Os recentes ataques terroristas são uma
demonstração do afastamento das tradições cristãs por parte dos cidadãos
europeus, que estão adotando novas teorias e costumes, completamente opostos à
lei de Deus”.
“Incapazes de
encontrar apoio espiritual, nossos irmãos se orientam para formas de
religiosidade inspiradas em hostilidades e ódios que certamente não preenchem o
seu vazio existencial”, prossegue Bartolomeu.
O mundo deposita
esperanças no Cristianismo
O Patriarca
sugere que “o amor pelo diálogo, pela resolução pacífica dos contrastes e pela
reconciliação une os cristãos. O futuro pertence a Cristo, à sua Igreja e à sua
teologia e por isso, devemos lutar para não desiludir as expectativas do mundo,
que deposita esperanças no Cristianismo, em busca de consolo”.
Consequentemente,
Bartolomeu encoraja os participantes do Simpósio, “que pode reforçar a unidade
da comunhão e transmitir uma mensagem de fé, esperança e reconciliação a este
mundo fragmentado”. (CM)
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Igreja recorda os 10 anos da morte do "santo" das favelas
Cidade do
Vaticano (RV) – Um homem contemplativo nas ações, doce e simples. A vida
pastoral de Dom Luciano foi sempre dedicada aos excluídos, os últimos da
sociedade.
Com um
particular carinho pelos meninos de rua o jesuíta sempre dizia, "tornei-me
bispo para seguir os pobres".
No dia da sua
morte, 27 de agosto de 2006, o Cardeal Carlo Maria Martini o definira com essas
palavras:
"Era
verdadeiramente um santo, um homem que viveu a caridade heroica, sem nunca pensar
em si mesmo, sempre pensando nos outros".
O
"santo" das favelas
Dom Luciano Mendes |
Dom Luciano
Mendes de Almeida (1930-2006) foi Arcebispo de Mariana, no Estado de Minas
Gerais e líder carismático durante alguns mandatos na Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), como Primeiro-secretário (1979-1987) e, depois, como
Presidente (1987-1995).
Dom Luciano
ainda é lembrado por seu papel crucial de mediação e na elaboração do documento
final da IV Conferência do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em
Santo Domingo em 1992.
A partir de
2011, impulsionanda pelo episcopado brasileiro, foi aberta a causa de
beatificação de Dom Luciano, líder da Igreja latino-americana, em muitos
aspectos semelhante a Dom Hélder Câmara, de quem ele era um amigo próximo.
"Ele
veio como um jovem rico e saiu como um jovem pobre"
Luciano
Mendes de Almeida nasceu em 5 de outubro de 1930 no Rio de Janeiro em uma
família nobre e rica.
Aos 17 anos,
entrou na Companhia de Jesus e foi durante a sua primeira experiência com os
Exercícios Espirituais que se manifestaram as características mais salientes da
sua futura vocação.
"Ele
veio como um jovem rico - conta José Carlos Brandi Aleixo, colega de
estudos de Dom Luciano - e saiu como um jovem pobre".
Um sacerdote
entre Martini e Bergoglio
Em 1958 foi
ordenado sacerdote. Na Universidade Gregoriana em Roma, obteve o Doutorado em
Filosofia com a tese: "A imperfeição intelectual do espírito humano.
Introdução à uma teoria sobre o conhecimento do outro".
Porém, os
pobres sempre interpelaram a consciência de futuro professor, apaixonado pela
mística de São João da Cruz.
Em 1973, foi
nomeado Delegado Interprovincial dos Jesuítas no Brasil e, no ano seguinte,
participou da XXXII Congregação Geral da Companhia de Jesus em Roma,
junto com Bergoglio e Martini.
O desafio de
uma grande metrópole
Em 1976, por
sugestão do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, o Papa Paolo VI o nomeou bispo
auxiliar de São Paulo.
Do Luciano
dedicou o seu tempo para ajudar as crianças de rua e pessoas pobres das
favelas. Foi responsável pelas mais importantes intuições na arquidiocese de
São Paulo para uma "pastoral do menor" autêntica.
"A
criança não é um problema – esse foi seu lema – o mais jovem é a solução."
Uma campanha
e ação em favor das crianças impulsiona pelo UNICEF em 1986, rendeu a Dom
Luciano o prêmio "Criança e Paz".
Com ele
também nasceu a primeira rede de televisão católica no Brasil, a Rede Vida.
Como Bispo
auxiliar da cidade de São Paulo, em nome do Episcopado brasileiro participou em
março de 1980 do funeral do Arcebispo Oscar Arnulfo Romero, em El Salvador.
Um Arsenal de
Esperança
Em 1988, de
uma amizade nasce uma parceria com Ernesto Olivero, fundador do Sermig, uma
associação nascida em Turim para promover a justiça e o desenvolvimento do
mundo com a participação e protagonismo dos jovens.
E graças a
essa amizade, se fez possível o nascimento do Arsenal da
Esperança em São Paulo, uma casa na qual os moradores de rua, pessoas
com necessidades, dificuldades financeiras encontram abrigo e assistência. E
muito além disso, encontram dignidade, afeto e acolhida.
A caminho dos
altares
Desde então,
começou o seu longo calvário, vivido no silêncio e na simpatia pelos mais
pobres. Poucos meses antes da sua partida, o homem da caridade, como o definiu
o seu sucessor em Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio da Rocha, foi premiado com um
doutorado Honoris Causa pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de
Belo Horizonte(FAJE):
"Para
ele, teria sido o título mais apropriado - foi o comentário do grande teólogo
João Batista Libânio -, causa magister amoris, isto é, mestre intelectual e
espiritual, do amor e serviço. Ele era realmente para nós um professor da
Igreja e da vida, especialmente dos pobres".
Em 2014, a
Arquidiocese de Mariana-MG abriu oficialmente o processo de beatificação e
canonização de seu ex-arcebispo. Em carta, a Congregação para a Causa dos
Santos informou que “por parte da Santa Sé, não há nada que impeça para que se
inicie a Causa de Beatificação e Canonização de Dom Luciano Pedro Mendes de
Almeida”. (Avvenire-VM)
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Fonte: radiovaticana.va
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